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Nº 1316 - Ano 27 - 09.05.2001

A UFMG e a educação básica e profissional

Adair Carvalhais Júnior*

m reunião no final do ano passado, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) aprovou proposta da Reitoria que define a inserção do Centro Pedagógico (Escola Fundamental e Colégio Técnico) na UFMG.

Esta decisão foi de enorme importância para a escola, pois pôs fim a uma discussão que se instalou ainda em 1997 quando o próprio Cepe criou uma comissão especial para promover estudos sobre a educação básica (fundamental e média) e técnica-profissional na UFMG.

Mas esta decisão foi ainda mais significativa pois afirmou, de maneira inequívoca, a disposição, não apenas da Reitoria mas de toda a Universidade, de assumir a tarefa de desenvolver o ensino, a pesquisa e a extensão também na educação básica e técnica-profissional.

Não há dúvida de que as universidades, particularmente as públicas, podem oferecer importante contribuição para o eqüacionamento dos enormes e seculares problemas dos ensinos básico e técnico-profissional. Elas abrigam quadros extremamente qualificados, experiências consolidadas e condições de ensino e pesquisa ausentes em outras instituições. Mas não há como negar que tais problemas ainda não receberam das universidades a devida atenção.

Tomemos como exemplo a formação de professores. Se devemos reconhecer os esforços feitos em âmbito nacional para melhorar esta área, não podemos esquecer que as grandes questões que envolvem as licenciaturas, por exemplo, ainda não foram suficientemente problematizadas pela academia a ponto de, em vários momentos, termos a impressão de ser esta uma discussão que não interessa às universidades brasileiras.

Entre as principais instituições de ensino superior no país, a UFMG talvez seja a única a contar com experiências próprias nos vários níveis e modalidades de ensino: fundamental, médio, técnico, educação de jovens e adultos - da alfabetização ao ensino médio - e até mesmo a educação infantil. Esta riqueza, porém, vem sendo pouco explorada em função da falta de uma política global que dê conta de articular o conhecimento produzido às práticas e vivências concretas.

Constituídos ao longo dos últimos anos, alguns grupos de pesquisa congregam, em muitos casos, profissionais de várias unidades mas, quase sempre, a partir de iniciativas individuais. Carecemos de uma verdadeira política integradora das múltiplas ações que se desenvolvem no interior da Universidade nos setores referidos.

A proposta aprovada pelo Cepe delega aos departamentos a responsabilidade de elaborar e propor esta articulação na Universidade. Há o receio, porém, de que, na prática, a proposta resulte em situações de dispersão e fragmentação, que poderão pôr a perder todos os esforços de integração feitos até hoje. Isto porque todos os professores da Escola Fundamental e do Colégio Técnico serão lotados nos diversos departamentos afins. Esses assumirão as responsabilidades pelos cursos fundamental, médio e técnico-profissional.

Com vistas a enfrentar estes e outros problemas, o Cepe constituiu quatro subcomissões que formularão os mecanismos - tanto legais quanto acadêmicos e administrativos - capazes de contorná-los. As subcomissões são constituídas por representantes de todos os segmentos interessados, incluindo a Faculdade de Educação, a Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD), a Procuradoria Jurídica, o próprio Cepe e o Conselho Universitário. Caberá a tais instâncias propor um novo desenho administrativo, sugerir instrumentos de gestão do pessoal docente das duas escolas, formular uma política para o gerenciamento acadêmico dos cursos e elaborar uma sustentação jurídica para eles no interior da UFMG.

Entendo que a UFMG pode ser uma grande - e porque não a melhor - universidade brasileira, não apenas na graduação e na pós-graduação, mas também no ensino básico e técnico-profissional. É precisamente para isto que os profissionais em exercício nas duas escolas procuram apoio desta Universidade.

O que se espera é que a UFMG ponha seus talentos e sua capacidade de produção de conhecimento e de geração de respostas acadêmicas também a serviço da educação básica e técnica-profissional, para que esta se torne, cada vez mais, objeto de preocupação, de estudo e de investigação universitárias.

* Diretor Geral do Centro Pedagógico