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Nº 1469 - Ano 31 - 20.1.2005

O monólogo das organizações

Dissertação de mestrado critica simulação de diálogo livre praticada pelas revistas empresariais

Murilo Gontijo



Maria do Rozário: publicações fechadas

odos os anos, instituições dos mais variados ramos gastam milhões de reais em políticas de comunicação que buscam consolidar o diálogo com seus diversos públicos. O dinheiro continuará a ser gasto, mas a conversa vai ficar para depois. “Apesar de legítimas, as revistas institucionais são monolíticas, apenas simulam um diálogo livre”, critica Maria do Rozário Starling de Barros, que acaba de defender dissertação de mestrado em Lingüística na Faculdade de Letras.

Ela diz que as publicações internas são fechadas e que o funcionário não se arrisca em críticas. “Ele simplesmente aparece para reforçar as políticas já definidas pela empresa. Sua fala é de corroboração”, ressalta a pesquisadora. O estudo mostra que o empregado apenas simula um diálogo livre. “Comparando-se com as revistas de ampla circulação, a construção discursiva é bastante diferente. Enquanto as internas fecham o debate, as outras procuram abrir”.

Para concluir que as publicações são incapazes de estabelecer interlocução, a pesquisadora analisou quatro revistas de empresas: de um supermercado, de uma companhia telefônica, de um banco e de uma mineradora. “Todas elas acenam com promessas, como a manutenção do emprego e políticas salariais condizentes, buscando cooptar o leitor para as metas da empresa”, analisa.

Maria do Rozário diz que a pauta das revistas é bastante restrita. “O mundo que existe é o da empresa e seus valores”, afirma. Segundo a pesquisadora, há um tom ufanista nas mensagens veiculadas nos periódicos. “A idéia é de que a companhia de sucesso gera funcionários igualmente bem-sucedidos, algo como: ´nós crescemos e você é o beneficiado´”, afirma, ressaltando que algumas empresas tratam o funcionário pelo eufemismo de colaborador.

Base teórica

A pesquisadora lembra que seu estudo tem um pé na lingüística e outro nos campos da sociologia, história e filosofia. “É uma pesquisa de ancoragem sociolingüística”, define. Foi essa característica que fez Maria do Rozário buscar as origens do modelo de comunicação empresarial da atualidade. Segundo ela, a gênese está nas transformações impostas ao mundo do trabalho pela crise do petróleo de 1973. A partir daí, surgiram novas teorias para gerenciar o trabalho, que passou a ser desenvolvido em equipe, de maneira mais democrática e com o apoio da comunicação. “Surgiu o conceito de endomarketing, cuja estratégia é definir o funcionário como cliente. O trabalhador passa a ser co-responsável pela empresa”, explica Maria do Rozário.

Nessa perspectiva, apesar de teoricamente dirigida aos trabalhadores, as revistas, na realidade, destinam-se ao consumidor, contatado por intermédio do funcionário. “Ele é uma ponte entre os valores da empresa e o cliente externo, espremendo-se entre essas duas estruturas e sofrendo pressão de ambos os lados”.

Dissertação: A dimensão comunicativa das práticas sociais no mundo do trabalho: uma análise textual-discursiva de revista de circulação interna em empresas de comércio, indústria e serviço
Autora: Maria do Rozário Starling de Barros
Orientadora: Regina Lúcia Péret Dell´Isola
Programa: Pós-graduação em Lingüística da Faculdade de Letras

Calouros da UFMG poderão preencher
ficha de registro acadêmico na Internet

Os candidatos aprovados no Vestibular 2005 da UFMG contarão com uma novidade para efetuar seu ingresso na Universidade. O Departamento de Registro e Controle Acadêmico (DRCA), com apoio do Centro de Computação (Cecom), desenvolveu sistema que permitirá o preenchimendo da ficha de registro acadêmico, pelo calouro, através da Internet. O novo mecanismo facilitará todo o processo.

No momento em que os futuros estudantes da Instituição se dirigirem ao campus para apresentação dos documentos exigidos pela UFMG, os dados cadastrais já estarão disponíveis para a conferência necessária à confirmação do registro. Além disso, a guia de arrecadação da contribuição ao fundo de bolsas também poderá ser obtida eletronicamente.

Antes, o aluno recebia a ficha de registro acadêmico em casa e a trazia preenchida. Só aí o processo era efetivado. A partir de agora, a confirmação do registro será feita mediante comparecimento obrigatório do calouro ao DRCA e apresentação dos documentos exigidos. As datas para o registro de cada curso, previamente definidas, estão no próprio edital do Vestibular 2005.
O novo sistema representa muito mais agilidade e segurança em todo o processo: “Não teremos que incluir nada manualmente. Assim que o estudante preencher a ficha on-line, terá seu registro instantaneamente disponibilizado no sistema acadêmico”, ressalta Ana Lúcia Diniz, diretora do DRCA. Mais informações sobre o registro eletrônico, a partir do dia 4 de fevereiro, na página da UFMG: www.ufmg.br.