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Nº 1681 - Ano 36
1.2.2010

Novo sentido para a folia

Festival de Verão oferece alternativa cultural a pessoas pouco afeitas ao Carnaval

Igor Lage e Tatiana Palhares

Com um carnaval incapaz de rivalizar com a folia promovida no Rio de Janeiro, Salvador, Recife e interior de Minas, Belo Horizonte se firma, a cada ano, como polo de atração e retenção de pessoas avessas à badalação típica dessa época do ano. Um dos responsáveis por conferir esse perfil à capital mineira é o Festival de Verão da UFMG, que será realizado pelo quarto ano consecutivo.

Com o tema Os sentidos do conhecimento, o evento ocorre entre os dias 12 e 16 de fevereiro, reunindo 21 oficinas, programação artística e exibição gratuita de filmes, o Cine 0800. As inscrições estão abertas a partir desta segunda-feira, dia 1o de fevereiro, e a julgar pelas edições anteriores as vagas se esgotarão rapidamente. A organização do evento deverá abrir espaço para novos participantes.

“O Festival de Verão oferece uma alternativa que a cidade não possuía. Como Belo Horizonte não tem um carnaval competitivo como o de outros lugares do país e do interior de Minas Gerais, ficava em segundo plano nesse período. Agora, com essa espécie de ‘carnaval cultural’, podemos rivalizar pelo menos em qualidade com as outras opções”, afirma o professor Maurício Campomori, titular da Diretoria de Ação Cultural
Segundo ele, o Festival de Verão representa uma oportunidade de interação de todas as áreas do conhecimento. “Ele contempla medicina, física, antropologia, filosofia, genética, geografia, arquitetura, entre outras, em um momento único de convivência. Isso reflete a vitalidade da Universidade”, assinala.

Rompendo paradigmas

Campomori destaca, ainda, que o evento explora possibilidades didáticas baseadas no exercício do fazer. O Festival é todo estruturado em oficinas e não no modelo tradicional de cursos. “Em todas as oficinas, os alunos interagem com os professores, rompendo paradigmas e criando novas possibilidades educacionais”, analisa.

Os participantes da oficina Geografia da biodiversidade mineira: uma encruzilhada de biomas, por exemplo, poderão ver de perto três dos quatro biomas encontrados em Minas Gerais – mata atlântica, cerrado e campos de altitude – em dois dias de caminhadas na Serra do Cipó. O professor Bernardo Machado Gontijo salienta que as pessoas precisam se adaptar ao que o bioma oferece. Por outro lado, elas modificam o ecossistema com sua ocupação. “A proposta da oficina é demonstrar a riqueza da biodiversidade de Minas Gerais”, diz Gontijo.

Já a oficina Cidade: modos de usar, coordenada pela professora Renata Márquez, pretende apresentar e estimular o desenvolvimento de propostas simples e viáveis de interferência nos fluxos urbanos, em contraposição ao modelo de urbanismo modernista que privilegia uma ideia desumanizada de progresso e uma vida urbana baseada na eficiência e na circulação de veículos. “As ruas, como consequência, tornam-se vazias de acontecimentos, de convívio, de diversão, de trocas; parece que os pedestres são excluídos da vida urbana”, ressalta Renata Márquez. Diante disso, serão discutidos mecanismos e potencialidades de pequenas ações urbanas e a criação de redes de vizinhança e estratégias de comunicação comunitária e colaborativa.

Outra oficina que promete é Introdução à robótica: uma abordagem lúdica. A professora Michelle Mendes Santos explica que, na primeira aula, teórica, os alunos aprenderão os conceitos fundamentais para praticá-los nas aulas seguintes, em que desenvolverão seus robôs com o objetivo de atender às tarefas especificadas: “Durante a oficina, os participantes trabalharão em grupos e utilizarão kits educacionais para projetar, construir e programar seus próprios robôs que participarão de competições”. A professora lembra ainda que a robótica pode ser utilizada nos níveis fundamental e médio como ferramenta no ensino de conceitos de física, como cinemática, transmissão de força e movimento.

Coreografia e cinema

 

Para os bailarinos – níveis intermediário, avançado ou profissional –, a oficina Linguagem coreográfica do Grupo Corpo é uma boa pedida. Completando 35 anos de estrada em 2010, a companhia ganhou notoriedade em todo o mundo graças à inovadora linguagem corporal apresentada em seus mais de 30 espetáculos. E é justamente essa “forma de dançar” tão característica que será explorada na oficina. “O objetivo é fazer os bailarinos experimentarem a linguagem trabalhada em nossos espetáculos”, afirma a coreógrafa Ana Paula Cançado.

O trabalho dos mestres do cinema Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni é o tema da oficina O cinema de Bergman e de Antonioni. Amante de cinema, o professor João Antônio de Paula explica que escolheu os diretores pela “singularidade de suas obras, que discutem temas mais atuais do que nunca, como a alienação”. Durante o curso, serão exibidos e comentados dois filmes de cada cineasta.

Maurício Campomori explica que a seleção de oficinas é feita por um conselho, formado por representantes de todas as áreas do conhecimento oferecidas pela Universidade, sempre com foco na diversidade. Algumas oficinas são frutos de convites feitos pelo conselho e outras de propostas apresentadas a ele. Este ano, são oferecidas inicialmente 443 vagas, número que pode ser ampliado de acordo com a demanda e a limitação operacional de cada oficina.

Ainda segundo o professor, a programação artística do Festival segue a linha de adotar a diversidade como pano de fundo. Este ano, o evento vai promover parcerias inéditas de instrumentistas e cantores. A abertura, no dia 12 de fevereiro, às 20h, terá apresentação de Weber Lopes e Paulo Bellinati, ao lado de Dea Trancoso, no Conservatório UFMG.

As inscrições poderão ser efetuadas pelo site www.fundep.ufmg.br ou nos postos de atendimento da Fundep, localizados no campus Pampulha (avenida Antônio Carlos, 6.627, Praça de Serviços, loja 7) e no Conservatório UFMG (avenida Afonso Pena, 1.534, Centro de Belo Horizonte), das 8h às 18h. A taxa de inscrição é de R$ 20. Menores de 18 anos devem apresentar fotocópia da certidão de nascimento e autorização dos pais ou responsáveis. A Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump) oferecerá 100 bolsas para estudantes classificados nos níveis I, II e III de assistência. Mais informações pelos telefones 3409-8405 e 3409-8406.

As entradas para o Cine 0800 e para o espetáculo do dia 16, que acontecem na Escola de Arquitetura (rua Paraíba, 697, Funcionários), são gratuitas. Já os ingressos para os demais espetáculos custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia), com vendas a partir do dia 12 de fevereiro, das 15h às 19h30, no Conservatório UFMG. Entre os dias 12 e 15 os espetáculos acontecerão no auditório do Conservatório.

A programação completa de oficinas e eventos do Festival de Verão UFMG 2010 pode ser conferida no site www.ufmg.br.

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