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Nº 1909 - Ano 41
22.06.2015

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Apropriar e transformar

47º Festival de Inverno da UFMG estimulará reflexão sobre o trânsito entre saberes e a ocupação dos espaços urbanos

Ewerton Martins Ribeiro


De 17 a 25 de julho, a UFMG realiza, em Belo Horizonte, a 47ª edição do seu Festival de Inverno com o tema Apropriação e transformação dos espaços da cidade e da universidade. A ideia é que o evento favoreça discussões sobre o trânsito de saberes acadêmicos e não acadêmicos e o caráter público dos campi das universidades, entre outras.

Na avaliação da vice-reitora Sandra Goulart Almeida, o evento tem significado especial para a Universidade: “Ele se configura como espaço permanente e profícuo para a experimentação, para a inovação, para a transformação e para a reflexão, constituindo-se, ainda, em ambiente de diálogo com outras formas de conhecimento. Segundo a vice-reitora, a Instituição espera fortalecer suas interações com a capital, Belo Horizonte. “Queremos construir espaços para as trocas e compartilhamentos e que essas oportunidades perdurem”, sustenta.

Os próprios locais de realização das atividades do evento refletem essa orientação. Elas ocorrerão não só no campus Pampulha e em outros ambientes da UFMG em Belo Horizonte – como o Centro Cultural e o Conservatório –, mas também em espaços emblemáticos da cidade, como as praças da Liberdade e Duque de Caxias e o Parque Municipal.

“Por muito tempo, o Festival ficou longe dos olhos dos campi de Belo Horizonte e da própria cidade. Buscaremos renovar esse diálogo e as relações do Festival com a instituição que o criou e com a capital”, analisa a professora Leda Maria Martins, titular da Diretoria de Ação Cultural da UFMG, instância responsável pela organização do evento. “As universidades devem ser reconhecidas como espaços públicos, partes integrantes das cidades em que estão situadas, e não como algo separado delas”, argumenta.

Walter Carvalho
Antonio Nóbrega: aula-espetáculo
Antonio Nóbrega: aula-espetáculo

Para o diretor adjunto de Ação Cultural, Fernando Mencarelli, na medida em que retorna a Belo Horizonte, o Festival faz um movimento de reflexão sobre o seu próprio lugar na dinâmica urbana. “Hoje, busca-se uma abertura maior da Universidade e uma relação renovada com a cidade”, sustenta.

Aulas abertas

Nessa linha de aproximação com a capital, uma das novidades da programação são as aulas abertas: durante toda a semana, nomes da cultura e da educação brasileiras (sejam da academia, como a professora da Escola de Belas-Artes Mariana Lima Muniz, sejam de fora dela, como o músico Maurício Tizumba) vão ministrar aulas públicas e gratuitas, em espaços abertos.

“O conhecimento em arte produzido na Universidade precisa dialogar com aquele gerado fora. Daí a importância dessa programação. Existe uma fissura entre o que se faz no âmbito acadêmico e fora da Universidade em termos de arte, e o Festival de Inverno, por sua própria natureza e história, tem a potencialidade de colaborar para o fomento desse vínculo”, afirma a professora Mônica Medeiros Ribeiro, da Escola de Belas-Artes e coordenadora do Festival.

Foca Lisboa
Maurício Tizumba: show e aula aberta
Maurício Tizumba: show e aula aberta

Também da EBA, outro coordenador do Festival, professor Ernani Maletta, ressalta o caráter utópico que motivou a escolha dessa diretriz conceitual: a plenitude da interseção cidade-universidade. “É claro que esse é um horizonte inalcançável, mas, como toda utopia, serve para direcionar nossas ações”, ­explica Malleta. Para ele, mais do que o caráter prático, importa o aspecto simbólico dessa contraocupação: “Queremos refletir sobre o espaço simbólico que a universidade ocupa na cidade, o espaço simbólico que a arte ocupa na nossa vida e o espaço simbólico que ocupamos na vida do outro”, teoriza.

A programação inclui oficinas que abordam desde o cinema (Um cinema da diversidade estética e narrativa, com Joel Zito Araújo) até manifestações da cultura afro-brasileira (Cantando e reinando com as tradições dos Arturos, com Jorge Antonio dos Santos) e projetos especiais sobre a relação entre arte e cidade. Um dos destaques dessa vertente será a palestra-show do músico e ensaísta José Miguel Wisnik.

