A partir da noção de resistência cultural, a exposição reúne um conjunto de obras de arte entre desenhos, pinturas, gravuras, manuscritos, registros audiovisuais, fotolitos, instalações, objetos artesanais, sites interativos, podcasts, fotografias e publicações dos acervos da universidade, sob cinco núcleos temáticos: Módulo Institucional, Tenacidade – O sertão das gerais, Resistência – O Vale do Jequitinhonha, Consciência – Raízes africanas e Diversidade – luta e utopia dos povos originários, Essa exposição é uma iniciativa conjunta da Pró-Reitoria de Cultura da UFMG, por meio do Centro Cultural UFMG e da Biblioteca Universitária da UFMG, que propõem um trânsito por essas culturas das margens através das visualidades, oralidades, musicalidades, religiosidades, ritos, memórias, sentimentos e registros bibliográficos.

Curadoria: Fabrício Fernandino
Curadoria adjunta: Mateus Souza
Visitação: Segunda a sexta, das 8h às 18h
Local: Saguão da Reitoria da UFMG

Confira os módulos:
Tenacidade – O sertão das gerais | Curadora: Sibelle Cornélio Diniz
Idealizada entre 2020 e 2021, em tempos de pandemia, o Espaço do Conhecimento UFMG realizou a exposição Sertão Mundo, que trouxe para o público um pouco desse sertão histórico, situado no coração do Brasil e no de Guimarães Rosa. Foi a primeira mostra totalmente virtual do Espaço do Conhecimento UFMG, que agora ganha materialidade realçando a força de resistência que significam as manifestações culturais apresentadas em Sertão Mundo.

Resistência – O Vale do Jequitinhonha | Curadora: Maria das Dores Pimentel Nogueira
Este núcleo temático se propõe a mostrar um pouco da arte universal do Vale do Jequitinhonha, com a presença de mestres de ofício e representantes da nova geração de artesãos, herdeiros dos saberes tradicionais desse território. Parte da diversidade do artesanato da região, como cerâmica, fiação, tecelagem, madeira, bordado, trançado, pintura e outras artes constituem este módulo.

Consciência – Raízes africanas | Curadora: Sônia Queiroz
Uma pequena mostra das artes contemporâneas que trazem para o presente formas, cosmovisões, cores e sons ancestrais é apresentada neste módulo. O artista plástico Jorge dos Anjos, os poetas Adão Ventura e Ricardo Aleixo, a poeta e ensaísta Leda Martins e o artista sonoro Marco Scarassatti representam vários outros artistas brasileiros. As produções que a Editora UFMG e o Laboratório de Edição da Faculdade de Letras têm publicado no campo dos estudos sobre as culturas africanas e afro-brasileiras também compõem este núcleo temático.

Diversidade – luta e utopia dos povos originários | Curador: Guilherme Trielli
Este módulo apresenta, por meio de uma instalação artística, a presença da diversidade no Acervo Indígena da UFMG, cujo arcabouço se constitui por um conjunto de documentos e obras produzidas prioritariamente por autores e editores indígenas do Brasil e da América Latina.

A história dos povos indígenas brasileiros não é uma só. Tão grande quanto um continente, nosso país abriga populações plurais, com costumes e tradições diversas. Na exposição Mundos Indígenas, aberta pelo Espaço do Conhecimento UFMG em dezembro de 2019, curadoras e curadores indígenas de cinco povos – Yanomami, Ye’kwana, Xakriabá, Tikmῦ’ῦn (Maxakali) e Pataxoop – nos convidam a conhecer seus mundos. Mundos que criam e envolvem existências humanas e outras – como plantas, animais e espíritos – com quem convivem efetivamente. Em comum, mostram respeito e amor à Terra.

Coordenação: Ana Maria R. Gomes, Deborah Lima, Mariana Oliveira e Tainah Leite.

Curadoria:
Në Ropë – Davi Kopenawa, principal liderança Yanomami, é xamã, escritor e presidente da Hutukara Associação Yanomami. Nasceu por volta de 1956, na aldeia Marakana, Roraima. Iniciou sua luta em defesa da terra-floresta Yanomami depois de uma invasão de 40.000 garimpeiros. Sua luta resultou na demarcação da Terra Indígena Yanomami em 1992. Com prêmios nacionais e internacionais, sempre alinhando conhecimento xamânico à luta política, em 2010 lançou o livro A Queda do Céu em coautoria com o antropólogo Bruce Albert.

