Período da Residência: 1º de agosto de 2019 a 31 de julho de 2020

Residente do IEAT, João Trindade Marques é Professor Associado e integra o corpo docente Departamento de Bioquímica e Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais desde 2010. Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Minas Gerais (1997), mestrado (1998) e doutorado (2002) pelo Programa de Pós-Graduação em Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Realizou pós-doutorado na Cleveland Clinic em Cleveland/OH (2002 a 2006) e na Northwestern University em Chicago/IL (2006 a 2010), ambos nos EUA. Atua nas áreas de Imunologia e Microbiologia com ênfase no papel de RNAs não codificantes e vias de RNA de interferência na interação vírus-hospedeiro em modelos invertebrados como o mosquito Aedes aegypti e a mosca Drosophila melanogaster.


AS BASES MOLECULARES DA RESISTÊNCIA ANTIVIRAL DE MOSQUITOS AEDES AEGYPTI CONTRA OS ARBOVÍRUS

Nas últimas décadas, houve um aumento sem precedentes no número de infecções por vírus transmitidos por mosquitos vetores, os chamados arbovírus, incluindo os vírus da Dengue, Zika e Chikungunya. Somente o vírus da Dengue é atualmente responsável por aproximadamente 400 milhões novas infecções humanas por ano em todo o mundo. O número de casos anuais da doença aumentou mais de 30 vezes nos último 50 anos. Entre 2013 e 2016, o Brasil apresentou uma média de mais de 1 milhão de casos por ano de pacientes com Dengue. Este cenário é agravado pela ausência de vacinas e tratamentos efetivos contra a maioria dos arbovírus incluindo dengue, Zika e Chikungunya. Estes vírus são transmitidos por mosquitos do gênero Aedes sp e o inseto vetor é um dos alvos mais importante para a prevenção de epidemias. Estratégias de controle populacional têm sido amplamente utilizadas, desde o simples uso de inseticidas até a liberação de mosquitos esterilizados por radiação ou modificados geneticamente. Entretanto, o controle populacional deve ser utilizado continuamente e, quando a redução não é total, o seu impacto real na transmissão dos arbovírus ainda é incerto. A resistência natural à infecção por arbovírus, como o vírus da Dengue é amplamente documentada em populações de mosquitos Aedes aegypti, existindo grandes variações inter e intra-populacionais. O conhecimento sobre os mecanismos de resistência natural poderia ser explorado para o desenvolvimento de estratégias de intervenção em populações de mosquitos de forma a interferir ou mesmo bloquear a transmissão vetorial. Nossa hipótese é de que a expressão diferencial de genes observada entre indivíduos de uma mesma população explicará a variação na resistência à infecção pelo vírus da dengue observada em mosquitos A. aegypti. Neste projeto iremos aplicar estratégias multi- e transdisciplinares com enfoque em análises de bioinformática e manipulação gênica de última geração para o combate a transmissão vetorial dos arbovírus.