Memórias e momentos que constroem o universo do Espaço do Conhecimento
05 de agosto de 2025
Por Hellen Cordeiro, estudante de Jornalismo da UFMG, para a disciplina de Assessoria de Comunicação, sob supervisão de Camila Mantovani
Hoje iremos te contar uma história. Nosso protagonista completou 15 anos em 2025, mas, apesar de ser um jovem adolescente, acredite: ele tem muito a compartilhar. E por falar em história, esse personagem cresceu cercado de narrativas e sabe muito sobre a vida e o universo… Sua especialidade é guardar memórias, traçar conexões e despertar curiosidades. Se você o encontrar, com certeza vai refletir sobre muitas coisas. E não para por aí. Ele também se destaca pelo seu estilo moderno, em meio ao clássico.
E aí? Já sabe de quem estou falando? Na verdade, não se trata de uma pessoa, mas de um local. Neste texto, te convidamos a conhecer um pouco mais sobre a história do Espaço do Conhecimento UFMG!
Músicos mineiros na inauguração do então Circuito Cultural Praça da Liberdade, em 2010. (Créditos: Imprensa MG/Wellington Pedro e Omar Freire).
Era 21 de março de 2010, em uma noite de domingo na Praça da Liberdade. Ao som de Milton Nascimento e Lô Borges, milhares de pessoas se reuniram para contemplar o que seria seu nascimento. Surgiu então o Espaço TIM UFMG do Conhecimento (sim, inicialmente esse era o nome!), o primeiro prédio a compor oficialmente o Circuito Cultural Praça da Liberdade, hoje Circuito Liberdade, que também completa 15 anos em 2025.
O Circuito foi criado após a inauguração da Cidade Administrativa e a transferência oficial das secretarias de estado e do Palácio da Liberdade, sede e símbolo do governo, para a região norte de Belo Horizonte. A proposta era criar espaços culturais diversos no entorno da Praça, a partir de parcerias entre instituições públicas e privadas.
Aécio Neves e sua sobrinha, Maria Clara, na inauguração do Espaço Tim/UFMG de Conhecimento. (Créditos: Nidin Sanches/ Nitro).
A região já abrigava o Arquivo Público Mineiro, a Biblioteca Pública Estadual, o Museu Mineiro e o prédio da Rainha da Sucata. Logo, foram criados novos museus e espaços culturais e educativos, que passaram a ocupar os edifícios das antigas secretarias de governo.
Mas vamos voltar à nossa história. O Espaço do Conhecimento, localizado em um prédio que anteriormente abrigava a reitoria da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), surgiu a partir de uma concepção ousada: ser um museu interativo, moderno, voltado para a divulgação científica e o diálogo entre culturas. O patrocínio da TIM permitiu equipar o local com tecnologias de ponta, como o Planetário e a Fachada Digital.
Fotografia do antigo prédio da reitoria da UEMG sobreposta à arquitetura atual do Espaço do Conhecimento UFMG. (Créditos: Maria Eduarda Abreu).
Um novo capítulo se iniciou em 2013. A parceria com a TIM foi encerrada e o museu passou a se chamar Espaço do Conhecimento UFMG. Isso também representou a consolidação de sua identidade como um projeto mantido pela Universidade com o apoio de instituições privadas, por meio de Leis de Incentivo à Cultura.
Em 2020, o mundo foi obrigado a parar um pouco. Os locais fecharam as portas e passaram a se adaptar a esse novo e difícil momento. As portas do digital se ampliaram. Diante disso, o Espaço do Conhecimento se reinventou: atividades online, lives, oficinas virtuais, vídeos educativos e visitas guiadas remotas.
Já em 2022, as atividades presenciais retornaram, ainda mais guiadas pelos pilares de sustentabilidade, diversidade e inclusão. Novas ações educativas, parcerias e projetos de extensão reforçaram o papel do museu como uma ponte entre universidade e sociedade. Ao longo do tempo, o Espaço do Conhecimento também constituiu uma rede de pessoas que acreditam na potência do conhecimento compartilhado, como é o caso de Wellington Luiz, assessor do Núcleo de Ações Educativas e Acessibilidade do museu. Ele integra a equipe desde 2013, quando ainda cursava o segundo período de licenciatura em Geografia.
