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Residências artísticas realizam cobertura visual e sonora do Festival de Inverno da UFMG

sexta-feira, 29 de junho de 2018, às 11:30

Quem estiver participando das atividades do 50º Festival de Inverno da UFMG, em algum momento provavelmente irá se deparar com um grupo de pessoas produzindo vídeos, fotos ou captando som. Não estranhem, pois eles podem ser participantes de duas residências do Festival que irão justamente cobrir diferentes atividades do evento. Em “Sons do Festival”, os participantes irão construir roteiros sonoros que permitam aos ouvintes um passeio pelas demais oficinas e residências do Festival. Já em “Laboratório de ComunicaAção: relatos sobre o 50º Festival de Inverno da UFMG”, serão explorados relatos em fotografia, vídeo e texto. A residência é inspirada na experiência do  Imagens do Povo/Observatório de Favelas, projeto de comunicação popular desenvolvido no Complexo de Favelas da Maré no Rio de Janeiro. As inscrições para as duas residências estão abertas até o dia 20 de julho, aqui no site. Todas as atividades são gratuitas. 

A residência “Sons do Festival” será ministrada por Fernando Braga Campos, conhecido como Bozo, que atua na UFMG como servidor na área de gravação, produção musical e sonorização de espetáculos. A atividade irá introduzir os participantes no mundo da captação e do processamento de sons, desde entrevistas até paisagens sonoras. Serão abordados temas como a captação de som em geral e, especificamente, em gravadores portáteis e a montagem de sons em software multipista. Durante a atividade, já estarão disponíveis alguns gravadores, mas é permitido que o participante leve algum gravador próprio, inclusive para entender melhor como utilizar o aparelho. Uma justificativa para essa residência se refere a construção de uma visão crítica dos participantes: “Ao entendermos como são produzidos os conteúdos, passamos a ter uma visão mais crítica sobre tudo aquilo que recebemos durante as suas veiculações, que, hoje em dia, acontece em diversas mídias, como nas redes sociais ou em transmissões por stream. Só assim perceberemos que os materiais não brotam da realidade, mas a partir de uma mediação” explica Fernando. A atividade ainda irá fazer um encontro com a outra residência que também irá cobrir o Festival, mas em uma cobertura visual.

Coordenador do projeto Imagens do Povo/Observatório de Favelas ministra a Residência “ComunicaAção”

Esta residência visual é nomeada “Laboratório de ComunicaAção: relatos sobre o 50º Festival de Inverno da UFMG”, ministrada por Francisco Valdean, que atua como fotógrafo documentarista no projeto Imagens do Povo/Observatório de Favelas há mais de dez anos. Nesta experiência, ele pesquisa e produz registros do cotidiano de favelas cariocas, com uma ênfase no conjunto de favelas da Maré, região onde também é morador. O objetivo da residência do Festival é produzir e difundir conteúdos em rede relativos a atividades, convidados, conferências e eventos realizados no Festival. Os conteúdos, produzidos pelos participantes, serão veiculados nas plataformas digitais do evento: site e redes sociais. No projeto Imagens do Ponto/Observatório de Favelas, Valdean desenvolve oficinas e cursos para a juventude nas favelas, em que incentiva registro fotográficos fora do padrão. Esse caráter inovador também irá permear a residência do Festival. “As favelas geralmente são registradas de uma determinada maneira, com foco na violência, na pobreza e no que falta. No nosso método, desenvolvemos uma comunicação mais genuína focada em outra potencialidade e não nesse padrão. No Festival, também vamos buscar uma documentação mais genuína sobre o evento, se distanciando da comunicação padrão, em um processo experimental”, explica Valdean. Do ponto de vista formativo e documental, a longa duração da atividade será um fator determinante para o material produzido. Uma das modalidades da fotografia é a documental, que geralmente é resultado de um processo mais longo, diferente do fotojornalismo, por exemplo, em que o fotógrafo recebe a pauta, executa o registro e vai embora, não estabelecendo uma relação mais duradoura com o objeto fotografado. Na residência, vamos ficar oito dias olhando um tema – o Festival – ocasionando em fotografias mais documentais durante o processo. A partir da vivência e conhecimento do público, vamos buscar algo criativo”, afirma Valdean.

Os professores
Fernando Braga Campos [Bozo] – Graduado em Música (2006), mestre (2013) e doutorando em Sonologia pela UFMG, onde atua como servidor na área de Gravação, Produção Musical e Sonorização de Espetáculos. Trabalha na produção de áudio desde o registro fonográfico de CDs e DVDs até o som direto para cinema, televisão e internet (Youtube/Soundcloud). Tem realizado gravações dos mais variados estilos musicais, desde a música de concerto, passando pela música popular brasileira e também pelo rock.


Francisco Valdean – Coordenador d É mestre em Antropologia Visual pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPCIS-UERJ). Como fotógrafo documentarista registra aspectos da cultura das favelas cariocas e desenvolve oficinas de comunicação para jovens de diversas regiões populares da cidade do Rio de Janeiro.

 

O Festival

Francisco Valdean participará pela primeira vez do Festival de Inverno da UFMG. Contudo, Fernando Braga Campos já tem uma longa ligação com o Festival, desde 2003, seja como aluno ou professor. Em 2007, por exemplo, Fernando ministrou uma oficina sobre gravação e composição de paisagens sonoras. Pensando no caráter interdisciplinar de sua atividade em 2018, que estará em diálogo com a cobertura visual da residência de Valdean, o profissional afirma que esse aspecto é uma das características marcantes do evento. “O Festival sempre tem esse viés de fundir linguagens, e os temas sempre são colocados de forma que as fronteiras entre os conhecimentos e as habilidades confluam, se solidifiquem e se diversifiquem ao mesmo tempo. É um momento interessante do calendário, justamente por permitir o encontro entre um saber mais sistematizado e saberes que são igualmente importantes, mas que não estão no seio da academia”, comenta Fernando.