Joseca Yanomami – renomado artista Yanomami. Nasceu por volta de 1971, em Uxi u, e mora na aldeia Watoriki, Terra Yanomami. Começou a desenhar no final dos anos 1990 e tem como inspiração o xamanismo, a mitologia, o ritual e o cotidiano Yanomami. Já expôs no Brasil e no exterior, a convite de Bruce Albert, em várias exposições: Fondation Cartier pour l'Art Contemporain (Paris); Yanomami, L'esprit de la forêt (2003); Histoire de voir (2012) e Nous les arbres (2019).

Weichӧ – Júlio David Magalhães nasceu em Fuduwaaduinha, no Rio Auaris, e vive, hoje, em Kudataanha. É, hoje, uma das lideranças jovens de seu povo, ocupando a presidência da Associação Wanaseduume Ye'kwana, fundada em 2006 para representar o povo Ye'kwana no Brasil. Graduado em Gestão Territorial pela Universidade Federal de Roraima, desenvolve o trabalho de registro audiovisual do conhecimento tradicional.

Viviane Cajusuanaima Rocha – nasceu em Fuduwaaduinha, no Rio Auaris. Graduada em Licenciatura Intercultural pela Universidade Federal de Roraima, é professora na escola de sua comunidade e, atualmente, cursa o Mestrado em Antropologia na UFMG. Pesquisadora do conhecimento tradicional Ye'kwana, especialmente junto às sábias Ye'kwana, foi bolsista do Observatório da Educação Escolar Indígena da UFMG.

Corpo-Território – Vicente Xakriabá é pajé da rama dos troncos velhos, descendente de uma família com ciência, sabedoria dada aos raizeiros, benzedeiros, parteiras, curadores e pajés através de estreita relação entre gente, bicho, encantos e corpo-território.

Edvaldo Xakriabá – professor de cultura, tendo sido um dos primeiros a se formar como professor indígena. Teve sua vivência pautada pelo fortalecimento cultural de seu povo e foi o idealizador do projeto "Casa de Cultura Xakriabá".

Célia Xakriabá – doutoranda em Antropologia Social na UFMG. Participa, desde os 13 anos, das lutas dos povos indígenas, dentro e fora da comunidade. Como ela diz, sua escola é a ciência do território: “Quem tem território tem lugar aonde voltar, tem mãe; e quem tem mãe tem colo e tem cura”.

Yãy hã mĩy – Isael Maxakali e Sueli Maxakali nasceram em Água Boa (Santa Helena de Minas/MG), onde cresceram cantando, comendo e dançando com os yãmĩyxop. Hoje, são professores e duas importantes lideranças da Aldeia Verde (Ladainha/MG), onde vivem e trabalham. Juntos, realizaram, nos últimos anos, uma série de filmes que retratam o cotidiano ritual da aldeia em que vivem.

O Grande Tempo das Águas – Kanatyo Pataxoop e Liça Pataxoop
Somos de um tronco tradicional de sete povos, dos quais só restaram dois: Pataxoop e Maxakali. Nós, mais velhos, viemos do sul da Bahia e, hoje, vivemos na Aldeia Muã Mimatxi, no município de Itapecerica (MG). Vivemos próximos ao meio urbano, mas com a tradição, em uma terra que já foi de indihi. Queremos aprender o português e usar a tecnologia para falar do nosso mundo. Usar a escrita a nosso favor, para mostrar como somos de verdade. Nós, tihi, precisamos ensinar para o indihi, o não indígena, como é ser índio.

Visitação: terça a domingo, das 10h às 17h. Sábado, das 10h às 21h.
Local: Espaço do Conhecimento UFMG

Exposição de cartas, manuscritos e publicações da escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol (1931/2008) trocadas com a professora da UFMG, escritora e curadora da exposição Lucia Castello Branco e seus alunos, ao longo de anos de convívio poético e literário. Essas cartas e documentos abordam questões relativas à escrita, à psicanálise, à educação, aos textos de Llansol e Lucia, em particular, e à vida, em geral, ou ao “vivo”, como Llansol o nomeou.

