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Nº 1851 - Ano 40
10.02.2014

O velho continente em perspectiva

Jornada na UFMG discutirá modelos que orientam investigações científicas sobre a Europa

Ana Rita Araújo

Referência para todo o mundo em temas como línguas, cultura e história, a Europa vem sendo esquadrinhada, há décadas, por estudiosos de vários países, esforço que levou à criação dos chamados centros de estudos europeus, como os espalhados pelas universidades norte-americanas, tradicionalmente voltados para as humanidades. Com o surgimento da União Europeia, o Velho Continente passou a ser observado também na perspectiva das ciências sociais aplicadas, que incluem interesses em relações internacionais, cooperação, direito, administração, economia e política.

Esses dois principais modelos historicamente adotados para realização de investigações científicas sobre a Europa serão objetos de discussão no campus Pampulha na próxima semana, durante a I Jornada de Estudos Europeus. Especialistas de instituições como o Collège d’Europe , de Bruges (Bélgica), vinculado à União Europeia, a Freie Universität Berlin (Alemanha) e a Università di Bologna (Itália), além da japonesa Hitotsubashi University, da britânica Kent University e da norte-americana University of Illinois, vão relatar suas experiências de trabalho a pesquisadores da UFMG que tenham laços ou projetos comuns com a Europa.

O evento será realizado na Faculdade de Ciências Econômicas (Face) nos dias 17 e 18 de fevereiro. Além das mesas voltadas para a discussão em torno desses modelos e das experiências dessas instituições, haverá uma atividade – a última mesa – na qual os pesquisadores da UFMG apresentarão seus projetos ou temas relacionados com a região, seguida de exposições de representantes de agências de fomento e especialistas de universidades europeias familiarizados com editais e fontes de financiamento, abertos a parcerias com a comunidade internacional, incluindo o Brasil e a UFMG.

Aos pesquisadores da UFMG também será apresentado edital recém-lançado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) que contempla estudos europeus e disponibiliza recursos de R$ 1 milhão para financiamento de projetos em diversos campos do conhecimento. “Tal iniciativa coroa uma série de conversas mantidas com a direção da Fapemig, desde 2012, e constitui excelente oportunidade para sustentar e consolidar os esforços do Centro de Estudos ­Europeus (CEE)”, avalia o coordenador do CEE, ­professor Ivan ­Domingues, do Departamento de Filosofia da UFMG. Aberto às instituições de ensino superior, públicas e confessionais, sediadas em Minas Gerais e cadastradas junto à Fapemig, o edital receberá propostas para obtenção de apoio financeiro até 7 de maio.

Políticas públicas

Segundo Ivan Domingues, o propósito da jornada inaugural é discutir modelos e experimentos concernentes a estudos europeus tanto no Brasil quanto em outros países e regiões do globo; apoiar a fundação recente do CEE, “que está modelando um caminho e um desenho institucional próprios”; e estreitar laços e proporcionar trocas entre instituições brasileiras e do Velho Continente, tendo a Europa como tema de suas investigações.

De acordo com o coordenador, embora pretenda seguir o modelo mais recente de investigação que focaliza as ciências sociais aplicadas, o CEE da UFMG não vai restringir seu apoio a determinadas linhas de pesquisa. “A outra vertente, que inclui estudos culturais, históricos e linguísticos, não pode ser deixada de lado”, avalia. Contudo, ao priorizar as ciências sociais aplicadas, o CEE pode atuar como indutor de políticas públicas, em contexto em que está posta a agenda de promoção do desenvolvimento. “Estamos atentos tanto aos editais europeus, que contemplam largamente esse campo, quanto ao edital da Fapemig, que proporcionará aos pesquisadores da UFMG excelentes oportunidades nas duas vertentes”, afirma Domingues, lembrando que, no caso do eixo das ciências sociais aplicadas, a intenção é alargar a ideia de desenvolvimento para além do crescimento do PIB. “Assim qualificaremos o CEE como referência para trabalhar questões estratégicas para o futuro do país”, opina Domingues.

Segundo o coordenador, não é atribuição do CEE envolver-se diretamente com pesquisas nem gerar políticas, mas atuar como centro de reflexão e indução de estudos e de mediação entre grupos brasileiros e europeus. Além das jornadas, o Centro vai realizar eventos regulares, com o intuito de trazer pesquisadores que atuam em linhas de interesse dos projetos já em andamento ou em elaboração na UFMG. “Muitos pesquisadores podem manter conexões com o continente sem passar pelo CEE. O atrativo do Centro é dar visibilidade às iniciativas, além de agregar, promover trocas e construir agendas específicas”, explica o professor.

O CEE foi lançado em maio de 2013 com a presença de 18 embaixadores de países europeus. Mais informações podem ser acessadas na fan page do evento no Facebook.