A proximidade de apenas um Sol já é quente o suficiente, imagine se fossem dois ou mais!
11 de março de 2025
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Por Gabriela Costa,
estagiária do Núcleo de Astronomia do Espaço do Conhecimento UFMG
Grande parte das estrelas que observamos no céu noturno são o que conhecemos como Sistemas Binários ou Sistemas Múltiplos de Estrelas, sendo o nosso Sol uma exceção no universo. Os sistemas binários apresentam duas estrelas ligadas gravitacionalmente numa órbita em torno de um centro de massa comum. Nesses conjuntos, a estrela mais massiva, maior ou mais brilhante do sistema é chamada de componente primário, recebendo o nome de estrela A e sendo acompanhada pela estrela secundária, ou estrela B.
Um exemplo de Sistema Binário é a estrela Sirius, a estrela mais brilhante do céu noturno visível a olho nu. Localizada na constelação do Cão Maior, somos capazes de observar a estrela primária em qualquer ponto do planeta. As duas estrelas orbitam entre si, em uma distância equivalente à distância entre o Sol e Urano, sendo a estrela B uma anã branca, enquanto a estrela A ainda está em sua sequência principal, se assemelhando ao estado evolutivo do nosso Sol.
Imagem de Sirius A acompanhada de Sirius B à esquerda, capturada pelo telescópio Hubble. (Créditos: NASA, ESA, H. Bond (STScI), and M. Barstow [University of Leicester]).
Da mesma forma, Alpha Centauri, a terceira estrela mais brilhante no céu noturno, está inserida em um sistema múltiplo. O conjunto está localizado a quatro anos-luz da Terra e se apresenta como uma única estrela quando vista a olho nu. Entretanto, é composto por Alpha Centauri A, Alpha Centauri B e Proxima Centauri. A terceira estrela do sistema possui sua órbita a uma distância maior que as duas principais, se aproximando mais do nosso Sistema Solar do que qualquer outra estrela. O sistema de Alpha Centauri também possui grande influência na cultura pop, sendo a principal inspiração para a história de “O problema dos três corpos”, trilogia literária escrita por Liu Cixin e adaptada pela Netflix em 2024. Você pode descobrir mais sobre o sistema de Alpha Centauri acessando o texto “Alpha Centauri é só uma estrela?” também disponível no Blog do Espaço!
Imagem de Alpha Centauri A e Alpha Centauri B, capturada pelo telescópio Hubble. (Créditos: NASA).
Se três estrelas ainda não foram suficientes, aqui vai um sistema de quatro estrelas! A estrela Rigel é uma supergigante azul e está localizada na constelação de Órion. Já a sua companheira está inserida em um sistema estelar triplo, compondo assim um sistema quádruplo! Rigel foi descrito como um sistema binário visual, no qual é possível observar as duas estrelas em um telescópio simples, no ano de 1781. No entanto, em 1871 foi detectado que Rigel B seria também um sistema binário. O companheiro de Rigel B recebeu o nome Rigel C ou Rigel Bb, enquanto a primeira estrela recebeu o sobrenome Rigel Ba. Já em 1878, uma quarta estrela associada ao grupo foi descoberta, sendo chamada de componente D.
Sistema esquemáticos dos componentes do Sistema de Rigel. (Créditos: adaptado de Tokovinin, A. A. (1997). “MSC – a catalogue of physical multiple stars”, via Wikipedia).
Ainda podemos citar os Aglomerados Estelares, conjuntos de estrelas que se formaram juntas e que se mantêm muito próximas. Os aglomerados podem ser classificados como Aglomerados Abertos – contendo dezenas a milhares de estrelas, como as Plêiades – ou Aglomerados Globulares, contendo centenas de milhares de estrelas. Entretanto, os Sistemas Binários ou Múltiplos estão em uma escala diferente, já que estão presentes em grande quantidade dentro de Aglomerados Estelares.
Após ler o texto você consegue se imaginar vivendo em um planeta que orbita um Sistema Binário ou Múltiplo? Talvez agora a expressão “um Sol pra cada um” nunca tenha feito tanto sentido!
Referências
MYRRHA, M. O Estudo de Sistemas Binários.
SARAIVA, M. de F. O. Astronomia & Astrofísica. Editora Livraria da Física, 2004.
Alpha Centauri é só uma estrela?
Destaque da NASA: estrela supergigante Rigel é a foto astronômica do dia.
Sistemas Binários Estelares – Elisabete M. de Gouveia Dal Pino.