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Em aula, professora mexicana discorre sobre a celebração da morte entre os seus compatriotas

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016, às 12h03

“A morte está tão certa de nos alcançar que nos dá uma vida toda de vantagem", ensina um aforismo mexicano. Diferentemente dos brasileiros, os mexicanos parecem estabelecer com a morte uma relação não apenas de lamento, mas também de celebração.

Nesta quinta-feira, 4, último dia de Festival de Verão, a professora mexicana Priscilla Maxlinder detalhou, no projeto especial Día de los muertos, o jeito especialíssimo como os mexicanos lidam com a morte. “No México, desde pequenas, as pessoas são ensinadas a conviver com a morte. Nós as ensinamos a desfrutar a vida enquanto a morte não nos alcançou.”

Em seu país, explica Priscilla, há certa espirituosidade, certa alegria na forma de as pessoas se relacionarem com “a passagem”. “Um exemplo são as caveirinhas de açúcar ou chocolate, que servem para sugerir que o destino final de cada ser humano é doce”, explica.

O símbolo maior dessa relação é a festa do dia dos mortos, em que, durante três dias, os mexicanos “recebem” em suas casas aqueles que já partiram. “O dia dos mortos é uma das celebrações mais importantes no México e na cosmovisão indígena. Ele diz representa um retorno transitório da alma dos defuntos, que regressam ao mundo dos vivos para conviver com seus familiares e se nutrirem dos alimentos oferecidos a eles em altares montados em sua homenagem”, disse a professora, durante a aula.

Nos altares, são oferecidas aos mortos as comidas e bebidas de que mais gostavam em vida. “Se gostavam de tequila, oferece-se uma garrafa de tequila. Se preferiam arroz, uma tigela de arroz”, explica. As festividades incluem práticas como enfeitar túmulos e montar altares sobre as lápides nos cemitérios, com oferendas.

“Cada oferenda tem um significado. Os copos com água servem para aliviar a sede das almas viajantes, por exemplo. Eles fortalecem o seu retorno. O sal é usado como símbolo de purificação. As velas, por sua vez, simbolizam a luz contra a escuridão da morte, pois iluminam o caminho das almas para seu retorno ao mundo dos mortos.”

Há ainda elementos como papel picado, usado para representar o vento e sua maleabilidade, e o incensário com copal, que orienta, por meio de seu cheiro, as almas na direção das oferendas. “Também há o pão do morto, um pão doce com um par de tiras sobre sua superfície, que representam os ossos do defunto, e gergelim, que simboliza as lágrimas das almas que não podem descansar.”

Outro símbolo marcante dessa celebração é a flor de cempazúchitl, também conhecida como flor de morto. “Seu cheiro e sua cor, chamativos, guiam a alma do morto para que ela vá ao encontro do altar para degustar o que os seus familiares prepararam”, contou Priscilla. Curiosamente, a planta floresce apenas no período do ano em que se celebra o dia dos mortos. A festa é realizada nos dias 31 de outubro e 1 e 2 de novembro.

O Festival de Verão 2016 termina hoje com um cortejo do bloco Magnólia, a partir das 18h30, no Conservatório UFMG.

Fonte: Agência de Notícias UFMG