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Nº 1479 - Ano 31 - 14.4.2005

UFMG transfere tecnologia de diagnóstico da anemia eqüina

Baseado no método Elisa, teste é mais sensível, rápido e eficaz que o disponível no mercado

Andréa Hespanha


reitora Ana Lúcia Gazolla assinou, no último dia 6, contrato de transferência de tecnologia com a empresa Viriontech do Brasil . O acordo envolve quatro patentes da área de biotecnologia para produção e comercialização de kits de diagnóstico para anemia infecciosa eqüina. A cerimônia foi realizada durante a abertura do Seminário Universidade/Indústria: transformando biotecnologia em bionegócios.


Ana Lúcia assinou o contrato
Foto: Foca Lisboa

As pesquisas que resultaram nas patentes foram desenvolvidas pelos professores Paulo Peregrino e Erna Kroon, do Departamento de Microbiologia do ICB, e Rômulo Cerqueira Leite, da Escola de Veterinária. Segundo a professora Erna Kroon, a tecnologia desenvolvida pela equipe para o diagnóstico da doença é baseada no método Elisa, mais sensível, rápido e eficaz que o utilizado hoje, o de imunodifusão. A anemia infecciosa eqüina enfraquece os animais, principalmente os cavalos atletas. "Esse teste detecta precocemente a existência do vírus no organismo do cavalo, diminuindo o risco de disseminação no rebanho", explica a pesquisadora.

Empreendedorismo

No Brasil, a Universidade destaca-se como a segunda instituição em número de patentes e contratos de transferência tecnológica. Ela está atrás apenas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Hoje, a UFMG possui 154 patentes registradas e 11contratos com empresas para transferência de tecnologia. Segundo o professor Sérgio Costa, diretor da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CT&IT), esses índices são conseqüência de política que busca divulgar a cultura de patenteamento entre os pesquisadores da Universidade e implantar um sistema mais eficaz de transferência tecnológica. "Buscamos promover parcerias com empresas e encurtar o processo burocrático para que mais contratos sejam firmados", diz Sérgio Costa.


Sérgio Costa: parcerias
Foto: Foca Lisboa

Antes de iniciar o processo de transferência, Costa ressalta que os projetos patenteados pela UFMG passam por análise de viabilidade comercial na CT&IT. "Também incentivamos pesquisadores com perfil empreendedor a criar suas próprias empresas, onde eles mesmos possam comercializar produtos com a tecnologia desenvolvida", aponta o professor.

A Viriontech, licenciada para utilizar a tecnologia do diagnóstico da anemia infecciosa eqüina no mercado, é um exemplo da chamada empresa de inventor. Em processo de formação e pré-incubada pela Fundação Biominas, a Viriontech é um empreendimento dos professores Paulo Peregrino, Cláudio Bonjardim, Erna Kroon e Romain Golgher, do ICB. Erna Kroon explica que o objetivo é funcionar como uma ponte, facilitando a chegada do produto ao mercado. A Viriontech produzirá o insumo, que será disponibilizado às empresas interessadas em comercializar o produto. "Percebemos que as empresas têm muita dificuldade em adaptar sua estrutura para chegar a um produto final a partir de tecnologia inovadora. A nossa idéia é que elas possam distribuir o produto sem precisar adquirir toda a tecnologia", revela a professora.

Seminário discute bionegócios

Aproximar pesquisadores de investidores da área de biotecnologia é uma necessidade para quem precisa transformar tecnologia em produto. E foi com esse objetivo que a UFMG realizou, nos dias 6 e 7 de abril, o seminário Universidade/Indústria: transformando biotecnologia em bionegócios . Durante o evento, foram apresentados sete projetos de pesquisa a empresas interessadas em oferecer ao mercado produtos com tecnologias inovadoras. Os participantes do seminário também assistiram a apresentações de casos de sucesso de empresas mineiras que investiram em bionegócios.

O diretor-presidente da Fundação Biominas, Eduardo Emrich Soares, traçou um panorama da biotecnologia no Estado. Segundo ele, Minas Gerais contava, em 2003, com quase um terço das 305 empresas do ramo existentes no país. A capital concentrava 70% delas. "Tornar a Região Metropolitana de Belo Horizonte um dos principais pólos de biotecnologia do mundo é uma das metas de empresários e instituições públicas que apostam na pesquisa e na transferência de tecnologia", declarou Eduardo Soares.

A reitora Ana Lúcia Gazolla comentou a importância da UFMG nesse quadro: "54% das pesquisas realizadas no Estado estão concentradas em nossa Universidade, onde temos mais de 900 doutores trabalhando no campo da biotecnologia", informou a reitora.

O evento foi promovido pela UFMG, Fundação Biominas, Instituto Euvaldo Lodi (Fiemg), Sebrae Minas, Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia (Abrabi) e Finep.

Legenda foto:
Emrich: pólo de biotecnologia
Foto: Foca Lisboa