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Nº 1808 - Ano 39
18.2.2013

Mapa da mobilidade no campus

Pesquisa de origem-destino identifica formas de deslocamentos para a Pampulha

Ana Rita Araújo

O ônibus é o meio de transporte mais usado pelos estudantes que frequentam o campus Pampulha, sobretudo os de graduação, enquanto 70% dos servidores (professores e técnicos e administrativos) valem-se do automóvel em seus deslocamentos diários de casa para o trabalho. Dados como esses, que resultam de pesquisa origem-destino realizada no final de 2012 pela estudante de engenharia civil Bárbara Ribeiro Alves Abreu, devem subsidiar decisões da Pró-reitoria de Administração com o objetivo de melhorar o transporte interno.

Apresentado como monografia de final de curso, o estudo procurou conhecer os padrões de deslocamentos, horários e meios de transporte utilizados para chegada ao campus, bem como no trajeto interno entre prédios e portarias. “Trata-se de contribuição importante para a Universidade”, resume a orientadora do trabalho, professora Leise Kelli de Oliveira, do Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia.

Segundo o pró-reitor Márcio Baptista, além de apresentar dados importantes sobre origem-destino, o trabalho demonstra a validade da metodologia de pesquisa digital para este público específico, o que abre perspectivas para uso em outras áreas da administração, como segurança e gestão ambiental. A alta taxa de respostas surpreendeu a autora da pesquisa, para quem o maior desafio seria garantir representatividade mínima da população e a consequente confiabilidade dos dados.

Em vez dos 3,75% da população que desenvolvem atividades acadêmicas ou institucionais no campus Pampulha, como seria necessário, participaram da pesquisa nada menos que 15% desse universo. “Contabilizamos 6.033 envios bem-sucedidos de respostas”, informa Bárbara Abreu. O convite para responder ao questionário foi enviado a 40 mil pessoas. “Mapeadas, tais informações oferecem uma fotografia da mobilidade na região e representam um passo importante para a melhoria dos transportes e a qualidade de vida dessa população”, aponta Bárbara Abreu.

Linhas externas

Apesar de utilizar majoritariamente o automóvel como meio de deslocamento, o segmento dos servidores – docentes e técnicos – representa pouco mais de 10% da população que frequenta regularmente o campus Pampulha. Entre os alunos de graduação, que correspondem a mais de 50% desse público, apenas 31% declararam se dirigir ao campus de carro. “A utilização de veículo próprio gira em torno de 48% para os alunos de mestrado e doutorado e de 40% para os de especialização, segmentos que somados não ultrapassam 25% da comunidade acadêmica”, detalha Bárbara Abreu. No total de respostas registradas, 43% declararam utilizar ônibus, 40% veículo próprio, 7% a pé e 10% distribuídos entre os demais modais de deslocamento. Segundo a pesquisadora, as viagens a pé são realizadas principalmente por alunos de graduação, mestrado e doutorado.

Embora o campus seja servido por três linhas de ônibus municipais regulares, uma municipal com horários específicos de atendimento e linhas internas gratuitas, os deslocamentos por ônibus valem-se, em sua maioria, de veículos que circulam fora do campus. Para os trajetos entre portarias e unidades acadêmicas, o padrão é mantido para viagens com carro próprio, mas o total de deslocamentos a pé cresce consideravelmente. “Esse tipo de informação pode resultar em decisões envolvendo a otimização dos recursos aplicados nos circulares internos”, antecipa o pró-reitor de Administração. Outros resultados importantes referem-se aos horários de pico tanto de chegada quanto de saída. A pesquisa mostrou que, como esperado, a distribuição dos horários de circulação no campus segue os horários das aulas e de funcionamento dos setores acadêmicos.

Correio eletrônico

Pesquisas digitais usualmente são utilizadas como complemento a métodos convencionais, devido à dificuldade de delimitar ou atingir a amostragem desejada com base apenas em respostas espontâneas. Contudo, a metodologia mostrou eficácia por se tratar de público específico, com abrangência garantida devido ao cadastro institucional utilizado – endereços eletrônicos mantidos pelo Laboratório de Ciência da Computação (LCC), vinculado à Diretoria de Tecnologia da Informação da Universidade.

O convite de participação foi enviado por correio eletrônico em duas etapas – dias 26 de novembro e 7 de dezembro – para todos os alunos e servidores docentes, técnicos e administrativos que exercem atividades no campus Pampulha. Ao longo do período de aplicação, todos os acessos foram registrados, incluindo aqueles em que o usuário apenas visualizou o formulário. Ao final, contabilizaram-se 6.854 acessos e 6.033 envios bem-sucedidos. O maior número de acessos ao questionário eletrônico ocorreu, como esperado, nas primeiras 24 horas de pesquisa, com um total de 3.206 envios bem-sucedidos, o que garantiu no primeiro dia representatividade superior à mínima para confiabilidade da pesquisa. “Se o cenário atual de trânsito não fosse tão incômodo e preocupante, talvez a participação da população acadêmica não fosse tão expressiva”, opina Bárbara Abreu.

Ela sugere que a pesquisa passe a ser aplicada com frequência, com o intuito de criar banco de dados que dê suporte a políticas na área, mas adverte que a segregação dos funcionários entre docentes e técnicos e administrativos pode gerar análise mais detalhada desse segmento.