Ondas Gravitacionais – Espaço do Conhecimento UFMG
 
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Ondas Gravitacionais

A edição de outubro de 2016 do Café Controverso tratou de um tema que, há um século, tem despertado a curiosidade e o interesse de cientistas: as ondas gravitacionais. Capazes de produzir deformações no espaço-tempo e portando mais energia que bilhões de bombas atômicas, esses fenômenos físicos foram propostos por Albert Einstein na publicação da Teoria Geral da Relatividade, em 1915.

Provar a existência dessas ondas e suas implicações nas pesquisas científicas que investigam a concepção do universo foi a questão central do encontro, que recebeu Carlos Molina, mestre em Astronomia pela UFRJ e diretor de Astronomia do Planetário de Medellin (Colômbia), e Domingos Soares, doutor em Astrofísica e Professor do Departamento de Física da UFMG.

Nas ondas de Einstein
Em 1915, Einstein propôs a Teoria Geral da Relatividade. Ele defendeu que, ao se moverem, corpos com grande massa seriam capazes de criar ondulações no espaço-tempo, produzindo ondas gravitacionais. Apesar de ter revolucionado a concepção da estrutura do espaço, na época visto como um cenário imutável, não havia experimentos para comprovar o fenômeno.

De lá pra cá, diversos experimentos foram realizados por cientistas do mundo todo com o objetivo de provar a existência das ondas gravitacionais. Mas, muitos desses testes contaram mais com o entusiasmo dos pesquisadores do que com resultados que pudessem mostrar de fato as ondas, que acontecem a milhões de anos-luz do Sistema Solar.

No início deste ano, mais de um século após a ideia de Einstein ser propagada pelo mundo da Física, o Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO), nos EUA, anunciou ter captado as ondas, produzidas pela fusão de dois buracos negros. A descoberta, considerada a primeira detecção que confirma a teoria de Albert Einsten, provocou diversas controvérsias na comunidade científica.

Segundo Carlos Molina, os experimentos realizados pelo LIGO fortalecem a base experimental da Teoria Geral da Relatividade. “Além de ser a base da Cosmologia Padrão, a teoria eiseinsteniana se torna, assim, um modelo robusto para explicar a força com a qual convivemos há mais tempo”, conclui.

Para Domingos Soares, o anúncio tem grande importância por se tratar da primeira reivindicação consistente de detecção de ondas gravitacionais na história da ciência moderna. Mas, ele ressalta as limitações e dificuldades envolvidas nessa pesquisa, chamando a atenção para a necessidade de realização de novos experimentos que possam efetivamente comprovar a descoberta. Além disso, Soares destaca que “é preciso levar em conta que a pressão por resultados, o investimento no projeto LIGO remonta a bilhões de dólares, levou à precipitação no anúncio da descoberta. Por enquanto, temos apenas indícios teórico-observacionais das ondas gravitacionais”, diz.

Afinal de contas, por que as ondas gravitacionais nos interessam tanto?
As ondas gravitacionais representam uma nova ferramenta para o estudo do universo e investigação da natureza, e nisso reside a grande importância de experimentos como o LIGO, afirma Domingos Soares. No entanto, por ainda estarem em desenvolvimento, segundo Carlos Molina, não é possível afirmar se essas descobertas terão aplicações fora do campo científico. “Mas elas permitem provar a existência de buracos negros e a formação do universo”, afirma o astrônomo.

“Nada é mais nobre e engrandecedor para a vida humana do que o aumento do conhecimento sobre nós e o meio em que vivemos. Iniciativas como do projeto LIGO se encaixam na busca eterna do ser humano por mais conhecimento”, finaliza Soares.

Café Controverso
O conhecimento raramente passa pelo consenso, e sua construção se faz sempre pelo diálogo. Nos Cafés Controversos, os temas são amplos e diversificados. Na cafeteria do Espaço do Conhecimento, são abordados assuntos de diferentes setores da cultura, das artes e da ciência. Um espaço de debate e troca de ideias e perspectivas.