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Nº 1844 - Ano 40
11.11.2013

Escala e visibilidade

Centro de Estudos Europeus convoca pesquisadores para encontro no dia 29 e prepara jornada internacional para o início de 2014

Itamar Rigueira Jr.

Articular pesquisas e pesquisadores, buscar parcerias e recursos para ganhar em escala e visibilidade, sempre em bases interdisciplinares. Essa seria uma forma adequada de resumir os objetivos do Centro de Estudos Europeus (CEE), um dos eixos do amplo projeto de internacionalização recém-lançado pela UFMG.

E o CEE já tem agenda definida para o curto prazo. No dia 29 deste mês de novembro (na sala 2001 da Faculdade de Letras, a partir das 14h), vai reunir pesquisadores da UFMG com interesse nos estudos europeus, com ou sem parceiros na Europa. A ideia é consultar a comunidade sobre intenções e expectativas. Nos dias 17 e 18 de fevereiro, o Centro vai promover jornadas com convidados de diversos países que culminarão em mais um encontro com a comunidade acadêmica para apresentação de suas ações e chamadas de projetos.

“Vamos constituir um centro indutor de projetos, criando condições para cooperação e captação de recursos”, afirma o professor Ivan Domingues, diretor do Centro de Estudos Europeus. Ele lembra que o CEE foi um dos parceiros do Instituto Brasil-Europa (IBE) na organização do colóquio internacional Tecnologia e democracia: governança, ativismo e accountability (entre 30 de outubro e 1º de novembro, no campus Pampulha), e salienta que o encontro do fim deste mês deverá se beneficiar dos resultados e informações gerados por workshop que fechou o colóquio, reunindo pesquisadores europeus de diferentes nacionalidades e brasileiros de diversos pontos do país.

Ciências sociais aplicadas

“Em suas diferentes frentes de atuação, o CEE se espelha em centros e institutos dedicados a estudos europeus pelo mundo afora, modelados e administrados pelas universidades, com suas particularidades e ênfases acadêmicas”, explica Domingues. “Mas, diferentemente daqueles ligados diretamente à União Europeia, com a missão de preparar quadros para diferentes escalões, o nosso Centro dará às suas linhas de ação um viés de ciências sociais aplicadas. Ou seja, favorecerá e acolherá temas de natureza socioeconômica, abarcando políticas públicas, relações internacionais e assuntos correlatos. ”Isso não quer dizer”, ressalva o diretor, “que não haverá espaço para estudos linguísticos, históricos e culturais, enfatizados pelos primeiros institutos do gênero. Ao mesmo tempo, áreas mais duras de ciência e tecnologia, bem como a de saúde, também serão contempladas na medida em que aparecerem vinculadas às políticas públicas”.

Além de promover a integração de estudos europeus na UFMG, o CEE também atuará como articulador de financiamentos; nesse sentido, no dia 29 de novembro serão discutidas propostas envolvendo parceria com a Fapemig e visando à preparação da comunidade para as chamadas de projetos da União Europeia, no âmbito do programa Horizon 2020, que está sendo renovado para o período 2014-2020. “O Tema 8, voltado para Humanidades e Ciências Socioeconômicas e pouco explorado no Brasil, é excelente oportunidade para os nossos pesquisadores”, afirma Ivan Domingues, acrescentando que o CEE está disposto a franquear aos grupos qualificados da UFMG aporte financeiro para a preparação de projetos, “por meio de linha de financiamento modesta, mas que se espera eficaz e profícua”.

Legado e cursos

O CEE incorpora o legado do Instituto Brasil-Europa (IBE), consórcio de universidades brasileiras e europeias criado em 2010, com apoio da União Europeia, e que terá suas atividades encerradas este mês. Coordenado pela USP, o IBE desempenhou o papel de estreitar laços para contribuir para o desenvolvimento do Brasil, de acordo com o projeto, em várias áreas. Entre os resultados da iniciativa, está a concepção de dois cursos de pós-graduação. O primeiro, stricto sensu, envolve diferentes universidades e está sob análise da Capes; o segundo, lato sensu, visa formar quadros para a administração pública e para o setor privado, além de ONGs, com coordenação da UFMG, da Fundação João Pinheiro e da École Nationale d‘Administration (ENA) francesa. A Pró-reitoria de Pós-graduação já recebeu o projeto do curso.

Uma das últimas iniciativas do Instituto Brasil-Europa, o colóquio recém-sediado na UFMG pôs em evidência um tema que promete mobilizar de forma significativa os estudos vinculados ao CEE. “Brasil e Europa partilham dilemas e têm experiências valiosas. As mesas do colóquio discutiram de forma muito rica as questões que relacionam política e tecnologia”, informa o professor Ricardo Fabrino de Mendonça, do Departamento de Ciência Política da Fafich. Os debates reuniram pesquisadores e realizadores, como ativistas digitais. “Os europeus ficaram impressionados com iniciativas de governo eletrônico e transparência no Brasil. Este será certamente um dos eixos do diálogo horizontal entre nossos pesquisadores e os da Europa”, afirma Fabrino, que é um dos coordenadores do Grupo de Pesquisa Democracia Digital.