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Nº 1790 - Ano 38
17.9.2012

Diálogos contemporâneos

Em sua terceira edição, Fórum volta a discutir as interações da universidade com os temas da atualidade

Ana Rita Araújo

Quais os grandes problemas que o mundo contemporâneo apresenta à academia em suas diversas áreas de atuação? Elementos para responder a questões como essa permearão o diálogo entre pesquisadores da UFMG e convidados de outras instituições nacionais, que se reúnem no campus Pampulha de terça a sexta-feira desta semana, na terceira edição do Fórum de Estudos Contemporâneos.

Promovido pela Pró-reitoria de Planejamento e Desenvolvimento, o evento pretende colher contribuições que orientarão o planejamento da UFMG para os próximos anos. “O propósito é ampliar a discussão, envolvendo aspectos da vida, futuro e perspectivas da Universidade”, explica o organizador do evento, pró-reitor João Antonio de Paula.

A iniciativa inova ao focalizar o aspecto acadêmico, em vez do tradicional planejamento financeiro. Serão realizadas oito sessões temáticas, em forma de conferências seguidas de debates. Cada uma reunirá dois especialistas que deverão fazer contraponto entre o mundo contemporâneo e um dos temas da programação – filosofia, tecnologias, ciências exatas, ciências humanas, artes, ciências biológicas e da vida, literatura e universidade. Toda a programação, aberta ao público, acontece no auditório 1070 da Face, sempre a partir de 9h30.

Programação

O evento será aberto pelo reitor Clélio Campolina e pelo professor João Antonio de Paula nesta terça-feira, às 9h. Em seguida, o professor Hugo Cerqueira, da Face, coordena o debate A filosofia e o mundo contemporâneo entre Marcelo Pimenta Marques (UFMG) e Vladimir Pinheiro Safatle (USP). Às 14h, Evando Mirra de Paula e Silva (UFMG) e Silvio Crestana (Embrapa) discutem o tema As tecnologias e o mundo contemporâneo, mediados pelo professor Eduardo Motta Albuquerque, da Face.

Márcio Gomes Soares (UFMG) e Fernando Galembeck (Unicamp) discutem, na manhã do dia 19, o tema As ciências exatas e o mundo contemporâneo, com moderação de Oriane Magela Neto, da Escola de Engenharia. A conferência da tarde discutirá As ciências humanas e sociais e o mundo contemporâneo, com a participação de Heloísa Costa (UFMG) e Leda Paulani (USP), tendo como mediador o professor Bernardo Jefferson de Oliveira, da Faculdade de Educação.

Na quinta-feira, 20, a mesa As artes e o mundo contemporâneo reunirá três professores da Escola de Arquitetura – Stéphane Huchet, Carlos Antônio Leite Brandão e Maurício Campomori (mediador). No debate, a partir da análise de obras do passado, como ruínas pré-históricas e as de Leonardo da Vinci, Carlos Brandão pretende “fazer vir à tona algumas mensagens e sentidos que se encontram um pouco esquecidos na contemporaneidade”. Huchet abordará a abertura da arte contemporânea para as variadas facetas da realidade, ressaltando o fato de que as revoluções formais realizadas pela arte no decorrer do século 20 “significaram a possibilidade de explorar um leque infindável da experiências”.

No mesmo dia, 21, Paulo Sérgio Lacerda Beirão (UFMG) e Débora Foguel (UFRJ), intermediados por Débora d’Avila Reis, do Instituto de Ciências Biológicas, discutirão o tema As ciências biológicas e o mundo contemporâneo.

No último dia, o seminário reunirá três professores da Faculdade de Letras – Eneida Maria de Souza, Wander Melo Miranda e Sandra Goulart Almeida (mediadora) – em torno do tema A literatura e o mundo contemporâneo.

O desafio é refundar

No encerramento do evento, nesta sexta-feira, o professor Maurício Loureiro, da Escola de Música, vai moderar o debate entre Ivan Domingues e Eduardo Vargas, ambos da UFMG, na discussão sobre A universidade e o mundo contemporâneo. “Pretendo focalizar os grandes desafios da universidade no mundo contemporâneo. A perspectiva é histórica e a abrangência, mundial”, antecipa Domingues.

Depois de discorrer sobre as duas matrizes da universidade medieval – laica e religiosa –, o professor Ivan Domingues, que é vinculado ao Departamento de Filosofia, vai destacar experiências da era moderna cujo legado tem impactos na universidade contemporânea, incluindo a brasileira. “O que não falta são desafios”, resume Domingues, lembrando que a instituição perdeu o monopólio do processo de geração e transmissão do conhecimento.

Para tratar do assunto, ele relembrará a experiência do antropólogo Darcy Ribeiro, com a criação da Universidade de Brasília (UnB), que este ano comemora seu cinquentenário. Domingues comenta que, se há meio século o grande desafio era fundar a universidade brasileira, já que existiam apenas faculdades isoladas reunidas em torno de uma reitoria, a realidade atual é outra. “Hoje, podemos dizer que a universidade brasileira está fundada – o sistema das universidades federais –, mas, ao mesmo tempo, à deriva, esgarçada pelas múltiplas demandas e tarefas, muitas delas não acadêmicas, como a da inclusão”, conclui o professor.

A tarefa que se impõe agora, segundo ele, é “refundá-la de dentro e abrir a rota para a implantação da universidade de classe mundial, numa perspectiva neo-humboldtiana, aliando o ensino, a pesquisa (incluindo inovação) e a cultura”.