Busca no site da UFMG

Nº 1547 - Ano 32
11.09.2006

O que se passa nessa cabeça?

Site divulga informações sobre o cérebro para leigos e iniciados

Manoella Oliveira

ara muitos, craniosinostose é apenas um“palavrão”. Para alguém que venha a receber esse diagnóstico, pode ser motivo de pânico. Pensando nesse tipo de paciente, Guilherme da Cunha Messias dos Santos, aluno do sexto ano de Medicina da UFMG, idealizou o Neurolab, site de divulgação de neurociência – ciência multidisciplinar que estuda o cérebro e seus fenômenos – para leigos. Após três anos de dedicação, o site foi ao ar em caráter experimental há seis meses, e finalizado em agosto.
Foca Lisboa

Guilherme: linguagem didática

A página eletrônica é dividida em duas partes. Em Neurociência Clínica, o público não-especializado encontra informações úteis sobre as principais doenças do Sistema Nervoso Central: causas, tipos, incidência e seus sintomas, além dos exames mais comuns que as detectam. Os internautas podem se guiar pelo princípo ativo de medicamentos para encontrar informações sobre seus efeitos, contra-indicações e listagem com as opções dos principais remédios genéricos e de marca. A linguagem é simples e didática, já que se trata de uma “bula do paciente”, que esclarece também sobre procedimentos de armazenagem, formas de uso e precauções. O manual também está disponível em linguagem médica para profissionais de saúde.

Popularização
Para os interessados em aprofundar conhecimentos, o Neurolab oferece gratuitamente, mediante preenchimento de cadastro, fontes de artigos e livros e galeria de imagens que auxiliam na compreensão do funcionamento do cérebro.

“A popularização da ciência é importante por ser mais uma forma de inclusão social, mas iniciativas como essa ainda são escassas no Brasil. Nos Estados Unidos isso é comum”, afirma Guilherme dos Santos.

A outra seção da página, Neurociência Básica, está reservada a profissionais e estudantes de neurociências. Ela oferece informações sobre técnicas, história da neurociência, imagens, links úteis e ferramentas de simulação do Sistema Nervoso.

Segundo o estudante, o site surge num momento de valorização da neurociência no Brasil, fato que deve ser atribuído, em grande parte, ao trabalho do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, da Duke University, um dos maiores especialistas do mundo. Ele está coordenando a criação, em Natal, do Instituto Internacional de Neurociências, projetado para ser um centro de ponta na área.

Como bolsista de iniciação científica do Núcleo de Neurociências (NNC) da UFMG desde 2001, Guilherme dos Santos não teve dificuldades para construir o site. As informações vieram do próprio NNC e de outros grupos de pesquisa das áreas da saúde e de exatas da Universidade que também estudam neurociências. Compreender o funcionamento elétrico do cérebro depende de cooperação dessas duas áreas. Para saber, por exemplo, como a eletricidade gera emoções, linguagens e pensamentos, a equipe do NNC precisa de ferramentas que lhe permitam estudar e registrar esses fenômenos. Essa é a função dos microeletrodos instalados em determinada região do cérebro para captar e melhorar os sinais, eliminando o ruído.

“Trata-se de uma das grandes ramificações da neurociência, a eletrofisiologia, situada entre a biologia e as ciências exatas. Trabalho com engenheiros no Núcleo, mas preciso de mais especialistas da área para me auxiliar no site”, explica o estudante, que pretende institucionalizar o Portal. Em breve, informa Santos, a UFMG será detentora da marca Neurolab por meio de registro efetuado pela Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CT&IT).

Apesar de nascer dentro de uma instituição de ensino, o Neurolab não será restrito a ela. O estudante conta que está montando um sistema dinâmico de informática para preparar um clipping com notícias sobre neurociência publicadas em provedores de informação.

Cuidados
Ao longo do site, pequenas notas alertam que o Neurolab é um espaço de esclarecimento e não pode servir de suporte para auto-medicação nem substituir consulta.

“O Conselho Regional de Medicina tem uma série de normas que regulamentam a divulgação de temas médicos na internet. Consulta pressupõe médico e paciente frente a frente”, diz ele, ao lembrar que é norma do site não responder e-mails que solicitem informações sobre tratamentos. Os princípios éticos para sites de medicina e saúde do Conselho Regional de Medicina de São Paulo podem, inclusive, ser consultados no Neurolab.

Guilherme Santos também criou um espaço para que a indústria farmacêutica divulgue conhecimento científico, prestação de serviços e programas de auxílio. A veiculação de publicidade de medicamentos, no entanto, está vetada.

Site: Neurolab
Conteúdo: Neurociência Clínica e Básica
Endereço: www.neurolab.com.br