Curadoria:
Lucia Castello Branco – escritora, psicanalista, professora permanente do Programa de Pós-graduação em Letras da UFMG e professora visitante do Programa de Pós-graduação em Literatura e Cultura da Universidade Federal da Bahia. Pesquisadora do CNPq desde 1991 e legente de Maria Gabriela Llansol desde 1992.

Angela Castelo Branco – poeta e arte educadora. Doutora em Artes pelo Instituto de Artes da Unesp. Fundadora d’A Casa Tombada – Lugar de Arte, Cultura, Educação. Criadora do curso de Pós-graduação Gestos de Escrita como prática de risco. Desde 2011, realiza projetos de arte-educação entre a literatura e as artes visuais.

Abertura: 20 de julho, às 19h
Visitação: até 20 de agosto de 2023
Local: Sala Ana Horta do Centro Cultural UFMG
Horário de funcionamento: terça a sexta, das 09h às 20h. Sábado, domingo e feriado, das 9h às 17h

A exposição flerta com a herança construtivista e seus desdobramentos. Não pretende evocar o programa construtivista brasileiro, não há desejo de propor significações para sua continuidade, mas ampliar os meios de acesso à obra pela forma, com outros modos de ordenar o espaço visual e a geometria sensibilizada pela vida. A ideia do trabalho é a noção de alerta e a percepção aguçada do tempo, rememorando pistas, rastros e restos da vida cotidiana. Ao utilizar filtros de ar-condicionado de carros evoca-se a relação estreita com o ar da cidade, o ar que respiramos.

Artista:
Shirley Paes Leme (Cachoeira Dourada MG/GO) em 1978, graduou-se pela Universidade Federal de Minas Gerais. Recebeu bolsa de estudos da Fulbright Foundation de 1983 a 1986. Participou de exposições coletivas: XV Bienal de Lausanne, 1993; VII Bienal da Polônia, 1995; “Die Anderen Modernen”, Casa das Culturas do Mundo, Berlim, 1997; II Bienal do Mercosul, Porto Alegre, 1999; em 2000 expôs na VII Bienal de La Habana, Cuba; Bienal de São Paulo – 50 anos, São Paulo; “Século XX: Arte do Brasil” e Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal. “Côte à Côte – Art Contemporain du Brésil”, Musée d'Art Contemporain de Bourdeaux, França, 2001; I Bienal del aire livre, Caracas, 2005; I Bienal do Fim do Mundo, Ushuaia, Argentina, 2007; X Bienal do Mercosul, 2015; I Bienal Sur, Buenos Aires, Argentina, 2017. Nosso Mundo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil, 2023.

Curadoria:
Paula Borghi – curadora e doutoranda bolsista pelo CNPq. Em sua pesquisa, destacam-se projetos que estendem a prática artística à política. Sua atuação curatorial se dedica sobretudo ao diálogo com artistas mulheres. Sua trajetória é marcada por projetos curatoriais destinados a residências artísticas.

Abertura: 20 de julho, às 19h
Visitação: até 13 de agosto de 2023
Local: Grande Galeria do Centro Cultural UFMG
Horário de funcionamento: terça a sexta, das 09h às 20h. Sábado, domingo e feriado, das 9h às 17h.

Exibição de fotografias autorais, do artista Edgar Kanaykõ, que trazem o olhar indígena para a universidade e para os espaços de arte da cidade. As obras se baseiam em registros fotográficos da sua comunidade e de outros povos, assim como de manifestações do movimento indígena no país.

Artista:
Edgar Kanaykõ Xakriabá – mestre em Antropologia pela UFMG, tem atuação livre na área de etnofotografia, considerada como “um meio de registrar o aspecto da cultura – a vida de um povo”. Por suas lentes, a fotografia torna-se uma nova “ferramenta de luta”, possibilitando ao espectador ver com outro olhar aquilo que um povo indígena é.

Abertura: 20 de julho, às 19h
Visitação: até 20 de agosto de 2023
Local: Sala Celso Renato de Lima do Centro Cultural UFMG
Horário de funcionamento: terça a sexta, das 09h às 20h. Sábado, domingo e feriado, das 9h às 17h.