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Documentário ficção
Pedro Marra
m
dos mais polêmicos atores do cinema alternativo brasileiro, Rubs morreu
tragicamente num acidente automobilístico. Mulherengo e dono de uma
trajetória artística que despertou reações de
amor e ódio, Rubs teve sua vida retratada num curta-metragem dirigido
pela cineasta Patrícia Moran, professora do departamento de Comunicação
Social da Fafich. Seu documentário reuniu declarações
e depoimentos de pessoas que acompanharam a carreira do ator.
Até aí, a descrição acima poderia ser classificada
como sinopse convencional de um documentário não menos convencional,
se não fosse um pequeno detalhe: Rubs nunca existiu. E foi este documentário
sobre um personagem inexistente que fez do curta Plano-Seqüência
o único filme brasileiro selecionado para a mostra oficial da edição
2003 do Festival de Cinema de Berlim, um dos três de maior prestígio
na Europa. "A intenção foi explorar os limites entre ficção
e documentário. Daí, termos construído um personagem
inexistente", explica Patrícia Moran, que, este semestre, retoma
suas atividades acadêmicas no departamento de Comunicação,
depois de concluir seu doutorado em São Paulo.
O filme também trabalha outros paradoxos da linguagem
cinematográfica. Quem oberva apenas o nome do filme - Plano-Seqüência
- pode ser induzido a imaginar que ele apresenta apenas uma única seqüência,
com os movimentos de câmera encadeando os diversos momentos da ação.
Mas Patrícia Moran montou sua película com muitos cortes, seguindo
a orientação do cinema atual, que apresenta vários planos
curtíssimos. "Encadeamos algumas imagens de curta duração
com depoimentos do Rubs, das mulheres de sua vida, de amigos e críticos
de cinema. O filme não é um plano-seqüência, mas
cada parte possui sentido próprio e pode ser separada", conta
Patrícia.
O fictício Rubs é interpretado por Paulo César Pereio
- este, sim, um ator de verdade - um dos mais importantes da história
do cinema brasileiro. Ele brilhou em filmes de Glauber Rocha e Arnaldo Jabor,
e em A dama do lotação, para alguns críticos,
o A bela da tarde brasileiro. "Eu e Marcelo Dolabela escrevemos
o roteiro pensando no Pereio. Ele encarna o espírito do cinema. Acho
que ninguém mais poderia dar vida ao Rubs", elogia Patrícia.
Plano-Seqüência foi rodado em 2002, com recursos do Ministério da Cultura. O filme participou de diversas mostras na-cionais de cinema e integrou a programação do projeto Curta Petrobras às seis. Mas a grande vitrine foi mesmo o Festival de Berlim. "Centenas de filmes foram mandados para seleção, mas somente 20 entraram na mostra oficial", ressalta Patrícia Moran. Ela lembra, ainda, que o Festival recebe cineastas, produtores, atores, além de "olheiros" de outros festivais e de empresas interessadas em veicular os filmes na TV e em circuitos fechados.
Tão longe, tão perto Além da tradicional mostra de filmes, o Festival de Cinema de Berlim promoveu este ano o seminário Talent Campus, que discute o cinema sobre diversas perspectivas. Como teve seu filme selecionado para integrar a mostra, Patrícia Moran poderia ter participado do evento que incluía uma palestra com o cineasta alemão Win Wenders, diretor do clássico Tão longe, tão perto e do elogiado documentário Buena vista social club. "Como estava às voltas com a conclusão da minha tese de doutorado, preferi ver os filmes da mostra", conta a professora. Para substituí-la, a professora do departamento de Comunicação indicou sua assistente, Clarissa Campolina, responsável pela edição de Plano-Seqüência. Segundo Clarissa, o curso dado por Wenders foi bom, embora genérico. "Na palestra, que fazia parte do círculo de filosofia do cinema, Win Wenders abordou sua experiência e seu processo de produção de filmes. Acabou sendo mais uma conversa com os participantes", relata Clarissa, ex-aluna do curso de Comunicação Social da UFMG. |