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O olhar europeu sobre o Novo Mundo
Tese de professor da Fale investiga a forma como viajantes estrangeiros enxergavam o Brasil colonial
Maurício Guilherme Silva Júnior
os
séculos 18 e 19, muitos viajantes estrangeiros estiveram no
Brasil. Cada um percebeu e descreveu o Novo Mundo de forma particular. Hoje,
tais relatos de viagem representam importantes fontes de informação
histórica para estudiosos da realidade brasileira. Ciente da relevância
desses escritos, o professor Günther Augustin, da Faculdade de Letras,
buscou analisar e comparar os "diários de bordo" de três
dos mais importantes naturalistas europeus que aqui estiveram: Eschwege, Spix
e Martius (veja boxe). A análise das impressões dos autores
culminou com a tese de doutorado de Augustin, defendida em março de
2003, junto ao programa de pós-graduação em Estudos Literários,
da Fale.
"Nos relatos de viagem, procuro ver a história como formadora cultural. A partir daí, tento compreender como o europeu enxergava o Novo Mundo", esclarece Günther Augustin. A idéia de estudar o olhar estrangeiro sobre o Brasil e as noções de interculturalidade na literatura de viagem dos três autores surgiu de uma tradução realizada pelo professor, a pedido da Fundação João Pinheiro.
Daí nasceu a vontade de comparar a obra dos três naturalistas e compreender como os europeus percebiam uma realidade diferente. "Meu trabalho baseia-se na percepção dos estrangeiros sobre o mundo. E também da textualização surgida a partir de tais impressões", conta Augustin. "Nesse contato, os olhares se modificam. Além disso, a percepção de si e do outro se relativiza. É isso que chamo de encontros interculturais", explica.
O estudo de Augustin torna-se ainda mais rico devido à própria trajetória do pesquisador. Alemão radicado no Brasil há vários anos, o professor sabe bem o que é encontrar e conviver com uma nova realidade cultural. Ao se debruçar sobre a obra dos três naturalistas alemães, pôde perceber com clareza a visão colonizadora dos viajantes, que aportaram em terras brasileiras cheios de noções preconcebidas. "Sabendo disso, minha intenção como pesquisador foi a de promover a leitura de textos coloniais do ponto de vista pós-colonial", afirma.
Metodologia
O pesquisador analisou três volumes de Spix e Martius, além de Frei Apolônio, apenas de Martius, e os dois principais relatos de viagem de Eschwege: Brasil, Novo Mundo e Jornal do Brasil. Nos escritos, Augustin identificou uma série de discursos, dentro dos quais o ofício dos autores se modifica. Há o naturalista, o cientista, o economista, o sentimentalista, o romancista, o filósofo, o crítico e o moralista. Curiosamente, Martius chegou até mesmo a escrever um romance ambientado na Amazônia. "O importante é perceber a forma como os relatos instalaram-se na memória cultural do brasileiro, pois eles são as principais fontes de informação do período. E fazem parte do cânone cultural do país", afirma.
Neste ponto, o pesquisador explica que, como todo cânone resulta das reações de seu tempo, os relatos também são sujeitos a questionamentos atuais. "Pergunto até que ponto os valores dos discursos devem ser cultivados ou questionados", resume Günther Augustin.
Os naturalistas
Eschwege - Geólogo de formação, o cientista alemão esteve no Brasil, entre 1810 e 1820, com o intuito de realizar trabalhos para a corte portuguesa. Visitou regiões do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Bastante críticos, seus relatos foram influenciados, de certa forma, pelo criticismo do filósofo Immanuel Kant.
Spix e Martius - Os dois alemães fizeram uma única expedição ao Brasil, a científica austro-bávara, entre 1817 e 1820. Spix era zoólogo, e Martius, botânico. Os dois acreditavam piamente no tripé Burguesia-Estado-Igreja. |
Tese: Viagens pelo mundo - olhar europeu e interculturalidade
na literatura de viagem de Eschwege, Spix e Martius
Autor: Günther Augustin
Defesa: dia 13 de março, junto ao programa de pós-graduação
em Estudos Literários da Faculdade de Letras
Orientadora: Maria Zilda Ferreira Cury