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Nº 1790 - Ano 38
17.9.2012


“É preciso agregar as visões parciais”

É grande a diferença de qualidade entre as instituições que ocupam os primeiros lugares nos rankings?

No Brasil, tirando a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que é menor, seis instituições ocupam as primeiras posições; a USP é sempre a primeira de qualquer jeito que se olhe. As outras cinco mudam de ordem até mesmo em duas edições consecutivas de um mesmo ranking. Estamos acostumados com isso, e é algo que está ligado à maneira com que são produzidos os rankings, fazendo ponderações com base em métricas nem sempre objetivas. Além disso, os números objetivamente também mudam. A produção de artigos, por exemplo, de fato sofre oscilações de um ano para outro e, dependendo do período analisado, o ranking sairá com uma ou outra instituição na frente. No caso do SCImago Institutions Rankings (SIR), ao desmembrar indicadores, percebe-se um empate técnico entre essas seis universidades, por exemplo no percentual dos artigos publicados que estão no grupo de 25% das revistas de maior impacto em cada área, assim como há empate no percentual dos artigos que entraram no grupo dos 10% mais citados por área após certo número de anos. Esses são indicadores complexos, difíceis de serem construídos e interpretados, mas que dizem muito mais que o simples número de artigos.

O tamanho de uma instituição pode afetar seu desempenho em um ranking?

Sim, e de formas diversas, dependendo do jeito de se fazer a conta. Caso se considerem números absolutos, universidades maiores têm vantagens sobre as menores. Mas se a análise levar em conta os indicadores per capita, o inverso acontece. No ARWU, por exemplo, a USP é imbatível, e a UFRJ está fadada a ficar à frente da UFMG, porque é bem maior. Mas quando se recorre a médias, a tendência é que as menores saiam em vantagem, porque é mais fácil conseguir média alta em um grupo pequeno do que em um imenso. A Unifesp costuma pular para frente quando o ranking é baseado nesse tipo de indicador. Claro que, para a opinião pública, o que importa são o primeiro, o segundo ou o terceiro lugares, mas para as instituições, olhar como foi construído o indicador nos realimenta de dados importantes.

Em sua opinião deveriam existir rankings específicos para áreas?

Por um lado, rankings específicos poderiam ser importantes para orientar escolhas e decisões de um público com interesse focado. Em parte, isso já é feito hoje, por exemplo, com os conceitos que a Capes atribui aos programas de pós-graduação. Por outro lado, para falar a respeito do ente “Universidade”, é preciso que as diversas visões parciais sejam agregadas de alguma forma. Para que serviria um ranking se apenas fizesse uma listagem das áreas em que cada universidade se destaca? É claro que iria representar certa realidade, mas perderia essa visão global.

De todo modo é positiva a existência de rankings?

Sim, inclusive é importante que não haja um único, pois seria confiar uma tarefa excessivamente importante a um único órgão. Acho importante que haja órgãos independentes e diferentes, que vão olhar para as universidades sob diferentes perspectivas.