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Nº 1368 - Ano 28 - 26.09.2002

Para debaixo do tapete?

Dissertação da Escola de Engenharia pesquisa tipo de lixo produzido pela UFMG e destino dado aos rejeitos

Juliano Paiva*

problema é antigo. Ano após ano, campanhas publicitárias, simpósios e até personagens como Sujismundo (aquele do governo militar, lembra-se?) alertam para os perigos do lixo. Apesar do alarido, os rejeitos ainda são grave problema, que afeta os mais diversos campos sociais.

Pensando nisso e com o objetivo de fazer um levantamento qualitativo dos rejeitos sólidos produzidos em uma grande instituição, a aluna Patrícia Maura Guimarães desenvolveu a dissertação Resíduos sólidos gerados em instituições de ensino superior: um estudo para a Universidade Federal de Minas Gerais. A pesquisa evidencia os tipos de resíduos sólidos gerados na UFMG e o destino que a Universidade dá a eles. "Não trabalhei com números, procurei esclarecer o que se faz com os resíduos da UFMG", explica Patrícia. Patrícia ressalta ainda que, como a Instituição atua em todas as áreas de conhecimento, tem lixo extremamente diversificado.

De acordo com a pesquisadora, o lixo da UFMG pode ser classificado em quatro tipos: comuns, radioativos, biológicos e químicos. Os resíduos comuns são compostos de papel, vidro, plástico, metal, isopor e entulho da construção civil. Para melhorar o tratamento dispensado a esse tipo de lixo, Patrícia sugere a implantação de projetos de educação ambiental junto à comunidade acadêmica. "Porque esse é o tipo de rejeito sobre o qual a população tem maior responsabilidade", afirma a pesquisadora, para quem as iniciativas existentes são pontuais, como as campanhas de reciclagem. "O ideal seria que se preparasse uma equipe ambiental forte que representasse os setores da UFMG, havendo o comprometimento dos vários níveis administrativos", opina. De acordo com Patrícia, uma boa iniciativa presente na Universidade é o grupo Geresol, ligado à Pró-Reitoria de Extensão. "Ele foi o responsável pela instalação dos coletores seletivos", lembra.

Qualquer material contaminado pela radiação, como órgãos humanos que foram submetidos a tratamentos em hospitais, integra o chamado lixo radioativo. Nessa categoria, o problema, na UFMG, está relacionado ao armazenamento, conforme a pesquisa. "Em algumas unidades, o condicionamento e o manuseio não são adequados", frisa Patrícia Guimarães, recomendando que todo o processo siga as normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear. "Isso ainda não é feito", adverte.

Para Patrícia, quando o assunto é resíduo biológico (peças anatômicas humanas e de animais) os cuidados devem começar pelo manuseio. "Principalmente por parte do pessoal da limpeza", aponta Patrícia. Ela propõe ainda a criação de locais para armazenamento intermediário, dentro das próprias unidades. "Seriam salas onde os resíduos ficariam estocados até a coleta diária feita na Universidade". Com isso, a pesquisadora espera evitar o contato das pessoas com o lixo nas áreas de grande circulação.

Patrícia Guimarães diz que o maior problema da Universidade, quanto a lixo, são os químicos. Para ela, o que mais preocupa é a destinação que eles recebem. "Os produtos são jogados na pia, na rede de esgoto e até no lixo comum. Além disso, alguns são estocados sem etiqueta". Segundo Patrícia, o primeiro passo seria identificar todo resíduo químico gerado. A partir disso, os produtos seriam encaminhados para tratamento adequado.

Além destes quatro tipos de resíduos sólidos, há também as pilhas e as lâmpadas fluorescentes que são materiais compostos por vários tipos de resíduos.

* Colaborou Carla Maia
Universidade já estuda
soluções para
o problema

A Pró-Reitoria de Administração, juntamente com os departamentos de Serviços Gerais (DSG), e de Planejamento Físico e Obras (DPFO) e o grupo Geresol, já iniciou discussões para avaliar e desenvolver medidas para melhorar o gerenciamento do lixo produzido na UFMG.

"A intenção é realizar um levantamento qualitativo e quantitativo do lixo, para só então adotarmos medidas apropriadas para cada caso, de acordo com o tipo de resíduo e quantidade produzida", declara Maria de Lourdes Moreira Braga, diretora da Divisão de Serviços Comunitários do DSG. Segundo ela, o controle do lixo é complexo, pois envolve diversas áreas da Universidade. "Ainda não conseguimos definir se o gerenciamento deve ficar a cargo do DSG ou do DPFO. Estudamos, inclusive, a possibilidade de criar um departamento destinado apenas ao controle do lixo", afirma.

Embora as medidas ainda estejam em fase de elaboração e discussão, a diretora adianta que uma das propostas é designar especialistas para coordenar o gerenciamento do lixo das unidades. Dessa forma, o lixo biológico, por exemplo, que se concentra no ICB, ficaria sob supervisão de um especialista na área. O mesmo procedimento seria adotado para os lixos químicos, radioativos e comuns. Haveria, ainda, um técnico responsável pela coordenação de todas as áreas.

Maria de Lourdes não descarta também a possibilidade de contratação de uma consultoria especializada, que ajudasse no levantamento quantitativo e qualitativo e na proposição de soluções. Segundo ela, uma nova lei dos resíduos sólidos está para ser aprovada pelo governo, o que faz com que essas mudanças adquiram caráter de urgência. "Estamos verdadeiramente empenhados nisso, para resolvermos as nossas deficiências o mais rápido possível", assegura.

 

Dissertação: Resíduos sólidos gerados em instituições de ensino superior: um estudo para a Universidade Federal de Minas Gerais
Autora: Patrícia Maura Guimarães
Orientadora: Professora Liséte Celina Lange
Departamento: Engenharia Sanitária e Ambiental