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Nº 1633 - Ano 35
10.11.2008
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| Lincoln Freire e João Gabriel: abordagem integradora |
Lorenza Coelho*
O Relatório Lalonde, editado em 1974 pelo então ministro da Saúde do Canadá, Marc Lalonde, revela que a qualidade dos cuidados e da organização dos serviços médicos é responsável por apenas 10% da saúde de um indivíduo. Segundo o estudo, os principais determinantes da saúde (53%) estão relacionados ao modo de vida, que inclui a preocupação com uma boa alimentação, atividade física, cuidados corporais, tipos de relacionamentos, educação, lazer, trabalho e renda. O documento aponta, ainda, como fatores associados à saúde o ambiente (20%) e a biologia humana (17%).
“No século passado, a medicina atuava na cura das doenças e em sua prevenção. Nos dias de hoje, além de ampliar a prevenção, ela tenta discutir a promoção da saúde numa perspectiva relacionada à qualidade de vida. Isso exige uma abordagem integral e integradora do ser humano, levando-se em conta aspectos biológicos, sociais, comportamentais e culturais”, argumenta o professor Lincoln Freire.
Apesar da prevenção e do tratamento das doenças ainda serem o foco da atenção à saúde, o setor público e, especialmente, o privado começam a se mover para inverter esse paradigma. Para o professor João Gabriel Marques Fonseca, do Departamento de Clínica Médica e membro da Comissão Científica do Congresso, tal mudança parte de uma nova consciência, segundo a qual a melhoria da saúde deve ser buscada sem pensar em doenças. “As empresas e, mais recentemente, os planos de saúde estão adotando essa mentalidade, investindo em ações de promoção da saúde, principalmente com o objetivo de reduzir custos”, avalia.
Trata-se de uma tendência mundial. Ginástica laboral, grupos de apoio a diabéticos e a interessados em parar de fumar são algumas das iniciativas realizadas por empresas de diversos portes para promover a saúde de suas equipes e famílias. Elas serão discutidas durante evento paralelo, o seminário Promoção da saúde e gestão organizacional, que reunirá gestores de algumas das maiores empresas de Minas Gerais, como Vale, Gerdau, Petrobras, Cemig, Copasa, V&M e Unimed-BH.
*Jornalista da Escola de Enfermagem da UFMG