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Nº 1794 - Ano 39
15.10.2012

No meio do caminho tinha uma inovação

Com agentes e campanha educativa, UFMG quer estimular cultura de proteção intelectual

Ana Rita Araújo

Difundir a ideia da propriedade intelectual para torná-la parte do cotidiano de todos os pesquisadores da Universidade. Com esse propósito, a Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) preparou 20 estudantes de diversos cursos de graduação que atuam como agentes de inovação em todas as unidades acadêmicas.

“O objetivo é capilarizar as informações relacionadas ao tema”, explica o diretor da CTIT, Ado Jorio, ao citar também a campanha A inovação no seu caminho, em forma de adesivos que lembram aos usuários dos prédios o processo inventivo que deu origem a objetos de uso rotineiro, entre os quais elevador, escova de dentes, espelho e condicionador de ar.

As duas iniciativas têm por objetivo demonstrar a importância estratégica da inovação e da proteção de tecnologias. Em visitas aos professores, os bolsistas mostram as informações disponíveis no site da CTIT (www.ctit.ufmg.br), que incluem cartilha com perguntas e respostas sobre a proteção de criações e um tutorial que ensina a executar buscas eficientes em bancos de dados online de patentes. Eles também explicam que essa ferramenta deve ser usada ao lado da revisão de literatura, no momento da elaboração de projetos, para que os pesquisadores saibam o que existe de mais avançado em seus campos de investigação, “inclusive para evitar caminhos já percorridos por outros grupos”, comenta Márcia Dias Diniz Costa, gestora do programa dos Agentes de Inovação.

O projeto tem subsídio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e recebeu apoio da Secretaria de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior do Governo do Estado de Minas Gerais (Sectes). Segundo o secretário adjunto Evaldo Vilela, a iniciativa “vai tornar muito mais fácil e ágil o processo de depósito e licenciamento de patentes, de proteção do conhecimento e da articulação com empresas que procurarem a Universidade”. Ele antecipa que a intenção é estender a ideia às demais universidades e institutos de pesquisa mineiros. “Desse modo, iremos conferir mais relevância às pesquisas científicas e tecnológicas desenvolvidas com dinheiro público”, analisa.

Campo em expansão

A coordenadora do Setor de Propriedade Intelectual da CTIT, Raíssa De Luca Guimarães, explica que os bolsistas receberam treinamento sobre o tema e também participaram do processo de elaboração da cartilha. Segundo Bruno de Lima Teixeira, aluno de Engenharia Ambiental, a atuação como agente de inovação tem sido útil na sua formação acadêmica, tanto no desenvolvimento de habilidades de expressão, quando pela atuação em um campo que tem despertado o crescente interesse de empresas. “Muitas delas estão abrindo setores exclusivos para tratar desses assuntos”, diz.

A estudante de Ciências Biológicas Sasha Luísa de Azevedo Nunes, que atua no Instituto de Ciências Biológicas, conta que se interessou pelo projeto “por ser um desafio, uma ideia nova a ser desenvolvida na Universidade de forma a auxiliar e incentivar as pesquisas”. Lucas Camargo, do 5° período de Engenharia de Sistemas, afirma que o contato com os professores e patentes da área oferece a oportunidade de conhecer um pouco mais do que se desenvolve no próprio curso. “Mas o que julgo mais importante, e que vou levar para a minha carreira, é a visão para a inovação que estamos desenvolvendo com esse programa”, ressalta.

O número de bolsistas varia por unidade acadêmica, com base na quantidade de patentes depositadas em cada área. “Como se trata de um projeto piloto, a ideia é fazermos ajustes, caso haja necessidade”, explica Ado Jorio. As bolsas têm prazo de seis meses, renováveis por igual período.

Campanha

Os 15 diferentes adesivos que compõem a campanha A inovação no seu caminho foram colados em todos os prédios da Universidade, perto dos objetos a que o texto se refere. Os usuários dos elevadores, por exemplo, vão ler que “o primeiro elevador de carga, baseado em sistema de roldanas movidas por força humana, animal ou da água, foi criado em Roma no século I a.C., pelo escritor, arquiteto e engenheiro Marcus Vitruvius Pollio”. Também serão informados de que os atuais elevadores elétricos foram patenteados em 1889, e que atualmente existem mais de 500 processos no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) relacionados ao tema.

“Trata-se de informação educativa sobre objetos do cotidiano, para lembrar que mesmo aqueles mais simples são frutos de um processo inventivo”, comenta o professor Ado Jorio. Segundo ele, a campanha foi criada em sintonia com o momento em que vive o país, que tem investido na transferência do conhecimento gerado nas universidades para os setores produtivos. “O primeiro passo para a transferência de tecnologia é a propriedade intelectual”, reforça.

Jorio também comenta que, além do interesse educativo, a campanha comemora os 15 anos da CTIT e 85 anos da UFMG. “Ela foi toda pensada para respeitar os ambientes em que os adesivos forem colados, com cores mais neutras, que evitem poluição visual, e com cola que não destrói o patrimônio”, acrescenta o professor.

Cartazete que relata a história da invenção do elevador