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Nº 1811 - Ano 39
11.3.2013

Diabetes inibe ação de estrógeno

Desenvolvido em ratas, estudo do ICB investiga papel cardioprotetor do hormônio

Ana Rita Araújo

O papel cardioprotetor que o hormônio estrógeno exerce na pré-menopausa é afetado em mulheres diabéticas, afirma a pesquisadora Nívia Santiago, que acaba de defender tese de doutorado sobre o assunto no Instituto de Ciências Biológicas da UFMG. Desenvolvido em parte na Wake Forest University, na Carolina do Norte (Estados Unidos), o estudo também faz análises moleculares sobre os mecanismos envolvidos com as chamadas injúrias cardíacas produzidas pelo diabetes, como o sistema renina-angiotensina, regulador essencial das funções cardiovasculares.

A pesquisa também focaliza o receptor de estrógeno GPR30, descoberto no início dos anos 2000, e um de seus ligantes, o G1, que segundo a autora pode gerar no futuro medicamentos que minimizem os efeitos colaterais provocados pelas terapias de reposição hormonal. “O G1 pode nos ajudar a entender melhor os mecanismos envolvidos com as ações do estrógeno no sistema cardiovascular”, afirma Nívia Santiago. Ela explica que o tema é complexo, e os dados presentes na literatura, conflitantes, pois enquanto alguns estudos consideram positiva a reposição hormonal, outros questionam seus efeitos, particularmente aqueles associados ao sistema cardiovascular.

Nívia destaca que pesquisas na área são fundamentais, uma vez que o impacto do diabetes nas alterações cardíacas não tem sido estudado em mulheres. Em laboratório, ela trabalhou com dois modelos animais, sendo o primeiro com ratas diabéticas não transgênicas, e o outro com animais transgênicos com alta sensibilidade ao estrógeno. Nos dois grupos, parte das ratas possuía ovários intactos e parte foi submetida à remoção cirúrgica dos dois ovários (ovariectomia).

Hipertensão

Estudos epidemiológicos mostram de forma consistente que mulheres na pré-menopausa têm menor incidência de doenças cardiovasculares e níveis de pressão arterial inferiores aos dos homens de mesma idade. Tais vantagens desaparecem na pós-menopausa, quando caem os níveis de estrógeno no organismo, devido à redução de sua produção pelos ovários. Não havia, contudo, estudos que demonstrassem como o diabetes interfere no papel cardioprotetor do estrógeno. Os dados obtidos com modelos animais trabalhados por Nívia Santiago revelaram que o diabetes “simula” uma ovariectomia, como se a doença alterasse a produção e/ou a ação do estrógeno no organismo.

Experiência com ratas do segundo modelo mostrou que fêmeas com hipertensão moderada tinham sua pressão arterial elevada com a retirada de seus ovários. “Isso demonstra o papel benéfico que o estrógeno endógeno exerce sobre o controle da hipertensão arterial ”, explica. No primeiro modelo, foi possível observar também a interferência do diabetes, que altera a função e a espessura das câmaras cardíacas.

O estudo também confirma que a ativação do GRP30 previne os efeitos deletérios cardíacos do diabetes, doença que em 2012 afetou 370 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo mais de 13 milhões no Brasil, que está entre os dez países com maior prevalência da enfermidade. Para ressaltar a importância das pesquisas em torno do tema, Nívia Santiago comenta que cerca de 75% dos diabéticos morrem por eventos cardiovasculares. Além disso, cerca de 30% dos portadores de diabetes tipo 1 têm cardiomiopatia diabética.

Tese: Efeitos cardíacos produzidos pela ovariectomia em ratas diabéticas
Autora: Nívia Maria Santiago
Orientadora: Maria José Campagnole-Santos
Defesa: 22 de fevereiro de 2013, junto ao Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas: Fisiologia e Farmacologia

No céu e na terra

Duas equipes formadas por estudantes de engenharia da UFMG disputam, esta semana, competições no Brasil e nos Estados Unidos que avaliam o desempenho de protótipos de veículos off-road (para uso fora de estrada) e de aerodesign.

De 14 a 17 de março, em Piracicaba (SP), a equipe Baja UFMG participa da da 19ª Competição Baja SAE Brasil Petrobras, envolvendo protótipos de veículos off-road. O grupo concorre com outras 80 equipes, de 68 instituições de ensino superior de 17 estados e Distrito Federal. Formada por 21 estudantes de engenharia, a equipe conquistou, no ano passado, a etapa Sudeste Fiat da modalidade.

Durante a competição, o veículo, feito para um piloto, é avaliado em duas etapas. Nas provas estáticas são levados em conta o projeto de engenharia e a segurança. Na etapa dinâmica, os critérios são conforto, tração, aceleração, velocidade máxima e enduro de resistência. Vence o veículo que apresentar maior resistência e menos estragos durante as quatro horas de provas em pista acidentada e com obstáculos.

Já a equipe de aerodesign da UFMG Uai Sô Fly! participa, entre 15 e 17 de março, da SAE AeroDesign East Competition, em Fort Worth, no Texas, Estados Unidos. Atual campeã mundial pela Classe Regular, a Uai Sô Fly, da UFMG, formada por nove estudantes e um piloto, construiu um avião monoplano de 3,7m de envergadura. A aeronave, que pesa 3,2kg, transporta até 18kg de placas de aço.