Professor António Nóvoa (Foto: Foca Lisboa/UFMG)

O Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (IEAT), em parceria com a Fundação de Apoio da UFMG (Fundep), vai inaugurar, no dia 29 de maio no auditório da Reitoria da UFMG, a Cátedra Fundep “Magda Soares” de Educação Básica. A cerimônia terá início às 10 horas.

A mesa de abertura terá a participação da reitora Sandra Regina Goulart Almeida, do presidente da Fundep, Jaime Arturo Ramírez, da diretora do IEAT, Patrícia Kauark Leite, do pró-reitor de Graduação da UFMG, Bruno Teixeira, da diretora da Faculdade de Educação (FaE) da UFMG, Andréa Moreno, e do diretor do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale) da FaE, Gilcinei Carvalho, que fará uma saudação em memória à Magda Becker Soares, docente emérita da UFMG e referência para os estudos e para a prática da alfabetização no Brasil.

Essa cátedra representa o marco inicial de um novo programa de cátedras de longa duração no âmbito do IEAT. Esse programa tem como objetivo principal atrair pesquisadores de renome internacional para colaborarem de forma mais orgânica com os grupos de pesquisa da UFMG, visando o avanço qualificado e inovador da pesquisa transdisciplinar.

A primeira cátedra desse programa do IEAT será dedicada ao tema da Educação Básica e terá como catedrático o professor António Nóvoa, reitor honorário da Universidade de Lisboa e referência mundial nos estudos sobre formação de professores. No evento, ele vai ministrar a conferência “A responsabilidade pública da universidade perante os professores e a sua formação”.

Responsabilidade pública com a educação básica e a formação dos professores

A história da formação de professores divide-se em duas grandes fases: uma primeira fase, de meados do século XIX até meados do século XX, com a existência de escolas normais ou do magistério primário; uma segunda fase, desde meados do século XX até aos nossos dias, definida pela responsabilidade das universidades ou de outras instituições de ensino superior. Apesar das diferenças, esta cronologia aplica-se praticamente a todos os países.

Porém, apesar da formação de professores representar uma parte significativa do trabalho das universidades – no caso das universidades públicas brasileiras, cerca de 20% dos estudantes – raramente, ou nunca, esta missão tem sido publicamente considerada como prioritária. No decurso das últimas décadas, houve trabalho de grande mérito em muitas licenciaturas, nas Faculdades de Educação e nas outras Escolas, Institutos e Faculdades. Mas a formação de professores nunca teve centralidade como uma das missões principais das universidades.

António Nóvoa argumenta que a situação atual dos professores, no mundo, e também no Brasil, exige novas políticas e novos enquadramentos institucionais da formação de professores, nomeadamente com uma ligação forte entre as universidades e as escolas da educação básica, entre os professores da universidade e os professores da educação básica.

Por isso, ele ressalta que a universidade deve assumir uma responsabilidade pública perante os professores e a sua formação. “Esta responsabilidade tem uma dimensão interna, com a criação nas universidades de órgãos de coordenação e de decisão sobre a formação de professores. E tem também uma dimensão externa, com a criação de espaços conjuntos de realização da formação de professores, com a presença das universidades e das escolas, dos professores e das redes de educação básica”. – destaca António Nóvoa, ao defender que é tempo de abrir um novo tempo na formação de professores.

Cátedra Fundep “Magda Soares” de Educação Básica do IEAT

Em parceria com a Fundação de Apoio da UFMG (Fundep), a Cátedra Fundep “Magda Soares” de Educação Básica representa um marco no âmbito do IEAT. Segundo a professora Patrícia Kauark, diretora do IEAT, a escolha do tema da “Educação Básica” para esta primeira cátedra reitera o compromisso da UFMG com as demandas mais prementes da sociedade, contribuindo como avanço do conhecimento científico que pode beneficiar diretamente alunos, professores, gestores escolares e políticas públicas educacionais. “Cabe também destacar a parceria com a Fundep para a concepção dessa cátedra, sendo fruto de uma sinergia de esforços voltados para fomentar a pesquisa avançada e transdisciplinar em áreas estratégicas para o desenvolvimento social.” – ressalta Patrícia Kauark.

A Cátedra permitirá que pesquisadores, de reconhecida formação acadêmica, possam permanecer na universidade pelo período de até um ano, contribuindo para o avanço de pesquisas e práticas em educação básica. Isto abrirá enormes possibilidades de colaboração com pesquisadores reconhecidos em seus respectivos campos e com impactos bastante positivos em nossa comunidade acadêmica. Segundo o professor Júlio Emílio Diniz-Pereira, da Faculdade de Educação da UFMG e coordenador da cátedra de Educação Básica na UFMG, a iniciativa permitirá a articulação das diversas iniciativas que já existem na UFMG de parcerias com a Educação Básica. “A escolha de António Nóvoa para iniciar a Cátedra fundamenta-se no reconhecimento internacional de suas contribuições para o campo da pesquisa sobre formação de professores”. – destaca Júlio Emílio Diniz-Pereira.

Criação da rede mineira de formação de professores

A UFMG tem articulado diferentes frentes de ação em prol do fortalecimento das relações com a educação básica, dando especial atenção à formação de professores. Esse foco na formação de professores faz jus ao lugar que ela ocupa no cenário acadêmico, seja na graduação, na pós-graduação, na extensão, na pesquisa e demais setores da universidade. São 18 cursos de graduação em Licenciatura, 5 mestrados profissionais em educação, 11 especializações voltadas para professores e profissionais da Educação Básica, programas de pós-graduação com linhas de pesquisa que dialogam diretamente com a educação básica e a formação de professores e ainda inúmeras atividades de extensão e de pesquisa. O desafio é estabelecer um movimento epistemológico que preze por uma produção de conhecimento na qual os professores e as escolas de Educação Básica sejam integrados nesse processo de forma mais orgânica e contextualizada. Nesse sentido, a universidade tem envidado esforços para o estabelecimento de uma política de formação de professores que seja condizente com tal princípio, mobilizando os professores, estudantes, demais integrantes da própria universidade e da Educação Básica.

A pró-reitora adjunta de Graduação, Maria Flores, professora do Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino da FaE, destaca o trabalho da UFMG neste sentido. “Temos arranjos institucionais próprios de gestão como a Comissão para Discussão e Elaboração das Políticas de Formação Inicial e Continuada de Professores da Educação Básica da UFMG (Comfic) e o Colegiado Especial de Licenciaturas (Collicen) e pretendemos implementar uma diretoria Universidade e Educação Básica que permita congregar as ações e programas de ensino, pesquisa e extensão voltadas para a formação de professores da Educação Básica. Ao mesmo tempo, temos trabalhado em conjunto com as 19 instituições de ensino superior (IES) públicas mineiras e estabelecido uma rede mineira de formação de professores da Educação Básica que busca compartilhar experiências e resguardar esse princípio nas políticas de formação de professores de cada instituição” – detalha Maria Flores .

A Cátedra Fundep “Magda Soares” de Educação Básica do IEAT também conta com o apoio da Pró-reitoria de Graduação da UFMG, que tem atuado num conjunto de ações da UFMG que visam ao estreitamento de relações entre a universidade e as escolas de educação básica.