Paula Zaidan, nome renomado da cultura Ballroom em BH, participa de novo episódio de podcast
O décimo episódio do Corredor Cultural 174 Podcast, produzido pelo Centro Cultural UFMG, traz um bate-papo com Paula Zaidan, produtora, dançarina, professora e uma das pioneiras da cena Ballroom em Belo Horizonte e na América Latina. Sinônimo de resistência, esse movimento surgiu no subúrbio de Nova Iorque no final dos anos 60 e é considerado um dos principais espaços de acolhimento de corpos historicamente marginalizados na sociedade, especialmente a parcela negra e latina da população LGBTQIAP+.
Paula Zaidan explica que o movimento Ballroom surgiu em Nova Iorque no final dos anos 60, início dos anos 70, através dos concursos de beleza para drags – termo guarda-chuva que representava algumas identidades femininas, como travestis, mulheres trans e drag queens. Os referidos concursos reuniam queens brancas e queens pretas, porém, essas últimas, sofriam com o racismo, e uma representante delas, Crystal LaBeija, se posicionou contra o preconceito e decidiu criar um ambiente de celebração e afirmação do corpo preto e da beleza preta, especificamente.
Esses concursos avaliavam os traços e expressões do rosto, o modo de desfilar, as melhores caracterizações dentro de um tema e, mais adiante, a melhor dança, também conhecida como ‘vogue’ ou ‘voguing’, inspirada nas poses das modelos da revista Vogue. Mas, para além dessas categorias de batalha nas competições, esses encontros criavam espaços de acolhimento e inclusão, permitindo que essas pessoas se sentissem bem em seus próprios corpos e exercessem seus protagonismos sendo elas mesmas, em um ambiente seguro onde encontravam força e aceitação.
Desafios
O movimento Ballroom chega ao Brasil somente em 2010, ganhando características particulares de cada região do país, porém seguindo o objetivo original de valorizar os corpos marginalizados que estão dentro da comunidade LGBTQIA+.
Paula relata os desafios do movimento no cenário de Belo Horizonte, uma cidade extremamente conservadora e que ainda tem inúmeras limitações no âmbito cultural. “A Ballroom é uma comunidade para pessoas ‘queer’, pessoas LGBT, pessoas pretas, pessoas gordas, pessoas trans, travestis, não binárias, fluídas, enfim, a Ballroom foge o máximo possível dessa estrutura tradicional de uma sociedade heteronormativa, cisgênero e branca”, diz. Ela declara que eles encontram muitas barreiras no dia a dia e uma delas é a questão da segurança.
Zaidan convida os ouvintes a conhecer essa realidade que está bem perto da população, mas que muitas vezes passa despercebida. “Eu sinto que a gente tem uma tendência, nesse momento atual, de querer aplaudir quem tá dançando, batendo o cabelo, enrolando no chão, porque esteticamente é aquilo que tá chamando atenção. Mas, para além daqueles movimentos, a Ballroom cria espaços principalmente para jovens e pessoas de corporeidades marginalizadas, então é necessário ter respeito”, conclui.
Ouça o podcast na íntegra e conheça a essência da cultura Ballroom, uma manifestação de luta e resistência:
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Corredor Cultural 174 Podcast
Corredor Cultural 174 Podcast é um projeto que disponibiliza mensalmente no Spotify conversas com artistas, músicos, escritores, cineastas, agentes culturais e demais pessoas que pensam, respiram e produzem cultura. “Corredor”, pelo fato do Centro Cultural UFMG estar situado no corredor cultural Praça da Estação e também no sentido de espaço de passagem, onde transitam ideias, movimentos e expressões artísticas em Belo Horizonte. “Cultural”, pois a temática será sempre cultura e “174” é o número de localização da instituição na Avenida Santos Dumont.
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