Busca no site da UFMG

Nº 1832 - Ano 39
19.8.2013

Celso Furtado escreveu mais de 30 livros, publicados em diversos idiomas. Além de teórico, foi também um homem de gestão. Durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), criou e dirigiu a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), um dos marcos históricos da ampliação do desenvolvimento brasileiro em direção ao Norte e Nordeste do país. Também foi ministro do Planejamento durante o governo de João Goulart (1961-1964) e, mais recentemente, na década de 1980, ministro da Cultura no governo de José Sarney.

Sob a inspiração de Celso Furtado

Colóquio na UFMG discute papel central da cultura no desenvolvimento

Ewerton Martins Ribeiro

Celso Furtado é considerado por muitos o cientista social latino-americano mais lido em todo o mundo. Marcou o pensamento econômico brasileiro ao lançar um olhar para a questão econômica sob a ótica dos países subdesenvolvidos. Nesta quarta-feira, dia 21, a Faculdade de Ciências Econômicas (Face) recebe o 5º Colóquio Celso Furtado sobre Cultura e Desenvolvimento justamente com o intuito de retomar a reflexão e o debate em torno do projeto nacional de desenvolvimento, tendo como base a centralidade da cultura, nos termos propostos pelo economista no conjunto de sua obra.

Celso Furtado se dedicou ao entendimento da mecânica do subdesenvolvimento. Viúva do intelectual e diretora do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento, Rosa Freire d’Aguiar Furtado afirma que ele “não se satisfez em apontar caminhos: foi buscar na realidade o interlocutor passível de conduzir o país ao pleno desenvolvimento, dando às ideias a musculatura da esperança em ação”.

O público esperado são gestores públicos e privados, pesquisadores, artistas, produtores culturais e empresários. O evento acontece das 9h às 18h, no auditório 3 da Face, no campus Pampulha, e conta com ampla programação, condensada em um dia. A participação, gratuita, dispensa inscrição. O auditório dispõe de 120 lugares.

Inicialmente, o Colóquio seria realizado em São Paulo, mas as professoras Ana Flávia Machado, do curso de Ciências Econômicas da Face, e Diomira Faria, do curso de Turismo do IGC, sugeriram ao Ministério da Cultura que o evento fosse sediado na UFMG. “Professores do Departamento de Ciências Econômicas vem, há muito, pesquisando e difundindo a obra de Celso Furtado; vários grupos de estudo foram formados para tratar de seu pensamento, enfatizando, sobretudo, a perspectiva de desenvolvimento abordada por ele. Aproveitando esse histórico, assim como a existência de um grupo de pesquisa em Economia da Cultura neste departamento, solicitamos ao MinC trazê-lo para cá ”, afirma Ana Flávia Machado.

A edição do dia 21 é a última de uma série de eventos realizados nas cinco regiões do país. Campina Grande, Brasília, Curitiba e Belém receberam as anteriores – duas em 2012 e outras duas este ano. A reunião da região Sudeste terá como tema a gestão cultural e as políticas públicas. Após este último encontro, as contribuições resultantes serão publicadas em volume único, a ser disponibilizado no Observatório Brasileiro da Economia Criativa (Obec) do MinC.

O 5º Colóquio Celso Furtado sobre Cultura e Desenvolvimento é uma realização da Secretaria da Economia Criativa do Ministério da Cultura (MinC), do Centro Internacional Celso Furtado e do Instituto Itaú Cultural, com apoio do Cedeplar e do Instituto de Geociências da UFMG. Além da programação específica, o evento contará com a apresentação do Grupo de Contadores de Estórias Miguilim, de Cordisburgo, que apresentará textos da obra-prima de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas.

Programação

O Colóquio começa às 9h. Entre 10h e 11h30, José Márcio Barros, professor da PUC Minas, e Ricardo Gazel, da Fundação Dom Cabral, ministram palestra com o tema Gestão cultural e políticas públicas. A seguir, haverá um debate com os espectadores.

Após o intervalo do almoço, três palestrantes abordam o tema Cultura, planejamento e desenvolvimento, a partir das 14h30. Participam o professor Cesar Ricardo Bolaño, curador dos Colóquios Celso Furtado e vinculado à Universidade Federal de Sergipe (UFS); João Antonio de Paula, pró-reitor de Planejamento da UFMG; e Roberto Monte-Mór, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Face e do Núcleo de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo (NPGAU) da Escola de Arquitetura. “A ideia é estimular uma discussão sobre a complexidade do desenvolvimento, levando em consideração questões como território, planejamento e formação de identidade, tendo a cultura como uma das chaves nesse processo”, aponta Ana Flávia.