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Nº 1433 - Ano 30 - 08.4.2004

Novo em folha

Com recursos do Fundo Fundep, Observatório reforma estrutura
física e telescópios

Jurandira Gonçalves

rinta e dois anos após sua inauguração, o Observatório Astronômico Frei Rosário, da UFMG, localizado na Serra da Piedade, concluiu a primeira reforma de sua estrutura física e dos equipamentos de astronomia. A obra, que custou R$ 100 mil e foi financiada com recursos do Fundo Fundep de 2002, levou mais de um ano para ser finalizada.

Segundo Renato Las Casas, professor do departamento de Física e coordenador do Observatório, as modificações eram prioritárias. Ele explica que problemas de manutenção dos equipamentos e na estrutura do prédio, como goteiras, poderiam comprometer o trabalho do Observatório: “Foi feita uma realuminização* do espelho parabólico do telescópio, principal item do seu sistema ótico. Toda a parte exterior da cúpula do telescópio menor foi refeita, e a cúpula do maior, completamente restaurada. Foram abertas todas as engrenagens, trocados parafusos e peças”.

A reforma é parte de um projeto de ampliação e adequação do prédio do Observatório às atividades de ensino, pesquisa e extensão. “Quando foi fundado, em 1972, o objetivo era que ele fosse um laboratório de pesquisa, mas sua atuação se expandiu, e hoje o ensino e a extensão são muito desenvolvidos”, explica o professor. Atualmente, conta Las Casas, o Observatório abriga atividades de formação de pesquisadores e educadores e visitas orientadas de turmas escolares. Seus especialistas também visitam escolas da região. O Observatório é aberto a visitação no primeiro sábado de cada mês. Ele fica na Serra da Piedade, no município de Caeté, e conta com dois telescópios profissionais e 14 amadores.

Pesquisa em astrofísica

O Frei Rosário foi o primeiro observatório moderno do Brasil. Antes de sua fundação, existiam apenas telescópios refratores, inadequados às pesquisas astrofísicas. “Do Observatório da Serra da Piedade é possível enxergar até o limite do Universo, desde que haja luz”, afirma Las Casas. O professor ressalta que, através dos telescópios, podem ser vistos detalhes de planetas, galáxias, nebulosas e aglomerados de estrelas.

Las Casas explica que a pesquisa em astronomia é feita por meio de detectores que captam a luz dos astros. Depois de coletados, os dados são analisados em programas de computação e transformados em estudos sobre características do astro, como temperatura e velocidade. “Mas o Observatório é carente de detectores. Estamos, inclusive, negociando com o Observatório Nacional a reforma do nosso espectrógrafo”, informa Las Casas. Esse aparelho fraciona a luz em suas várias freqüências e analisa a intensidade das cores da luz decomposta.

Apesar de ser o segundo maior observatório astronômico do Brasil, o Frei Rosário é considerado de pequeno porte quando comparado a grandes observatórios internacionais, como o Palomar, na Califórnia, de onde se avistou pela primeira vez o astro Sedna, que chegou a ser apontado como o décimo planeta do sistema solar, ou o Observatório de Mauna Kea, na Universidade do Havaí. “A astronomia brasileira ainda é pouco desenvolvida”, afirma Las Casas.

Astronomia para iniciantes

Começa no dia 12 de abril o curso de Astronomia para iniciantes do Observatório da UFMG. O curso é oferecido duas vezes ao ano e aborda temas como o sistema solar, a conquista de Marte, o reconhecimento de astros, telescópios, a galáxia e a estrutura do Universo. Com término previsto para 16 de abril, o curso tem carga horária de 20 horas e custa R$ 150. Mais informações pelos telefones (31) 3499-5679 (das 10 às 12h30) e 3499-4220.

Foto: Vista interna de telescópio do Observatório: reforma garante melhores condições para atividades de ensino, pesquisa e extensão

* A realuminização consiste na troca da camada molecular de alumínio do espelho parabólico do telescópio. Essa camada é responsável pela reflexão da luz e fica junto à base de vidro do espelho.