Seu Lixandre – Narrativas de Catação – Espaço do Conhecimento UFMG
 
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De outubro a fevereiro de 2014, o Espaço do Conhecimento UFMG realizou a exposição Seu Lixandre – Narrativas de Catação. Fruto de uma parceria com a Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável (Asmare), a mostra abordou a trajetória dos catadores e suas visões de mundo, desafios e conquistas, apresentados a partir de suas próprias narrativas.

Por meio de recursos audiovisuais e objetos de trabalho típicos das rotinas de coleta e seleção dos materiais recicláveis, a exposição convidou o visitante a repensar a inserção dos catadores na dinâmica da cidade, trazendo suas perspectivas para o primeiro plano.

O contato com a Asmare se deu no o início de 2013, quando o Núcleo de Ações Educativas e Acessibilidade do Espaço do Conhecimento iniciou uma série de encontros para discutir o tema da coleta seletiva, trabalhado em um módulo exposição Demasiado Humano. “O diálogo com os catadores gerou reflexões importantes sobre suas trajetórias de vida, seus percursos na cidade, e como tudo isso se relaciona com as transformações do reconhecimento do ofício pela população”, explica Verona Segantini, coordenadora do Núcleo de Expografia à época e uma das responsáveis pela organização da mostra.

Os relatos, documentos históricos, vídeos e materiais apresentaram os catadores como protagonistas, sujeitos da ação, discutindo as condições de trabalho às quais são submetidos, a invisibilidade social e a marginalização da função, bem como a importância da gestão de resíduos para a vida cotidiana.

A curadoria foi de Verona Campos Segantini, Juliana Prochnow Anjos e Maurício Soares.

 

Presente do Seu Lixandre
O nome da mostra faz referência a um termo criado por Maria das Graças Marçal, a Dona Geralda, que trabalha com a coleta de materiais recicláveis desde os 8 anos e é uma das fundadoras da Asmare. Seu Lixandre é a forma carinhosa e personificada como ela se refere ao resíduo. “É muito interessante este elemento vivo em que se transformou o Seu Lixandre. Para eles, o resíduo não é apenas trabalho, é como se fosse um amigo”, conta Maurício Melo, coordenador do Núcleo de Arte da Asmare.

Ele fala da importância da criação da Asmare na história dos catadores. “O surgimento da associação trouxe identidade para essas pessoas, que antes eram vistas como ameaças e, hoje, mesmo com os preconceitos existentes, são vistas como trabalhadoras. Além da organização política, o maior benefício é a cidade passar a entender a importância da função desempenhada pelos catadores”, diz.

Melo lembra, no entanto, que ainda há muito a ser conquistado. Ele ressalta a importância de provocar a reflexão sobre os preconceitos que envolvem o trabalho dos catadores e, principalmente, sobre a invisibilidade social do grupo em vários aspectos: “Muitos os vêem como mendigos, meros incômodos no trânsito. Não existem sequer ferramentas desenvolvidas para este trabalho. Observe que eles utilizam o mesmo carrinho há anos, um veículo movido à tração humana, em pleno século XXI, e isso realmente choca”, conclui, refletindo sobre os diversos desafios que precisam ser superados pelos catadores.

 

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