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Nº 1877 - Ano 40
22.09.2014

Encontro com a sacralidade

Museu de Sant’Ana, em Tiradentes, reúne imagens da avó de Cristo produzidas por artistas anônimos entre os séculos 17 e 19

Hugo Rafael

Cerca de 300 imagens de Sant’Ana, mãe de Maria e avó de Jesus Cristo, passaram a compor, desde a última sexta-feira, acervo do primeiro museu no mundo totalmente dedicado àquela que, para os católicos, é a santa protetora das famílias. As obras, reunidas pela presidente do Instituto Cultural Flávio Gutierrez (ICFG), Ângela Gutierrez, após quatro décadas de buscas e pesquisas, podem ser vistas pelo público no prédio que abrigou a cadeia pública da histórica Tiradentes, localizada a 190 quilômetros de Belo Horizonte.

Fruto de parceria entre o Instituto e a UFMG, por meio da Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade (FRMFA), o Museu de Sant’Ana passará a integrar o campus cultural de Tiradentes. O professor Jacyntho Lins Brandão, coordenador pro tempore do campus, acredita que a inauguração do museu contribui para “tornar permanente e orgânica a atuação da UFMG em Tiradentes”. Ainda neste ano, segundo o professor, proposta de institucionalização do campus como unidade especial da Universidade deve ser encaminhada à Administração Central. “A inauguração do Museu de Sant’Ana é mais um passo nesse processo”, afirma.

As imagens de Sant’Ana que compõem o acervo do museu são oriundas de várias regiões do Brasil. Entre as obras, estão peças eruditas e populares produzidas por artistas anônimos dos séculos 17 a 19. “A paixão pela arte antiga brasileira e, em especial, pelo barroco, me fez mergulhar em definitivo no universo fantástico e emocionante da arte religiosa”, conta Ângela Gutierrez. Na inauguração do museu, no dia 19, todas as peças foram doadas ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O prédio que abriga o museu, tombado pelo Iphan, foi cedido pela Fundação, que o administra desde setembro de 1984, quando o recebeu do governo de Minas Gerais. Jacyntho Brandão, que também ocupa o cargo de superintendente-executivo da Fundação, lembra que a doação, feita por meio de Lei Estadual, já previa a instalação de um museu de arte sacra na cidade. “A inauguração do Museu de Sant’Ana consolida o atendimento a essa exigência anterior”, explica.

Campus cultural

O campus cultural de Tiradentes, incluído no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da UFMG para o quinquênio 2013-2017, já conta com o Museu Casa Padre Toledo, inaugurado em 2012. Local do primeiro encontro entre os inconfidentes mineiros, em 1788, seu edifício é um dos quatro imóveis na cidade pertencentes à Fundação. Além da cadeia pública, onde está instalado o Museu de Sant’Ana, os prédios da Câmara Municipal e do Centro de Estudos, da Galeria e da Biblioteca Miguel Lins também vão integrar o campus cultural.

A cessão do prédio para a instalação do Museu de Sant’Ana foi feita por meio de convênio, que tem duração inicial de 20 anos. Segundo Jacyntho Brandão, em contrapartida à cessão do imóvel para o museu, que será gerido pelo Instituto Cultural Flávio Gutierrez, serão construídos biblioteca e centro de estudos sobre o século 18. “Nosso projeto já foi aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura, e agora entramos em fase de captação de recursos. Com a biblioteca e o centro de estudos, vamos concluir o plano inicial de constituição do campus cultural de Tiradentes”, explica.

Criada pela família Nabuco, em 1970, a FRMFA tem o objetivo de zelar pelo patrimônio histórico de Tiradentes, e, a partir de 1997, com a alteração do estatuto, a gestão e a coordenação foram transferidas para a UFMG. As obras de restauração e adaptação do prédio da cadeia pública que sedia o Museu de Sant’Ana foram financiadas pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Rua Direita, 93 – Entrada pela Rua da Cadeia – Centro – Tiradentes/MG
Informações: (32) 3355-2798
Horário de visitação: de quarta a segunda, das 10h às 19h
Entrada: R$ 5 e R$ 2,50 (meia)