Curso de vida e trajetória delinquencial: um estudo exploratório dos eventos e narrativas de jovens em situação de vulnerabilidade

O projeto origina-se de um diálogo transdisciplinar entre a sociologia, a psicanálise, o direito, a educação e a saúde, especificamente em relação à teoria criminológica da desistência do crime, a partir da análise do curso de vida (Sampson e Laub, 1993; Thornberry e Krohn, 2001). Para esse fim, orienta-se de duas principais matrizes teóricas aqui, resumidamente apresentadas, a saber, a teoria do curso de vida e a abordagem psicanalítica do crime. Na perspectiva sociológica, propõe-se a explicação dos fatores que influenciam o início, a persistência e a interrupção da atividade infracional ao longo do curso de vida dos indivíduos. Seus pressupostos centrais são: i) as mudanças com a idade na delinquência apresentam sequências e padrões estruturados; ii) a dependência do desenvolvimento da delinquência em relação ao desenvolvimento da trajetória biográfica e institucional dos indivíduos ao longo do seu curso de vida (p. ex. relativas à família, à escola, à fatores de risco, ao contato com a justiça criminal). Suas análises focam os fatores determinantes da entrada, da continuidade e da desistência da atividade infracional e permitem analisar as mudanças e as continuidades na atividade infracional ao longo do tempo, pois considera o ordenamento temporal e as mudanças nos fatores determinantes com a idade.

No que se refere à psicanálise, encontramos uma teoria da adesão que filia os adolescentes à normatização do crime, ancorada em regras extrínsecas às da Lei Jurídica, mas que convivem com esta, numa lógica não contraditória, que inclui os códigos legislativos ao lado da “lei de ferro” do crime (Lacan, 1973-74). Lacan fala de resoluções dialéticas na gênese do eu, reformulando-se através do atravessamento de diferentes complexos – desmame, intrusão, édipo, puberdade e adolescência – “numa forma cada vez mais alienante para as pulsões que ali são frustradas e cada vez menos ideal para as que ali encontram sua normalização” (Lacan,1950/1998, p. 142). Assim, o encontro com o crime em uma dessas passagens, pode ser um condicionante forte para a entrada e permanência no crime.

Sitios dos grupos de pesquisa:

Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública: https://www.crisp.ufmg.br

Núcleo PSILACS (Psicanálise e Laço Social no Contemporâneo): http://www.fafich.ufmg.br/psilacs/