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Nº 1910 - Ano 41
29.06.2015

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Em sintonia com outras métricas

UFMG volta a figurar entre as melhores universidades latino-americanas; levantamento mais recente é do Grupo Nature

Ana Rita Araújo

Ao avaliar as publicações em 68 periódicos de grande impacto mundial nas áreas de física, química, biologia e geologia, levantamento realizado pelo grupo Nature classifica a UFMG entre as cinco primeiras no país e a nona na América Latina. O Nature Global Index 2015 mediu a produtividade de pesquisa e padrões de colaboração em nove regiões do mundo, no período de 1º de maio de 2014 a 30 de abril de 2015.

O ranking reúne três indicadores. O primeiro refere-se ao número bruto de artigos, o segundo mede a participação das instituições em cada artigo, considerando o conjunto dos autores, e o último (WFC ou contagem fracionada ponderada) vale-se de uma ponderação para retirar o “peso excessivo” da área de astronomia na base de dados considerada. “Há uma indicação clara de que o terceiro indicador seria mais importante do que os outros dois”, avalia o pró-reitor de Graduação, Ricardo Takahashi.

Em sua opinião, o fato de a UFMG aparecer entre as dez primeiras em rankings de naturezas diversas mostra estabilidade na sua produção acadêmica. “O Nature Global Index mede algo específico, ou seja, uma fração do conhecimento de indiscutível importância com produção altamente qualificada. E está essencialmente de acordo com outras métricas, o que até demonstra certa credibilidade cruzada entre esses ranqueamentos, elaborados de maneiras diversas”, analisa.

Para o professor Sérgio Cirino, diretor de Produção Científica da Pró-reitoria de Pesquisa, os diversos rankings tendem a captar aspectos diferentes, particulares e complementares das instituições. “O que se percebe é que a UFMG está bem, tanto na análise geral quanto em avaliações particulares como essa”, completa.

Pelo indicador WFC, a Universidade de São Paulo (USP) está em primeiro lugar, seguida da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), da Universidade de Campinas (Unicamp) e da UFMG. O mesmo índice indica a liderança do Brasil na América do Sul, seguido de Argentina, Chile, Colômbia e Uruguai. Há seis instituições brasileiras entre as dez primeiras latino-americanas. Na classificação específica da América Latina, o Nature Global Index comete um erro, pois considera o National Scientific and Technical Research ­Council (Conicet) da ­Argentina – ­entidade ­equivalente ao CNPq brasileiro – como universidade, classificando-o em segundo lugar.

Contraponto

Ricardo Takahshi pondera que o Nature Global Index foi criado possivelmente para se contrapor a outros ranqueamentos que levam em conta apenas o número bruto de citações, “o que hoje em dia está ficando questionável”. Ao avaliar as publicações indicadas por comitês de especialistas renomados das áreas contempladas pela Nature, o grupo tem a garantia de contabilizar produções que passam por rigoroso processo de revisão. “Tem-se nessas revistas a garantia de que não são trabalhos corriqueiros”, enfatiza Takahashi.

Professor do Departamento de Matemática, Takahashi explica que outros rankings utilizam números brutos de publicação (artigos e citações) em bases como Scopus e Web of Science. “Com a evolução da ciência nos últimos 15 anos, os fatores de impacto se tornaram confusos. Claro que as revistas mais importantes ainda têm alto fator de impacto, mas ficou cinzenta a distinção entre as mais e as menos importantes por esses critérios”, diz.

O pró-reitor de Graduação chama a atenção para um detalhe metodológico que conduz a uma forte idiossincrasia regional: instituições chilenas, até mesmo as que não constam em outros rankings, aparecem, em grande proporção, em boas posições na listagem latino-americana do Nature ­Global Index. A explicação, segundo ele, está no fato de o Chile abrigar o único grande observatório astronômico do Hemisfério Sul, no deserto de Atacama. “Qualquer artigo gerado nesse observatório e publicado por pesquisadores do Hemisfério Norte tem, provavelmente, parceria com um autor chileno. Em outros rankings, essa idiossincrasia já se manifesta, e o Chile aparece desproporcionalmente maior”, comenta o pró-reitor de Graduação. Ele pondera, no entanto, que “talvez seja impossível projetar um ranking imune a qualquer tipo de distorção”.

As primeiras no Brasil As primeiras na América Latina
1 USP 1 USP
2 UFRJ 2 Conicet*
3 Unesp
3 Universidade de Buenos Aires
4 Unicamp
4 Universidade do Chile
5 UFMG
5 UFRJ
6 UFRGS 6 PUC do Chile
7 UFRN 7 Unesp
8 CBPF 8 Unicamp
9 UFU 9 UFMG
10 UFABC 10 UFRGS
*O ranking atribuiu erroneamente o status de universidade ao Conicet, órgão argentino de fomento à pesquisa de perfil similar ao brasileiro CNPq

[Matéria publicada no Portal UFMG, seção UFMG, Meu Lugar, em 23/06/2015]