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Nº 1792 - Ano 39
1.10.2012

Dói e atrapalha

Tese revela os fatores envolvidos na dor de dente e seu impacto na qualidade de vida de adultos

Itamar Rigueira Jr.

Que a dor de dente pode causar enorme incômodo e atrapalhar as atividades mais triviais do dia a dia, todo mundo sabe. Mas qual é exatamente esse impacto, e que estratos da população são mais atingidos pelo problema? Entre os adultos da cidade de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o impacto da dor de dente na vida diária é alto. Quase 90% das pessoas atingidas relatam nervosismo como consequência da dor e cerca de 70% declararam dificuldades para mastigar.

Essas são algumas conclusões do estudo realizado por Aline Mendes Silva de Pinho para o doutorado na área de Odontologia Social e Coletiva, da Faculdade de Odontologia da UFMG. Entre setembro de dezembro de 2010, ela examinou e entrevistou 744 indivíduos entre 35 e 44 anos de idade.
O trabalho investigou a relação entre a dor de dente e variáveis como escolaridade, renda, cor da pele, estilo de vida, rede de suporte social, sexo, idade, estado civil, saneamento, estado nutricional, razões e frequência de visitas ao dentista, tipo de serviço procurado, uso da escova de dentes e do fio dental, frequência do consumo de açúcar e presença da cárie.

Os resultados indicaram prevalência significativa (24,6%) do problema na população estudada. Segundo a pesquisadora, 68% dos entrevistados têm pouco acesso aos serviços de saúde bucal, 39,7% apresentaram severa gravidade da dor de dente e 47,3% afirmaram sofrer alto impacto social e funcional decorrente da dor. O estudo revela que indivíduos pardos ou negros, com baixa escolaridade e renda, foram os que apresentaram maior efeito da dor de dente em sua vida diária.

Por meio de análise por correspondência, Aline Mendes de Pinho identificou quatro grupos com perfis distintos para dor de dente e seus fatores associados. Dois deles foram os mais afetados em seu cotidiano: o dos indivíduos com acesso mais restrito aos serviços de saúde (mulheres, pardas, casadas, com 1º grau escolar e baixa renda familiar) e o daqueles que apresentaram alta gravidade e alto impacto na limitação social e/ou funcional (idade entre 40 e 44 anos, casados ou viúvos, negros ou pardos, com 1º grau).

Os outros dois grupos são os que menos sofrem as consequências do problema: os de acesso facilitado aos serviços de saúde (homens, separados, com curso superior e renda acima de R$ 300) e os indivíduos com poucas limitações sociais e/ou funcionais (35 a 39 anos, brancos, solteiros, com 2º grau).

Qualidade de vida

Outra etapa da pesquisa investigou a dor de dente e seu impacto na qualidade de vida. “A chance de maior prevalência alcança indivíduos com pior qualidade de vida nos aspectos físico, psicológico e ambiental, nesta ordem”, conta Aline Mendes. Ainda segundo ela, menor renda per capita e presença de cárie dentária foram também aspectos muito associados à maior chance de dor de dente. “Ela é quase sempre resolvida de forma emergencial, ainda que tenha havido investimentos oriundos da política de saúde bucal no Brasil”, ela destaca.

Aline Mendes de Pinho pretende apresentar os achados descritos em sua tese à Secretaria de Saúde de Betim. “A ideia é sensibilizar os gestores e desencadear ciclos de discussão que visem ampliar o acesso às ações de prevenção e assistência voltadas para a saúde bucal do adulto na cidade”, completa a pesquisadora.

Tese: Fatores determinantes da dor de dente e o impacto na vida diária de indivíduos residentes em Betim-MG/2012
De Aline Mendes Silva
Orientadora: Andréa Maria Duarte Vargas
Co-orientadora: Efigênia Ferreira e Ferreira
Programa de Pós-graduação em Odontologia (área de Saúde Coletiva)
Defesa em 31 de julho de 2012

Educação Física cria Bacharelado Noturno

Os 35 calouros do primeiro bacharelado noturno em Educação Física da UFMG tiveram sua primeira aula no último dia 24. A atividade, ministrada pela coordenadora do curso, professora Ana Cláudia Porfírio Couto, destacou a importância da formação acadêmica na área para garantir o cuidado com as pessoas durante a prática do exercício físico.

Segundo Ana Cláudia, diferentemente da maioria dos cursos noturnos instalados na Universidade no âmbito do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), a nova graduação da Escola tem a modalidade bacharelado e não licenciatura – que forma professores.

A opção, diz ela, deve-se à ampliação do mercado de trabalho nos últimos anos, sobretudo no campo da atenção primária à saúde, em que profissionais da área atuam nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf). “É preciso proporcionar formação de profissionais para também atender esse campo diferenciado na Educação Física”, ressalta.

Para a professora, o bacharelado noturno se insere nas ações de inclusão da UFMG, pois oferece oportunidade a pessoas que precisam conciliar trabalho e estudo. O bacharelado em Educação Física tem entrada anual, sempre no segundo semestre do ano.