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Nº 1838 - Ano 40
30.09.2013

Encarte/Semana do Servidor

opiniao

Veteranos e novatos no lugar certo

Trajetórias de mais de três décadas como parte do quadro de servidores da UFMG e o amor pelas atividades que desempenham são traços em comum entre o professor Jacyntho Lyns Brandão, da Faculdade de Letras, e a diretora do Departamento de Administração de Pessoal, Helena Maria de Deus Castro. Ambos já cumpriram os requisitos de idade e de tempo de contribuição no serviço público, mas ainda não definiram quando vão se aposentar.

Para Jacyntho, a principal característica da Universidade é “o gosto pelo novo e a capacidade de contaminar com ele todos os que por aqui passam, de modo que cada um empenhe o que tem de melhor para superar-se”. Esse sentimento há muito envolveu Helena Castro, que reconhece o quanto cresceu pessoal e profissionalmente desde 1981, quando prestou concurso. “É difícil deixar a UFMG”, declara. Contudo, ela reconhece que atualmente existe um novo perfil de servidor: aquele que chega mais qualificado e prioriza a própria carreira, sem ficar preso a uma determinada instituição.

Segundo o pró-reitor de Recursos Humanos, professor Roberto Nascimento, nos últimos anos, mais de 90% dos aprovados em concurso para funções de nível médio têm curso superior completo. “Temos ouvido muitos elogios ao trabalho que realizam, mas no médio prazo é possível que boa parte desses servidores tenda a sair em busca de oportunidades e salários mais condizentes com seu nível de capacitação”, avalia. Em sua opinião, a chance que a Universidade tem para manter esses servidores é cativar, “para que as pessoas se apaixonem e fiquem aqui”.

Sarah Dutra
“O que mais gosto de fazer é dar aula”

Jacyntho Lyns Brandão

Aprovado em concurso público há pouco mais de um ano, o professor Rodrigo Ribeiro Resende, do Departamento de Bioquímica e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas, garante que chegou para ficar. “Estou no lugar certo, é aqui que quero me estabelecer como pesquisador”, afirma. Outra recém-chegada que se desmancha em elogios ao falar da Universidade é a analista de Tecnologia da Informação Anne Patrícia Silva Carvalho, que entrou em exercício há dois anos. Além da qualidade de vida proporcionada pelo ambiente de trabalho no campus Pampulha, ela ressalta a estabilidade do cargo público e a dinamicidade de suas tarefas, ao transitar por diversos setores nas atividades que realiza na Pró-reitoria de Recursos Humanos.

Sarah Dutra
“Não tenho planos de sair da UFMG”

Anne Patrícia Carvalho

Anne diz que ainda se espanta com a burocracia que envolve o serviço num órgão público, mas que, por outro lado, já passou a fase de adaptação às estruturas que envolvem sua atuação. Especializada em gerência, telecomunicações e rede de computadores, ela pretende fazer mestrado, o que enxerga como forma de crescimento profissional. “Não tenho planos de sair da UFMG”, comenta.

Dois amores

Em quase 40 anos de UFMG, por várias vezes Jacyntho Lyns Brandão dividiu seu tempo entre a sala de aula e os gabinetes administrativos. Foi chefe de departamento, coordenador de colegiado, diretor da Faculdade de Letras por duas gestões e vice-reitor. Quando acabava de completar sete anos ininterruptos em cargos burocráticos, disse ter a sensação de estar repetindo a história do pastor bíblico Jacó, cantada em verso por Camões. O pastor servira a Labão em troca da mão de Raquel, mas ao final de sete anos recebera a primogênita, Lia. E se dispôs a outros sete anos de trabalho, para finalmente desposar a irmã mais nova. “Tenho a certeza de que, dedicando-me de novo inteiramente ao prazeroso trabalho de docente, sirvo a nossa Universidade com o mesmo empenho, e posso dizer com a tranquilidade de Jacó: mais servira, se não fora para tão longo amor tão curta a vida”, disse o professor de Literatura.

