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Nº 1429 - Ano 30 - 11.3.2004


Documento lista causas da dívida

A dívida - ainda não saldada - de R$ 5,3 milhões, com contas de água, energia elétrica e subvenção à alimentação de estudantes carentes foi o aspecto visível da crise, mas vários fatores contribuíram para que a UFMG fechasse o ano passado com déficit. No documento Razões para o aumento de gastos orçamentários em 2003, Ronaldo Pena enumera tais fatores:

Reposição da greve - em virtude do calendário especial de reposição da greve ocorrida em 2001, a UFMG teve três semestres letivos em 2003.


Aumento de vagas na graduação - Entre os vestibulares de 1998 e de 2004, a UFMG aumentou em 18,5% as suas vagas na graduação. "A desejável expansão de vagas traz consigo o aumento de gastos de manutenção da infra-estrutura, especialmente no caso de cursos noturnos, devido ao uso de energia elétrica em horário de pico, que tem custo muito mais alto", comenta o Pró-Reitor.

Redução na Emenda Andifes - Por ocasião da distribuição da Emenda Andifes para complementação de custeio, a UFMG recebeu R$ 1,9 milhão a menos do que determinavam seus indicadores acadêmicos.

Terceirização de mão-de-obra para manutenção predial e áreas verdes - Até o final de 2001, a UFMG valia-se de contrato com a Fundep para executar os projetos de manutenção predial e de áreas verdes. Por decisão do Tribunal de Contas da União, a forma contratual foi mudada, encarecendo os custos. Outro aumento nos gastos foi resultado de reajuste salarial de 11,43% aplicado a partir de 2003.

Gastos com conservação, limpeza e segurança - A partir de janeiro do ano passado, começaram a vigorar os reajustes salariais dos profissionais de conservação, limpeza e segurança, que aumentaram em 16,43% os contratos de prestação de serviços em relação a 2002. Além disso, a Universidade teve de contratar mais profissionais de limpeza para atender novos prédios e laboratórios.Também foram admitidos vigilantes para a Fazenda de Igarapé, Centro Esportivo Universitário e campus Pampulha.

Gastos com água e esgoto, energia elétrica e telefone - Reajustes tarifários: Cemig (30,32%), Copasa (29,35%) e Telemar (26,41% _ tarifa para transmissão de dados - e 17,24% - para transmissão de voz).


Gastos com disciplinas de campo - Alterações curriculares geraram gastos extras com aulas de campo, especialmente no ICB, IGC e Escola de Veterinária . Essas atividades resultaram num acréscimo de R$ 132,5 mil por ano.

Combustíveis e lubrificantes - Em função dos reajustes nos preços dos combustíveis ocorridos em 2003, somados aos aumentos de consumo para cobertura de aulas de campo, a UFMG gastou R$ 510,3 mil nos 11 primeiros meses de 2003. O gasto total com combustível em 2002 foi de R$ 400 mil.


Obras - A UFMG realizou, em 2003, obras de R$ 290 mil para facilitar o acesso de portadores de necessidades especiais, além de reparos nas esquadrias da Faculdade de Medicina e nos elevadores do HC e da Faculdade de Direito, que custaram R$ 328 mil. Por exigência da Secretaria de Limpeza Urbana (SLU), a Universidade também realizou obras, no valor de R$ 76 mil, para acondicionamento de lixo .

Estudo mostra que UFMG aplica recursos com eficiência


m estudo comparativo sobre a gestão financeira de quatro universidades públicas brasileiras indica que a UFMG é a que administra os seus recursos com maior eficiência. O levantamento, de autoria do pró-reitor de Administração da UFMG, Luiz Felipe Vieira Calvo, foi realizado a partir de dados coletados em visitas à Universidade de São Paulo (campus de São Paulo), à Universidade de Campinas (Unicamp) e à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

"Junto com a UFMG, essas instituições concentram parte significativa da excelência acadêmica do Brasil, além de serem referências nacionais em termos de administração e de infra-estrutura", diz Calvo, ao justificar a escolha das universidades pesquisadas.

Nas visitas que fez aos campi das três instituições, Calvo colheu dados sobre o gerenciamento de grandes despesas, incluindo itens como energia elétrica, segurança patrimonial e pessoal, manutenção predial e das áreas comuns, rubricas que representam 50% das despesas correntes de custeio. "No caso da UFMG e da UFRGS, elas representam 70% das despesas porque nossos orçamentos são muito pequenos", ressalva.

Tomando como referência as contas da UFRGS, os indicadores da UFMG são melhores - já que a Universidade mineira tem 13% a mais de alunos que a gaúcha, uma área 10% maior e menos funcionários. As duas universidades fecharam 2003 com dívidas semelhantes.

Com relação às duas instituições paulistas, cujos orçamentos são maiores que o da UFMG, Calvo concluiu, por exemplo, que, embora ofereça mais segurança, a Unicamp gasta R$ 13 milhões com este item, e a UFMG, R$ 8 milhões. "Já a USP tem um campus mais inseguro que o nosso e gasta mais por metro quadrado", compara. Segundo o pró-reitor, entre as quatro, a UFMG tem prédios em melhor estado de conservação, a área verde mais bem tratada e maior número de novas construções.

Tecnologia própria

"Nenhuma dessas instituições constrói tão barato e tão bem quanto a UFMG", assegura Luiz Felipe Vieira Calvo, ao lembrar que a Universidade é a única a dispensar a participação de grandes empreiteiras, porque conseguiu gerar e preservar tecnologia própria de construção. "Temos, no nosso quadro permanente, técnicos altamente especializados", orgulha-se o pró-reitor, que é engenheiro.

Ele diz que a UFMG utiliza um processo semelhante ao da auto-construção adotada pelas camadas pobres da população. "A Universidade trabalha com os recursos de que dispõe a cada momento, de maneira que pode construir por partes. Sem recorrer a empreiteiras, economizamos 20% no preço do metro quadrado", afirma o Pró-Reitor.