Ao ser questionado sobre um momento significativo para o museu, Well destaca as discussões em torno de sua sustentabilidade econômica. Para alcançar esse objetivo, a equipe busca editais, Leis de Incentivo e novas parcerias com instituições patrocinadoras, sempre mantendo a autonomia do Espaço do Conhecimento.
A instituição recebe o patrocínio do Instituto Unimed-BH, da Cemig e da CYMI, por meio de Leis de Incentivo à Cultura. No início de 2024, o museu também deu início à campanha “Amigos do Espaço”, permitindo que pessoas físicas e jurídicas invistam em iniciativas culturais a partir da destinação de uma parcela do Imposto de Renda devido.
O Núcleo de Ações Educativas mantém contato com os públicos, por meio de interfaces de projetos de pesquisa e extensão da UFMG, e com outras instituições para se atualizar dos debates contemporâneos, internalizando em suas ações, por exemplo, a discussão contracolonial, a ampliação da acessibilidade em espaços culturais e a criação de uma pedagogia museal antirracista e anticapacitista.
Well pontua que o Núcleo tem consolidado práticas educativas que visam acolher as diferenças, de forma aberta a experimentar e a se reinventar. Segundo ele, o diálogo é necessário para a troca de saberes entre os públicos, os mediadores e toda a equipe do museu. Dessa forma, é possível contemplar as diversidades dos sujeitos, utilizando abordagens e métodos variados para não só cativar, mas, principalmente, instigar.
Em 15 anos de história, foram mais de 875 mil visitações às exposições, sessões de Planetário e Observações Astronômicas. Mais de 164 mil pessoas participaram de visitas educativas, com grupos escolares, ONGs e outras instituições. O Planetário, o primeiro de Minas Gerais, apresentou mais de 15 mil sessões, enquanto o Terraço Astronômico recebeu cerca de 45 mil pessoas em 450 observações dos astros.
Planetário do Espaço do Conhecimento UFMG, o primeiro de Minas Gerais. (Créditos: Daniel Mansur).
O compromisso com a divulgação científica também se reflete no Blog do Espaço, com mais de 250 textos publicados, e no podcast Pílulas do Conhecimento. Sabia que, em 2024, essa produção alcançou reconhecimento nacional ao ser eleita o 4º melhor podcast na categoria “Ciências” pelo Prêmio Melhores Podcasts do Brasil (MPB)?!
E não para por aí. Cerca de 200 bolsistas de extensão, de diferentes cursos de graduação da UFMG, já passaram pelo museu. Tais estudantes foram mediadores de conteúdos das exposições, propondo e executando atividades em diferentes formatos, contribuindo para os processos formativos de milhares de visitantes. Em intenso contato com os públicos, esses alunos ampliaram a sua formação acadêmica por meio da extensão universitária e da educação museal.
Wellington Luiz, assessor de Ações Educativas e Acessibilidade, na exposição “MetropoliTRAMAS” do Espaço do Conhecimento UFMG. (Créditos: Ana Carolyna Gonçalves).
Para finalizar, Well ressalta que o Espaço do Conhecimento UFMG contribui para a construção de reflexões e práticas com o intuito de transformação social. Isso possibilita sonhar futuros de um museu cada vez mais participativo e diverso, por meio de ações educativas cada vez mais qualificadas e inclusivas. Esse contexto reforça o investimento na formação constante da equipe, no registro e na divulgação dos projetos realizados, de modo a contribuir com a produção de conhecimentos e saberes para a educação museal.
O texto de hoje termina por aqui, mas essa história continua…
Referências
Espaço do Conhecimento UFMG – Conheça o museu
Um museu, treze anos, muitas histórias
Sexta, sábado e domingo: Espaço do Conhecimento celebra 15 anos com sessões gratuitas no planetário
Tia Ciata: a matriarca do samba
Cosmologias e o Universo de O Senhor dos Anéis
Museus e memória em BH: o que a cidade conta?
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