Depois de um semestre de férias-prêmio, gozadas no ano passado, Jacyntho se refere ao prazer que desfrutou ao participar de eventos acadêmicos “desde a conferência de abertura à de encerramento”, algo impensável para quem está preso à atividade semanal em sala de aula, e garante que não sentiu falta da UFMG. Paradoxalmente, conta que sua atividade favorita é dar aula, sobretudo na graduação e particularmente para calouros, por ser o momento de chegada à Universidade, em que o curso é menos previsível e os estudantes têm mais curiosidade. “Como dizia Platão, o princípio é a mais importante de todas as coisas. Por isso nunca parei de dar aula, nem quando fui vice-reitor”, ressalta. E acrescenta que mesmo depois de um dia atribulado, quando acaba a atividade em sala, não se sente cansado. “É gostoso o contato com os alunos, até porque aluno nunca fica velho, sempre tem 18, 19 anos – eles vão mudando, e a gente tem sempre que pensar coisas novas”, observa.

Com relação às atividades burocráticas, Jacyntho Lins Brandão as considera necessárias, para criar condições de pôr em prática projetos e ideias, o que não significa que todos os docentes devam, necessariamente, ocupar cargos de chefia. “A Universidade tem que fazer tudo, não as pessoas. Nem mesmo a pesquisa deve ser obrigatória, pois um docente pode estar interessado em ensino, e isso também é produção acadêmica – basta que ele registre o que faz, como material didático”, opina.

Sarah Dutra
“É aqui que quero me estabelecer como pesquisador”

Rodrigo Resende

Na fase inicial de sua trajetória na Universidade, o professor Rodrigo Resende consegue se ver em cargos administrativos, “mas bem no futuro”. Em sua opinião, o docente precisa inicialmente estabelecer seu grupo de pesquisa e promover os resultados dos projetos aprovados pelas agências de fomento. “Acredito que chega um ponto na carreira em que o professor tem condições de contribuir para melhorar a estrutura do seu departamento ou de sua unidade acadêmica, o que nem sempre consegue apenas dando sugestões para que outros realizem”, pondera.

Roberto Nascimento destaca que além de condições adequadas para o desenvolvimento das atividades de trabalho, é importante que a Instituição também procure oferecer oportunidades para que servidores de diferentes cargos e funções, atuando em unidades e órgãos distintos, possam trocar ideias, experiências e ideais. Nessa perspectiva, diz ele, os eventos que compõem a Semana do Servidor da UFMG podem se apresentar como algumas dessas oportunidades, “ao aliar opções que vão do acadêmico-científico ao lúdico, numa fórmula que busca unir essas duas dimensões na tentativa de promover congraçamento entre servidores docentes e técnico-administrativos”.

Horizontes largos

Antes de assumir a direção do Departamento de Administração de Pessoal (DAP) em março de 2012, a servidora Helena Maria de Deus Castro passou por setores e funções ao mesmo tempo distintos e complementares, que lhe deram visão estratégica da Universidade. Desde o início dos anos 80, inicialmente sob a coordenação do professor José Alberto Magno de Carvalho e depois com Mauro Braga, trabalhou na Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD), numa época em que as políticas da carreira estavam sendo estabelecidas na Universidade. “Tive contato com muitas pessoas que tinham ideias diferentes sobre o mesmo assunto, e isso alarga os horizontes”, avalia.

Na década seguinte, por escolha pessoal, atuou como secretária do Departamento de Engenharia Metalúrgica, na Escola de Engenharia. “Lá pude conhecer a rotina de uma unidade acadêmica e ter contato mais próximo com a comunidade externa, sobretudo com empresas, devido ao grande número de convênios e de profissionais que faziam pós-graduação”, relembra.

A convite do então pró-reitor de Planejamento, Ronaldo Pena, voltou para o prédio da Reitoria, no campus Pampulha, onde passou a lidar com orçamento e o patrimônio da Universidade. A fase seguinte de sua trajetória foi como subchefe de gabinete, ao lado do professor Mauro Braga, nas gestões da reitora Ana Lúcia Gazzolla e do professor Ronaldo Pena. “Aprendi muito naquele ambiente amplo de demandas, já que o gabinete recebe solicitações de toda a Universidade – dos diversos setores, unidades, alunos, docentes e servidores técnico-administrativos”, comenta.

Na direção do DAP, Helena teve contato com outra dimensão do trabalho da Instituição. “Tudo recai aqui, e o volume é sempre grande – na casa das centenas ou milhares de lançamentos manuais de dados mensais, além do que o sistema atualiza automaticamente”, relata, lembrando que o DAP lida com universo de aproximadamente 14 mil pessoas, incluindo os quase oito mil servidores na ativa, além de aposentados e pensionistas.