Todas as atividades são gratuitas.As inscrições podem ser feitas pelo site, a partir da próxima segunda-feira, 29, até o dia 18 de julho, com duas exceções: uma é o Cortejo cênico, do professor Antônio Hildebrando, da Escola de Belas Artes, cujas inscrições ficarão abertas até 6 de julho, já que o cortejo ocorrerá no segundo dia do Festival. A outra é a oficina Dança contemporânea e possibilidades no espaço, ministrada pela bailarina Ester França Monteiro de Barros, que inscreverá até o dia 12.

Diálogos de saberes

Outra novidade desta edição são os Fóruns de diálogo, encontros em que debatedores da academia e de fora dela vão discutir temas pertinentes ao próprio trânsito de saberes entre a Universidade e as cidades. Serão cinco fóruns, todos no Conservatório UFMG.

Na segunda-feira, dia 20, o debate será realizado às 17h com o tema Arte, sociedade e juventude. Já na terça, dia 21, tem vez o fórum O espaço da Universidade na cidade e o espaço da cidade na Universidade – este e os dos dias seguintes às 18h. Na quarta, dia 22, o debate terá como mote Os múltiplos espaços da luz. Na quinta, dia 23, o assunto será O espaço das políticas públicas.

O último fórum será realizado na sexta-feira, dia 24, com o tema Formato de festivais. No encontro, o diretor adjunto de Ação Cultural, Fernando ­Mencarelli, provocará o ator, diretor e professor de teatro Marcelo Bones e os professores da EBA Ernani Maletta e Fabrício Fernandino a discutir os possíveis caminhos que se abrem aos festivais. Em seguida, às 20h, o gramado da Reitoria recebe show de Hermeto Pascoal e Grupo, fechando a programação do dia.

No sábado, dia 25, o gramado da Reitoria será palco, às 19h, de apresentação do Grupo Galpão. A trupe encerra a programação do evento com a encenação de Os gigantes da montanha, peça de Pirandello em que se discute o valor da arte e a sua capacidade de comunicação com o mundo moderno.

Algumas atrações

Apresentações artísticas e culturais, oficinas e projetos ­especiais compõem a programação do 47º Festival de Inverno da UFMG,que em breve estará disponível no site específico do evento.
Aula-espetáculo do ator Antonio Nóbrega, show de Hermeto Paschoal, exposição de Yara Tupynambá e o espetáculo coreográfico da Mimulus Cia de Dança estão entre as atrações. Outro destaque será a realização de mais uma edição do Domingo no campus.

Abertura do Festival
17/07, sexta, às 18h, no auditório da Reitoria

Exposição Yara Tupynambá
A partir de 17/07, sexta, às 19h, no saguão da Reitoria

Espetáculo da Mimulus Cia de Dança
17/07, sexta, às 21h, no auditório da Reitoria

Cortejo cênico com Antônio Hildebrando
18/07, sábado, às 15h, da Praça da Liberdade até o Parque Municipal

Show de Maurício Tizumba
18/07, sábado, às 19h30, no Parque Municipal

Domingo no Campus
19/07, domingo, das 9h às 18h, no gramado da Reitoria e na Praça de Serviços

Palestra musical de José Miguel Wisnik
19/07, domingo, às 19h30, no Conservatório

Concerto do Ars Nova - Coral da UFMG
20/07, segunda, às 19h30, no Conservatório

Aula aberta de dança com Dudude Hermann 20/07, segunda, às 9h, na Praça da Liberdade
21/07, terça, às 14h, na Praça da Liberdade
23/07, quinta, às 16h, na Praça Duque de Caxias (Santa Teresa)

Aula aberta de improvisação com Mariana Muniz
20/07, segunda, às 14h, na Praça Duque de Caxias
21/07, terça, às 16h, no Parque Municipal
23/07, quinta, às 9h, na Praça da Liberdade

Aula-espetáculo Da quadrinha ao galope beira-mar, de Antonio Nóbrega
21/07, terça, às 21h, em local a definir

Concerto Bandoneón, de Rufo Herrera
22/07, quarta, às 21h, no Conservatório

Show de Hermeto Pascoal e Grupo
24/07, sexta, às 20h, no gramado da Reitoria

Os gigantes da montanha, do Grupo Galpão (encerramento)
25/07, sábado, às 19h, no gramado da Reitoria