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Nº 1406 - Ano 29 - 28.08.2003

 

Dublê substitui operador na instalação de sinalizadores de linhas de transmissão

Robô desenvolvido pela UFMG é alternativa a método caro e que põe em risco a segurança de trabalhadores

Pedro Marra

ma equipe de professores dos departamentos de Ciência da Com
putação (DCC), do ICEx, e Engenharia Mecânica, da Escola de Engenharia, desenvolveu protótipo inédito de robô semi-autônomo para instalação e remoção de esferas sinalizadoras de linhas de transmissão de energia. O projeto foi desenvolvido em parceria com a Cemig entre os anos de 2001 e 2002.

Um dos coordenadores da pesquisa, o professor Mário Fernando Montenegro Campos, do DCC, explica que a pesquisa foi motivada pela necessidade de "retirar o homem da linha", já que o método mais utilizado para a instalação dos sinalizadores é muito arriscado e pode causar graves acidentes.

Pelo sistema usual de execução do serviço, um eletricista é posicionado na parte externa de um helicóptero. "A aeronave paira a poucos metros de uma linha de transmissão energizada com tensões altíssimas. Um acidente pode matar os operadores, além de suspender o fornecimento de energia por muito tempo", detalha o professor Campos.

Além disso, o método não-robotizado é muito caro, pois demanda decolagem e aterrissagem do helicóptero para cada sinalizador instalado. "Pelo método convencional, a instalação de cada esfera custa cerca de 700 dólares. Com o robô, estimamos que o custo do serviço caia para cem dólares", calcula o pesquisador.

Tecnologia de ponta

Além da vantagem de reduzir riscos e custos no processo de instalação de sinalizadores, o robô, que mede cerca de 80 centímetros de comprimento por 40 de altura, ainda traz diversas vantagens à realização do trabalho. O protótipo foi desenvolvido com tecnologia de ponta, a mesma utilizada na sonda Sojourner, enviada a Marte para realizar pesquisa de prospecção e exploração. Isso permite ao dispositivo não só realizar a instalação, mas também inspecionar, monitorar e manter as esferas sinalizadoras. O equipamento pode, ainda, ser conectado a um notebook que armazena os acontecimentos e erros que venham a ocorrer durante a tarefa. Enquanto isso, o operador acompanha os "passos" do robô por meio de controle remoto.

O projeto foi financiado com recursos da Cemig , que ainda cedeu dois consultores para realização da pesquisa. Toda a parte de automação e programação do protótipo foi realizada pelos laboratórios de Visão Computacional e Robótica, do DCC, e de Robótica e Soldagem Subaquática, do departamento de Engenharia Mecânica. Já a parte mecânica ficou a cargo da equipe coordenada pelo professor Alexandre Bracarense, da Engenharia Mecânica. "A pesquisa foi publicada em periódicos e conferências nacionais e internacionais, gerou o depósito de duas patentes, a do robô e a da esfera adaptada, e já existem empresas no setor de transmissão e distribuição de energia interessadas em comercializar o robô", afirma Mário Campos, ao enumerar os benefícios gerados pela pesquisa. O protótipo conquistou o segundo lugar no Prêmio Sebrae em 2002.

 

Entenda o funcionamento

1- O robô e a esfera sinalizadora são instalados na linha de transmissão por operadores.

2- Um operador monitora o robô por controle remoto.

3- O robô prende a esfera por meio de uma garra e a posiciona em seu local de instalação.

4- A ferramenta gira uma espécie de parafuso da esfera, permitindo que esta se feche ou se abra.

5- Após a instalação, o robô volta à torre, onde estão operadores, sendo retirado em seguida.

O robô é equipado com diversos sensores que permitem detectar a presença e o posicionamento da esfera; o status de instalação e detecção e o diagnóstico de falhas no processo.

Projeto: Robô semi-autônomo para instalação e remoção de dispositivos de sinalização aérea em linhas de transmissão
Unidades: departamentos de Ciência da Computação (ICEx) e de Engenharia Mecânica (Escola de Engenharia)
Equipe: Mário Fernando Montenegro Campos, Guilherme Augusto Silva Pereira, Samuel Ribeiro da Costa Vale, do DCC; Alexandre Queiroz Bracarense, Gustavo Alves Pinheiro e Maurício Paiva de Oliveira, do departamento de Engenharia Mecânica; Luís Sérgio do Carmo e Luís Carlos Sperandio Nogueira (consultores da Cemig)