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Nº 1838 - Ano 40
30.09.2013

Encarte/Semana do Servidor

Hospital humanizado

Com índice de partos normais acima de 80%, Risoleta Neves é referência nacional; unidade já é primeira opção para muitos estudantes de ciências da saúde

Matheus Espíndola

Conforme o entendimento predominante, o parto humanizado se caracteriza por ser o mais próximo possível do sugerido pelos instintos naturais. Sem aplicação de anestesia e outros medicamentos, a tendência é que a mãe se restabeleça mais rapidamente e tenha uma percepção mais positiva da experiência.

Apostando nessas e em outras vantagens, o Hospital Risoleta Toletino Neves (HRTN), que completa quinze anos em 2013 e é gerido pela UFMG há sete, lança mão, sempre que possível, do procedimento humanizado. “A gestante escolhe quem quer ao seu lado e sua vontade orienta todo o processo fisiológico do parto”, acrescenta o diretor da unidade, professor Ricardo Figueiredo, da Faculdade de Medicina.

Enquanto a média de partos cesarianos realizados na região Sudeste, segundo o Ministério da Saúde, ultrapassa 40%, o HRTN atingiu recentemente o índice de apenas 18% – muito próximo dos 15% recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Ricardo explica que o projeto do HRTN conta com enfermeiras obstetras, doulas (profissionais que dão suporte físico e emocional à gestante, antes, durante e após o nascimento do bebê) e tecnologias como o uso da bola de pilates para ajudar na postura, mobilidade pélvica e movimentação da mulher durante o trabalho de parto.

Por conta disso, o hospital, que promove cerca de 250 nascimentos ao mês, tem sido objeto de atenção por parte de pesquisadores do tema. “Somos frequentemente visitados e citados em publicações sobre saúde”, conta o diretor. Atualmente o Risoleta Neves é reconhecido também como unidade hospitalar de referência para pacientes de doenças clínicas, neurológicas e vasculares de média e alta complexidade no eixo norte de Belo Horizonte e Região Metropolitana.

modelo assistencial

Gestão clínica dos pacientes a partir do pronto socorro com modelo de cuidado definido pelo perfil de necessidade dos usuários

‘Hospital de ensino’

Inaugurado em 21 de setembro de 1998, a um custo superior a R$ 90 milhões (provenientes dos governos federal e estadual), o então Pronto Socorro de Venda Nova foi idealizado para garantir atenção à saúde na região Norte de Belo Horizonte e esteve sob direção, até 2006, da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).

Há sete anos, a convite da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), a UFMG assumiu a gestão. O HRTN foi certificado como “hospital de ensino” em 2009, constituindo-se como campo de estágio para alunos de cursos técnicos, de graduação, residência médica e residência multiprofissional.

A cada dois anos, o hospital é submetido à avaliação dos ministérios da Educação (MEC) e da Saúde, de cuja aprovação depende para seguir enquadrado como instituição que desenvolve formação de recursos humanos e pesquisa tecnológica para o Sistema Único de Saúde (SUS). Os indicadores dessa avaliação são distribuídos em quatro eixos: ciência e tecnologia; gestão; ensino; e assistência à saúde. Dados de 2011 contabilizavam somente 137 hospitais portadores desse certificado em todo o Brasil.

Sarah Dutra
Ricardo Figueiredo: relação ensino/assistência é o diferencial do Hospital
Ricardo Figueiredo: relação ensino/assistência é o diferencial do Hospital

Ricardo salienta que todos os profissionais do HRTN precisam estar alinhados com a filosofia de vinculação entre atendimento, pesquisa e ensino. Programas pedagógicos e de capacitação profissional nas áreas de Medicina, Enfermagem, Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Educação Física são conduzidos pelo hospital. Quase a metade dos internatos da Faculdade de Medicina da UFMG ocorre no HRTN, onde trabalham 1.700 profissionais.

Segundo detalha Ricardo, aspecto diferencial da política adotada pelo HRTN é a relação do campo de assistência com o ensino. Ele conta que, a partir da chegada da UFMG à gestão do hospital, discussões com a comunidade determinaram o modelo de atendimento a ser seguido na unidade. O diretor se orgulha do prestígio crescente do modelo de ensino praticado, que é referência para estudantes das ciências da saúde. “Se, no começo, ocorria um ‘sorteio invertido’ para atuar no Risoleta, ou seja, os últimos vinham para cá, hoje posso dizer que somos, muitas vezes, a primeira opção”, finaliza.

Desde a sua vinculação à Universidade, o HRTN elaborou ações que contribuem para a sua consolidação como importante campo de formação em serviço. No período entre 2009 e 2012, 5.634 estudantes participaram de programas oferecidos pela instituição, o que inclui estágios curriculares nas áreas de medicina, enfermagem, nutrição, terapia ocupacional, fisioterapia, serviço social, fonoaudiologia, farmácia, psicologia, gestão de serviço de saúde e educação física, com entrada média de 977 acadêmicos por ano. Em relação às publicações realizadas pelos profissionais do HRTN, observa-se um crescimento de mais de 50% em 2012 em relação a 2011, demonstrando que o hospital passou a ser reconhecido como espaço de pesquisa e ensino.



1998
Inauguração do Hospital

Até maio de 2006
Gestão da Fhemig

A partir de maio de 2006
Vigência de convênio entre UFMG/Fundep
e a SES-MG para ­gerenciamento do HRTN

2009
Certificação como “hospital de ensino” pelos ministérios da Saúde e da Educação
O HRTN é referência para a população de 1,1 milhões de habitantes de dez municípios do eixo Norte da região metropolitana. Confira os percentuais de atendimento por município em 2012:

Belo Horizonte – 65%

Santa Luzia – 12%

Ribeirão das Neves – 9%

Vespasiano –9%

Lagoa Santa – 1%

Outros – 4%