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Nº 1691 - Ano 36
19.4.2010

Craque feito em casa

UFMG e governo de Minas criam centro de treinamento na área do esporte de alto rendimento

Fernanda Cristo

Em cerca de dois anos, muitos atletas mineiros não precisarão mais deixar o estado em busca de infraestrutura adequada para treinar. Nesse período, deverão ser concluídas as obras do Centro de Treinamento Esportivo da UFMG, parceria entre a Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) e a Secretaria de Esportes e da Juventude de Minas Gerais (SEEJ). “Hoje é muito comum que o atleta que se destaca em Minas vá para São Paulo ou Rio. Com esse Centro, vamos melhorar o nível de nossos atletas”, afirma o diretor da Escola, Emerson Silami.

O complexo, de 13.800 m², será instalado na porção mais baixa do Centro Esportivo Universitário (CEU). O projeto prevê pista de atletismo, parque aquático, pavilhão para ginástica e quadras poliesportivas (veja quadro), além de laboratórios de pesquisa aplicados ao esporte. “A proximidade com os laboratórios vai nos equiparar aos centros mais avançados do mundo em termos de pesquisa”, argumenta Silami.

O espaço será dividido entre os cursos de Educação Física, Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Medicina, e abrigará ainda estudos em nutrição esportiva. “São pesquisas que já realizamos, mas de maneira ainda um tanto precária”, diz o diretor da EEFFTO. No curso de fisioterapia, o foco serão os estudos em prevenção de lesões esportivas e inovação no tratamento dessas lesões. As pesquisas em terapia ocupacional serão voltadas para a reeducação de movimentos, especialmente em pessoas com deficiências. Já a preocupação da educação física será principalmente com a preparação de atletas.

“Quando vier aqui uma equipe como a seleção brasileira de judô, os alunos poderão sentar e assistir ao treinamento, e depois reunir-se com o treinador”, exemplifica Silami. Mas ele esclarece que o foco do projeto é o treinamento esportivo, e o Centro não será usado para competições.
O gerente do programa Minas Olímpica, da SEEJ, Alexandre Massura, ressalta que o complexo deverá ser usado principalmente por atletas que começam a se destacar. “Vamos identificar jovens talentosos para aprimorar seu treinamento.” Segundo ele, o Centro também poderá ser usado em 2016 por países que queiram enviar seus atletas antes do início das Olimpíadas, para aclimatação.

O custo estimado da obra é de R$ 35 milhões. Parte desses recursos já está prevista no orçamento do estado para este ano. Cerca de R$ 6 milhões já foram liberados para construção da pista de atletismo, que deve ficar pronta em dois meses. O restante do projeto está em fase de licitação. A expectativa é que os outros espaços sejam concluídos rapidamente, uma vez que, nos próximos anos, o Brasil abrigará eventos esportivos como a Copa das Confederações em 2013, a Copa do Mundo em 2014, os jogos universitários mundiais em 2017, e os jogos olímpicos e paraolímpicos no Rio, em 2016.

Acessível e sustentável

O Centro de Treinamento Esportivo será gerenciado por representantes da EEFFTO e da Secretaria de Esportes e Juventude de Minas. O grupo vai criar normas de funcionamento, como em relação ao uso do espaço pelas modalidades. É certo que o complexo será usado também por atletas paraolímpicos. Segundo o professor da Escola de Arquitetura da UFMG José Eduardo Ferolla, coordenador do projeto de construção do Centro, este será o primeiro complexo de treinamento do país que atenderá em pé de igualdade o esporte paraolímpico. “O projeto extrapola as exigências legais de acessibilidade universal”, afirma ele, acrescentando que o grande desafio está ligado à falta de modelos que guiassem a concepção do Centro.

Outra preocupação da equipe da Escola de Arquitetura é com o meio ambiente. O espaço terá mecanismos que visam à economia de energia e ao aproveitamento de água pluvial. “Nossa região tem médias pluviométricas altas, oferece oportunidade rara de armazenamento de água para fins que dispensem a purificação”, argumenta Ferolla. Para evitar desperdício, o sistema hidráulico será dotado de temporizadores. Além disso, o complexo será dotado de sistema “inteligente” de uso de energia e iluminação. Para reduzir custos de manutenção, são escolhidos materiais que sofrem menor desgaste, e que absorvem calor do sol (para aquecimento da água dos vestiários e do parque aquático) e refletem os raios solares, para minimizar o calor interno.

Equipamentos

Parque aquático: configuração flexível

• Pista aberta de atletismo para todas as modalidades típicas – corridas, saltos e lançamentos

• Parque aquático coberto, com piscina de borda móvel, inédita no país, que permite dois tanques com dimensões variáveis (piscina olímpica mais piscina de treinamento, ou duas piscinas semiolímpicas, por exemplo)

• Ginásio poliesportivo para treinamento simultâneo de até três esportes coletivos

• Pavilhão para ginástica artística e olímpica