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Nº 1873 - Ano 40
25.08.2014

Ritmos e timbres ditados pela percussão

Festival realizado por grupo da UFMG traz músicos do Brasil e do exterior para apresentações e workshops

Itamar Rigueira Jr.

“Os tambores são os novos violinos”, afirmou há alguns anos o jornalista Allan Kozinn, crítico de música do New York Times. Ele argumentava que, atualmente, os compositores criam, como nunca, pensando nas possibilidades oferecidas pelos instrumentos de percussão. “Foram os instrumentos que mais se desenvolveram nas últimas décadas, e isso é muito evidente no universo da música clássica”, confirma o professor Fernando Rocha, da Escola de Música da UFMG.

Ele coordena o II Festival Internacional de Música – Percussão Contemporânea, que traz a Belo Horizonte nesta semana (27 a 30 de agosto) grandes nomes do Brasil e do exterior para workshops, palestras e concertos gratuitos ou a preços populares. O festival terá a música de concerto como foco, mas reservará amplo espaço para a presença da percussão na música tradicional de várias culturas e na música popular, especialmente a brasileira.

De acordo com Fernando Rocha, muitos dos trabalhos que serão mostrados ao público do evento “ao mesmo tempo respeitam e se alimentam dessas tradições, mas também promovem inovações”. Outros fazem a ponte entre o mundo erudito contemporâneo e linguagens tradicionais, como o Duo Ello, o marimbista argentino Angel Frette e o Grupo de Percussão da Patagônia.

O grupo americano Hands On’Semble, que toca apenas instrumentos percutidos com a mão, volta a Belo Horizonte dez anos depois da primeira edição do festival. Eles pesquisam as tradições que envolvem a percussão e criam música que mistura as diversas influências. Doug Perkins, que vem se apresentar com o Duo Meehan/Perkins, fará palestra sobre sua experiência bem-sucedida com a performance de música contemporânea para grandes plateias – no Central Park de Nova Iorque, por exemplo. Ele promove diálogo entre a percussão e outras famílias de instrumentos e executa obras encomendadas para os grandes espaços.

Outra palestra vai reunir os professores Fábio Oliveira e Fernando Chaib, de Goiás, que iniciam projeto de pesquisa sobre performance em percussão. Eles vão falar sobre como aliar, no meio universitário, pesquisa e performance. A taiwanesa Aiyun Huang, por sua vez, vai abordar a música instrumental teatral e apresentar obras compostas especialmente para o gesto do músico.

A programação inclui também workshops sobre vibrafone (Ted Piltzecker), pandeiro (Guello), bateria (Marcio Bahia) e sobre a linguagem da tabla, instrumento indiano (Shawn Mativetsky). O coordenador do festival comenta que é importante conhecer as pesquisas e a produção dos percussionistas. “A história do repertório para percussão na música erudita é muito recente e, por isso, os instrumentistas são mais abertos às novidades. E os compositores têm preferido produzir para quem está interessado na ­música atual”, afirma Fernando Rocha.

Abertura no gramado

O Grupo de Percussão da UFMG fará o concerto de abertura do Festival Internacional de Música, na quarta-feira, 27, a partir das 19h, no gramado em frente ao prédio da Reitoria. O programa será aberto com a obra IMH (In memoriam Harvey), para percussão e eletrônica. Seis percussionistas e seis caixas acústicas se dispõem em volta do público. “Os sons projetam-se entre os diversos instrumentos, em trajetória acelerada pela eletrônica”, afirma Fernando Rocha.

The invisible men, escrita por Nigel Westlake para o filme mudo homônimo, de 1907, será executada sobre a exibição das imagens do filme. Para encerrar, o grupo vai apresentar arranjos de peças de Hermeto Pascoal, com a participação do baterista Marcio Bahia, que toca com o músico alagoano desde 1981.

O Grupo de Percussão da UFMG é formado por Alex Fraga, Breno Bragança, Carlos Palerosi, Charles Augusto, Felipe Kneipp, Gustavo Brito, Henrique Edwin, Natália Mitre, Paulo Fróis, Rafael Zeringota e Talles Bibiano. A direção é de Fernando Rocha.

II Festival Internacional de Música – Percussão Contemporânea
27 a 30 de agosto, em Belo Horizonte Campus Pampulha, Conservatório UFMG e Fundação de Educação Artística
Realização: Grupo de Percussão da UFMG
Apoio: Instituto Unimed
Patrocínio: Fundação Municipal de Cultura
fimpercussao.com.br www.facebook.com/2fimpercussao