Felinos e suas interações na Mata Atlântica

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Inaugurando a divulgação das publicações dos nossos professores, técnicos, alunos e egressos, divulgamos aqui dois estudos de Rodrigo Massara, que concluiu o doutorado no ECMVS agora em 2016 e atualmente está como postdoc, ainda vinculado ao nosso programa. Além dos links para os artigos nas revistas, incluímos aqui resumos escritos em português pelo próprio autor.


Ocelot population status in protected Brazilian Atlantic Forest

Massara, R. L., Paschoal, A. M. O., Doherty, P. F., Jr., Hirsch, A., & Chiarello, A. G.

PLoS One, 2016, DOI: http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0141333

A perda de habitat é prejudicial aos carnívoros de topo, como a onça-pintada e a onça-parda, mas os efeitos sobre a jaguatirica são menos claros. A jaguatirica possui afinidade por floresta nativa, mas também pode se beneficiar da extinção local das onças (liberação do mesopredador). Utilizamos armadilhas fotográficas para avaliar as populações de jaguatiricas em seis reservas da Mata Atlântica no sudeste do Brasil, onde mais de 80% dos remanescentes são < 50 ha. Nós testamos se a variação na abundância de jaguatirica entre áreas poderia ser explicada pelo tamanho, pela cobertura florestal, pelo número de cães domésticos e pela presença de predadores de topo em cada reserva. A abundância de jaguatirica foi positivamente correlacionada com o tamanho da reserva e a presença das onças e negativamente correlacionados com o número de cães. Nós também encontramos maiores probabilidades de detecção em áreas menos florestadas, sugerindo que as jaguatiricas possuam uma menor área de vida em áreas menos florestadas, aumentando assim a probabilidade de detecção da espécie pelas câmeras. Nossos resultados não suportam a hipótese da liberação do mesopredador, indicando que a espécie é sensível à perda de habitat e mais abundante em grandes áreas protegidas habitadas por predadores de topo.


Ecological interactions between ocelots and sympatric mesocarnivores in protected areas of the Atlantic Forest, southeastern Brazil

Massara, R. L., Paschoal, A. M. O., Bailey, L. L., Doherty, P. F., Jr., & Chiarello, A. G.

Journal of Mammalogy, 2016, DOI: http://dx.doi.org/10.1093/jmammal/gyw129

A maioria dos remanescentes de Mata Atlântica não têm populações residentes de onças-pintadas e onças-pardas. Uma hipótese atual indica que a jaguatirica seria o competidor dominante neste sistema, afetando negativamente a distribuição espacial ou temporal de outros mesocarnívoros. Utilizamos armadilhas fotográficas, modelos de ocupação e índices de sobreposição temporal para explorar se a ocorrência da jaguatirica influenciaria o uso do habitat ou o padrão de atividade de 6 mesocarnívoros em reservas da Mata Atlântica brasileira. A ocorrência da jaguatirica não influenciou o uso do habitat por estes mesocarnívoros. Além disso, a capacidade de algumas espécies de mesocarnívoros (ex., gato-do-mato) ajustar os seus padrões de atividade para evitar um contato direto com as jaguatiricas, pode facilitar a coexistência destas espécies. A ocorrência da jaguatirica não influenciou o padrão de atividade de 2 espécies noturnas (o cachorro-do-mato e o mão-pelada), sugerindo que estas espécies são mais tolerantes à jaguatirica que outros mesocarnívoros. A probabilidade de ocupação variou entre as espécies e, no geral, correlacionou negativamente com o tamanho da reserva. Como os mesocarnívoros podem ocupar papéis únicos que não podem ser preenchidos por carnívoros maiores, estudos futuros devem avaliar os fatores ambientais que estão influenciando o uso destes remanescentes por cada mesocarnívoro.

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