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Nº 1717 - Ano 37
01.11.2010

Muito além da FACHADA

ICB prepara reforma e reorganização de seus espaços internos

Flávio de Almeida

Perspectiva mostra como ficará a fachada do ICB após reforma

Depois de 35 anos de construção, um dos principais prédios do campus Pampulha, o do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), passará por profunda revitalização. O edifício, de 48 mil metros quadrados de área construída, terá sua fachada reformada – guarda-corpos, brises, esquadrias e pintura externa – e promoverá nova ocupação de seus espaços internos.

Os recursos foram liberados pelo Ministério da Educação, a partir de negociação iniciada pelos então reitor Ronaldo Pena e diretora do ICB, Maria Cristina Lima de Castro, e finalizada pelo atual reitor, Clélio Campolina. O canteiro de obras já está montado, e a previsão é de que sejam concluídas em dois anos.

Outra vertente do projeto de revitalização física envolve o fechamento do perímetro do Instituto – cerca de 12 mil metros quadrados. Aprovado pela Congregação, o cercamento, que será feito no início de 2011, permitirá a abertura de seis das oito escadas de acesso ao prédio, hoje interditadas por motivo de segurança. A medida cumpre exigência do Corpo de Bombeiros, uma vez que as escadas funcionam como áreas de escape em edifícios públicos. “Parece um paradoxo, mas o fato é que, com a medida, nós vamos abrir o ICB, pois o fluxo interno de pessoas será reorganizado”, diz o diretor Tomaz Aroldo.

Segundo o professor Otávio Silviano Brandão, do Departamento de Projetos da Escola de Arquitetura e responsável pelo Plano Diretor da Reforma do ICB, o acesso ao Instituto se dá por meio de duas portarias. “Só que o controle não é efetivo”, ressalva ele. “Os setores que funcionam no andar térreo, como a Diretoria e as áreas administrativas, ficam muito vulneráveis”, acrescenta. Com o fechamento do perímetro, o acesso será feito por meio de outras duas portarias – nas imediações do Bloco J e entre os blocos A e B.

Ocupação compartilhada

Outro eixo da reforma transcende a revitalização física do prédio. Com a construção do Centro de Atividades Didáticas de Ciências Naturais, o CAD 1, cerca de três mil metros quadrados do prédio do ICB atualmente ocupados por salas de aula serão liberados, abrindo caminho para uma nova forma de preencher os espaços.

E aí entra em cena o Plano Diretor da Reforma do ICB, conduzido pelo professor Otávio Silviano Brandão. A partir de consultas feitas à comunidade do ICB – “audiências públicas”, na definição do professor Tomaz Aroldo –, o Plano vai estabelecer as regras de “repaginação” do Instituto.

Mas o princípio que presidirá esse processo de reocupação espacial no Instituto já está definido. “A palavra-chave é compartilhamento”, resume o diretor. Ele lembra que sete dos dez departamentos do ICB abrigam aulas de microscopia, e cada departamento possui suas salas com microscópios. “Elas nem sempre estão ocupadas o tempo todo. Há, inclusive, ociosidade de equipamentos. A ideia é criar uma estrutura que permita a todos os departamentos dividirem espaços e microscópios.” A mesma lógica, segundo Tomaz Aroldo, valerá para a concepção de um biotério de experimentação. Atualmente, vários biotérios do gênero estão espalhados pelo prédio, o que na prática também significa duplicação de estruturas e recursos, inclusive humanos.

Essa reorganização também envolverá a estruturação de laboratórios temáticos, processo que será conduzido igualmente a partir de diretrizes da Congregação. “Ele ocorrerá por adesão de professores. Os temas serão definidos, e os pesquisadores se juntarão de acordo com suas afinidades pessoais e acadêmicas”, explica o diretor.

Agilidade para reformar

O Plano Diretor da Reforma do ICB será construído a partir de sugestões apresentadas nas audiências públicas da Unidade e consolidadas pela Comissão de Espaço Físico da Congregação. “O plano vai permitir intervenções ágeis, projetadas de acordo com as necessidades que forem surgindo, e não uma reforma cristalizada”, explica o professor Otávio Silviano Brandão.

Para isso, o ICB conta com um trunfo: a própria estrutura arquitetônica do edifício, cuja flexibilidade favorece adaptações. “É preciso fazer justiça com as pessoas que trabalharam na concepção do prédio, há cerca de 40 anos. O problema não está na arquitetura do prédio, mas na forma como ele foi ocupado ao longo do tempo”, afirma o professor Tomaz.

Para o professor Otávio, a ocupação do ICB ocorre hoje segundo um “modelo individualista”. “Há excesso de portas e paredes. Pelo menos 50% da área de cada laboratório é composta de corredores internos”. Esse modelo, na visão dos dois professores, não combina com a produção acadêmica contemporânea. “Foi-se o tempo em que a ciência tinha caráter descritivo e era produzida em gavetas estanques. A ciência do século 21 se baseia em interações dos pesquisadores para buscar soluções para os seus grandes problemas”, analisa Otávio Silviano Brandão.

 

ICB em números

Área construída: 48 mil metros quadrados
Departamentos: 10
Cursos de graduação atendidos: 21
Programas de Pós-graduação stricto sensu: 13 (três deles compartilhados com outras unidades)
Cursos de Pós-graduação lato sensu: 2
Professores: 245
Funcionários: 193
Estudantes: 4.725 (graduação em Ciências Biológicas, ciclo básico,
pós-graduação e ensino a distância)
Laboratórios:170