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Nº 1862 - Ano 40
05.05.2014

Encarte

Portas escancaradas

Pela primeira vez, Jornada de Extensão da UFMG reúne professores, bolsistas e comunidade externa

*Patricia Ester e William Campos Viegas

A construção de uma sociedade mais justa é o objetivo do trabalho conjunto entre Universidade e comunidade, interpolação sustentada pela extensão universitária e que está presente nas diferentes áreas, articulando o saber acadêmico e o gerado fora dos muros universitários. Pela primeira vez, seus atores – estudantes, docentes e representantes da comunidade externa – estarão reunidos em larga escala no mesmo espaço, durante a XIII Jornada de Extensão que o Centro de Atividades Didáticas (CAD 1), no campus Pampulha, recebe nesta quarta-feira, dia 7 de maio, às 14 horas.

As discussões serão norteadas pelo tema Direitos humanos: diálogos e desafios da extensão, em consonância com a proposta do atual Reitorado de implantar uma política voltada para a defesa dos direitos humanos e o respeito à diversidade. “Precisamos avançar nesse sentido. A Universidade, como espaço produtor de conhecimento, tem obrigação de desenvolver uma educação voltada para isso. Além de ser uma área de conhecimento com a qual lidamos cotidianamente, os direitos humanos devem estar articulados a uma política institucional alinhada com o trabalho de formação. A proposta é ter uma política centrada no aspecto educativo e não no punitivo”, explica a vice-reitora Sandra Goulart Almeida, que abrirá o evento.

Segundo ela, a Jornada é ambiente ideal para essa discussão, já que reúne discentes de todas as áreas. “É importante por congregar alunos de todos os cursos e que atuam diretamente com a comunidade externa. No encontro ressaltaremos que a defesa dos direitos humanos vai alcançar o tripé ensino-pesquisa-extensão”, afirma a vice-reitora, que destaca ainda a atuação dos bolsistas. “Eles têm um efeito multiplicador, pois estabelecem vínculos com a comunidade e trazem para a universidade a reflexão que parte da sociedade”, pontua.

A pró-reitora de Extensão, professora Benigna Maria de Oliveira, chama a atenção para a dimensão acadêmica da Jornada: “O objetivo é receber os novos bolsistas e abrir espaço para debates e trocas de experiências com intuito de fortalecer o papel da extensão na formação técnico-científica, pessoal e social do estudante”. Tradicionalmente dedicado ao público acadêmico, o encontro, em sua 13ª edição, vai abrir, pela primeira vez, espaço para membros da comunidade externa. “Além dos bolsistas, representantes da sociedade também relatarão suas experiências. É um momento de aproximação, diálogo e interação com os diferentes atores envolvidos nos projetos”, conta Marcella Assis, diretora de Política de Extensão.

Brigadas populares

Um dos relatos ficará por conta de Flávia Nolasco, militante das Brigadas Populares. Ela contará experiências do Fórum das Juventudes da Grande BH, vinculado ao programa de extensão Observatório da Juventude da UFMG, da Faculdade de Educação. “O projeto cria vínculos entre membros de diversos movimentos sociais, fortalece as redes que os compõem e proporciona uma visibilidade maior aos jovens e às suas ações junto à sociedade”, informa.

Entre as ações relatadas também está o Polo pop de rua, com foco nos moradores de rua da capital e região metropolitana. “Eles estão privados de condições básicas como moradia, saúde, trabalho e renda, além de expostos à violência. Identificamos demandas singulares e coletivas para elaborar, junto com os órgãos municipais, medidas que atendam às necessidades”, explica André Dias, coordenador do projeto, desenvolvido pelo programa de extensão Polos de Cidadania, da Faculdade de Direito.

Os participantes também conhecerão o trabalho A Cidadania da infância em hipermídia: educação para os direitos da criança, da Escola de Ciência e Informação. A iniciativa – realizada junto ao programa de extensão Carro-biblioteca – capacita educadores e jovens que atuam em cinco comunidades atendidas pelo Carro. “Nas oficinas, discutimos o Estatuto da Criança e do Adolescente, violência e abuso infantil, redução da maioridade penal, entre outros assuntos. É um trabalho que busca modificar a percepção dos participantes, que têm compreendido que, em alguns casos, seus direitos são negligenciados e políticas públicas não são implantadas”, explica a coordenadora do projeto, Maria Guiomar da Cunha.

Para Maíra Leão, estudante de licenciatura do 9º período de História, a iniciativa trouxe ganhos para a sua vida acadêmica e pessoal. “Na universidade, ficamos muito focados na teoria; na extensão, temos o contato com outras realidades e podemos vivenciar, de fato, o que encontraremos no campo profissional”, conta ela, que durante um ano trabalhou com crianças e jovens das comunidades por onde o projeto passou.

A programação da Jornada inclui apresentação cultural com integrantes da Geraes Big Band, projeto de extensão da Escola de Música da UFMG, além de debate mediado por um estudante e um docente. São esperados mais de mil alunos, entre bolsistas e voluntários, envolvidos em diversas ações de extensão distribuídas por nove áreas.


*Bolsistas da Assessoria de Comunicação da Pró-reitoria de Extensão