Período da Residência: 1º deagosto de 2017 a 31 de julho de 2018

Residente do IEAT, professor Mauro Luiz Engelmann possui doutorado em Filosofia pela University of Illinois at Chicago (2008) e graduação/mestrado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2000), tendo efetuado parte de seus estudos nas universidades de Berlim (1996), Munique (2001-2) e Jena (2006). Em 2015 foi pesquisador visitante no IHPST-Sorbonne e na Universidade de Cambridge. Trabalha na área de Filosofia Contemporânea, especialmente Frege, Russell, Moore, Wittgenstein, Circulo de Viena e Quine, sendo o foco de sua pesquisa o período intermediário da filosofia de Wittgenstein. É o autor do livro “Wittgenstein’s Philosophical Development: Phenomenology, Grammar, Method, and the Anthropological View” (Macmillan Palgrave, 2013) e de artigos em revistas especializadas, entre eles: “Wittgenstein’s Most Fruitful Ideas and Sraffa” em Philosophical Investigations (Reino Unido) 2013, “Wittgenstein’s New Method and Russell’s Analysis of Mind” em Journal of Philosophical Research (USA) 2012, “Le Langage comme Calcul dans le Big Typescript” em Philosophiques (Canada) 2012, “What Wittgenstein’s Grammar is Not” em Wittgenstein-Studien (Alemanha) 2011 e “The Original Position Revisited: Duty and Justification” em Manuscrito (2010). Suas publicações mais recentes são “The Faces of Necessity, Perspicuous Representation, and the Irreligious Cult of the Useful” (em “Wittgenstein’s Remarks on Frazer: The Text and the Matter”, De Gruyter 2016) e “What Does a Phenomenological Language Do? (Revisiting “Some Remarks on Logical Form” in its Context)”(em Colours in the Development of Wittgenstein’s Philosophy, Macmillan Palgrave 2017).


PROJETO: O TRACTATUS LOGICO-PHILOSOPHICUS DE WITTGENSTEIN: RACIONALIDADE SEM PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS E A HARMONIZAÇÃO DE CIÊNCIA, ÉTICA, POLÍTICA E RELIGIÃO.

De acordo com Wittgenstein, o simbolismo lógico do Tractatus mostra a natureza tautológica de qualquer proposição necessária. A partir disso, uma ideia deflacionada de ‘necessidade’ orienta uma visão de mundo que exclui a fundamentação de qualquer princípio na lógica, na matemática, na ciência, na ética, na religião e na política. Do ponto de vista lógico do Tractatus, supostas proposições a priori da ética da forma “Você deve …” não podem existir. Se existissem, como desejavam Russell e Moore, seriam simplesmente sem conteúdo, como as proposições “intrinsecamente necessárias” da lógica. Uma vez que nada torna os juízos éticos obrigatórios, a ‘necessidade ética’ é um sinal vazio e a navalha de Occam deve ser aplicada. Os princípios da ciência são injustificáveis do mesmo modo que os princípios da ética. Na ausência de um modelo que mostre a necessidade de princípios filosóficos da ciência (como o da causalidade, por exemplo), a ideia de princípios fundamentais necessários deve ser abandonada. Disso resulta que a função da ciência é unificar as proposições verdadeiras sobre o mundo em uma rede conceitual (teorias) – conforme Bolztmann e Hertz, por exemplo. O objetivo do projeto consiste em explicar como a visão de mundo promovida por Wittgenstein está de acordo com traços essenciais das concepções de religião de Tolstoy, Kierkegaard e Dostoiévskie mostrar que, se considerarmos que uma sociedade consiste na cooperação de diversos indivíduos com concepções distintas daquilo que é bom ou correto, a mais razoável compreensãoda política na concepção de mundo do Tractatuséexpressa pela “posição original” nos moldes de John Rawls, quando corretamente compreendido, em Theory of Justice e Justice as Fairness.