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Nº 1877 - Ano 40
22.09.2014

O bom filho a casa torna

Estudo da ECI mostra que maioria dos profissionais formados pela UFMG mantém vínculo com a Instituição

Ana Rita Araújo

Profissionais graduados pela UFMG acreditam que o curso agregou prestígio social à sua formação e à sua carreira, revela dissertação de mestrado recém-defendida na Escola de Ciência da Informação (ECI) pela pesquisadora Tatiana Queiroz. O estudo catalogou e analisou respostas espontâneas de 1.445 ex-alunos, obtidas por meio de questionário eletrônico que contemplou assuntos acadêmicos, assistenciais e de infraestrutura da Universidade e o relacionamento dos egressos com a Instituição.

A pesquisa mostra que 73% dos egressos trabalham na sua área de formação e que a maioria mantém vínculo virtual com a Universidade – 61% acessam o portal ufmg.br e 22% acompanham notícias via redes sociais – em busca sobretudo de formação continuada. Subcoordenadora do programa Sempre UFMG, desenvolvido pela Diretoria de Cooperação Institucional (Copi) desde 2000, a pesquisadora explica que o perfil traçado no estudo oferece base científica às ações do Programa.

“Nossa amostra foi bem representativa, pois nela havia pessoas de todas as áreas do conhecimento, que passaram por 64 cursos de graduação da UFMG”, avalia Tatiana Queiroz. Segundo ela, a amostra, embora composta sobretudo por profissionais registrados no portal MinhaUFMG, em operação desde 2007, também incluiu estudantes mais antigos. “Houve respondentes que fizeram graduação na década de 1960”, informa.

Apoio

Um dos itens apresentados aos egressos foi a possibilidade de apoiar a Universidade, questão que recebeu 87% de respostas positivas. Ao detalhar as formas pelas quais o ex-aluno concretizaria tal apoio, a realização de palestras sobre a profissão e a carreira foi a opção mais escolhida (63%), enquanto a possibilidade de trabalho voluntário em projetos sociais da Instituição obteve 54% de adesão. A oferta de visitas técnicas ou estágios em suas empresas foi assinalada por 45% dos respondentes.

“Apenas 20% dariam contribuição financeira”, informa a pesquisadora, lembrando que a pergunta sobre criação de um canal de contribuições para o desenvolvimento da UFMG não obteve resposta consensual. “Embora 45% tenham respondido afirmativamente, ao se somar os 26% que não concordam com essa possibilidade com os 29% que responderam ‘talvez’, é possível perceber que não há consenso sobre a questão”, interpreta Tatiana Queiroz.

Ela destaca, entretanto, que o apoio da sociedade – em especial dos ex-alunos – não se dá necessariamente por meio de doações financeiras. “Para se renovar constantemente, uma universidade precisa da sustentação da sociedade e de seus egressos”, diz, lembrando que é necessário despertar no estudante a consciência cidadã para que, depois de formado, ele se disponha a contribuir com a instituição que o acolheu.

Memórias positivas

Depois de avaliar respostas e demandas apresentadas pelos egressos, a pesquisadora conclui que, para reforçar o vínculo entre corpo discente e Universidade, é preciso criar memórias positivas durante o curso, melhorando a qualidade dos serviços e incentivando o bom relacionamento com os corpos docente e técnico. Nada menos que 94% dos participantes da pesquisa relataram ter tido experiências positivas com a graduação, destacando nesse item o ensino de qualidade. “Quando perguntados sobre o principal ponto negativo, 23% apontaram a lentidão dos serviços administrativos, e 20% falaram das greves. Contudo, 22% não relataram qualquer ponto negativo”, informa Tatiana Queiroz.

A pesquisa também sondou as demandas desse público interessado em manter vínculos com a UFMG, não importando quantos anos se passem desde a conclusão do curso. As principais reivindicações foram a adoção de descontos no pagamento de cursos de especialização e a continuidade do empréstimo domiciliar de obras do acervo do Sistema de Bibliotecas. Entre as propostas apresentadas pela pesquisadora, está a possibilidade da criação de uma rede social interna, aproveitando o próprio sistema de informações do Sempre UFMG, o que facilitaria o contato com ex-colegas. Tatiana sugere ainda que o Programa atue nas unidades acadêmicas, para se tornar conhecido do corpo discente, e propõe a realização de mais eventos esportivos e a ampliação de encontros comemorativos de antigas turmas, atualmente promovidos por poucas faculdades.

Tatiana cita outra mudança, que não decorre diretamente da pesquisa, mas contribuirá para fortalecer vínculos com os egressos: a plataforma Perfil – Rede de Oportunidades, que recebe e disponibiliza informações sobre ofertas de vagas e currículos. Atualmente direcionada aos ex-alunos, será modificada para funcionar também como mural eletrônico de estágios e bolsas para alunos de graduação. “Essa alteração será positiva, pois o estudante se familiarizará com o uso de uma ferramenta que, após a conclusão do curso, funcionará como canal de integração com a Universidade”, diz.

Dissertação: O bom filho a casa sempre torna: análise do relacionamento entre a Universidade Federal de Minas Gerais e seus egressos por meio da informação
Autora: Tatiana Pereira Queiroz
Defesa: agosto de 2014, no Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da UFMG
Orientador: Cláudio Paixão Anastácio de Paula
Co-orientadora: Lígia Maria Moreira Dumont