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Nº 1747 - Ano 37
5.9.2011

O termo surgiu em 2004 com Thomas Vander Wal, para designar uma classificação popular que se origina das ações de representação da informação desempenhada pelos usuários de diversos serviços na web. É uma inovação que explora o uso da linguagem cotidiana e o potencial das redes sociais na organização da informação.

FLUIDA e em MOVIMENTO

Site oferece conteúdo interativo para subsidiar estudos da fala

Gabriella Praça

Objeto de estudo de campos tão distintos quanto letras e engenharia elétrica – passando por música, artes cênicas, computação, psicologia e fonoaudiologia –, a fala deve ser compreendida como fenômeno dinâmico, em constante transformação. Para investigá-la, é preciso considerar sua evolução ao longo do tempo, bem como as especificidades linguísticas dos habitantes de cada região. Com o intuito de auxiliar nessa tarefa, os professores Hani Camille Yehia, da Escola de Engenharia, e Thaïs Cristófaro Silva, da Faculdade de Letras, desenvolveram o site Fonética e Fonologia: sonoridade em artes, saúde e tecnologia, hospedado no endereço www.fonologia.org.

A ideia surgiu em 2008, quando os professores constataram que não havia na internet uma página em língua portuguesa que oferecesse material didático vasto e de qualidade para servir de referência aos estudos na área de sonoridade na linguagem humana. Hani, que coordena o Centro de Estudos da Fala da UFMG (Cefala), e Thaïs, atualmente à frente do Laboratório Eletrônico de Oralidade e Escrita (e-Labore), desenvolveram o site e o disponibilizaram para a comunidade científica. A empreitada contou com apoio da Pró-reitoria de Graduação por meio da concessão de bolsas a Fernando Oliveira, aluno da Escola de Engenharia, e Diana Souza, ex-aluna da Faculdade de Letras.

Desde fevereiro de 2009, quando entrou no ar, a página já contabiliza mais de 90 mil acessos. Nela, os usuários encontram conteúdo diversificado e multimídia sobre os mais variados aspectos relacionados à fala. Visitantes conferem o mapa linguístico com os principais idiomas do mundo, fazem exercícios de fonética e fonologia ou de ortografia e gramática, analisam imagens anatômicas do aparelho fonador e acessam o quadro fonêmico do português. Há podcasts, animações e espectrogramas que revelam em detalhes como os sons da fala são produzidos.

“Nossa ideia foi criar uma forma interativa de aprendizagem”, resume Thaïs. Segundo a professora, que leciona para turmas do primeiro período de graduação, o rendimento dos alunos melhora se há à disposição conteúdos em formato multimídia. Autora do livro Fonética e fonologia do português: roteiro de estudos e guia de exercícios, ela ressalta, ainda, que o site democratizou o acesso ao conhecimento teórico de seus idealizadores. “Poucos têm contato com o que ensinamos em sala de aula, mas, por meio de um projeto como esse, dezenas de milhares de pessoas têm oportunidade de aprender”, observa.

Animação

Thaïs e Hani: referência para estudos em sonoridade humana
Thaïs e Hani: referência para estudos em sonoridade humana

Além disso, o advento das novas tecnologias otimizou o estudo da fala como expressão fluida, sempre em movimento. “Podemos documentar e difundir a língua de maneira muito mais viva do que a forma como fazíamos no passado”, analisa o professor Hani. As animações do site por ele idealizado exibem os movimentos feitos com a língua na articulação dos diferentes sons do português e apresenta as suas características acústicas.

“Com o avanço desse projeto, seremos capazes de entender a evolução temporal do português brasileiro e analisar de que forma os falantes que habitam determinada região interagem com os de outros locais, em um processo de modificação recíproca”, prevê. “Dessa forma, o português será usado como caso particular para compreendermos o padrão de evolução de um idioma”, conclui Hani.