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Audiência na Assembléia
Legislativa
debate reforma universitária
“Investimento em educação gera riqueza a
distribuir”, disse Ana Lúcia Gazzola na sessão
Murilo Gontijo
Ana Lúcia durante a audiência pública:
educação é bem público
Foto: Eber Faioli
debate
sobre a reforma universitária chegou à Assembléia
Legislativa de Minas Gerais. Na última quinta-feira, dia 3, o Legislativo
mineiro realizou audiência pública para discutir o tema a
partir das palestras da reitora e presidente da Andifes, Ana Lúcia
Gazzola; do assessor da SESu/MEC, Jorge Gregori; do presidente da Apubh,
Robson Matos; de Madalena Guasco, presidente da Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) e de
Tiago Alves, representante da UNE.
A audiência, que lotou o auditório do Parlamento Mineiro,
foi requerida pela deputada Jô Moraes (PCdoB). “O Brasil passa
por um período de grandes transformações, e a educação
é um dos elementos essenciais ao debate que definirá o país
que a sociedade deseja”, disse a deputada, na abertura da sessão.
Na primeira conferência do evento, o assessor da SESu, Jorge Gregori,
lembrou que as discussões sobre a reforma universitária
“começam a ganhar a sociedade, extrapolando os muros das
instituições de ensino”. Segundo ele, o ministro Tarso
Genro tem o propósito de dialogar com as instituições
da sociedade civil para, em novembro, concluir a proposta do Ministério
de uma lei orgânica do ensino superior brasileiro. Gregori afirmou
que a reforma universitária deve apontar as reformulações
dos ensinos público e privado. Para ele, a reforma deve incorporar
a noção de que a universidade tem papel social a cumprir.
“Ela é instituição fundamental para o desenvolvimento
do país”, argumentou.
Jorge Gregori queixou-se da situação em que o atual governo
recebeu o MEC. Segundo ele, houve uma expansão distorcida do ensino
superior. “A ampliação se deu com a flexibilização
da normatização legal, pela via de instituições
privadas. Hoje, os cursos de direito, administração e ciências
contábeis representam 23% de todas as vagas oferecidas no ensino
superior”, informou.
O assessor do MEC relatou os esforços do governo para reverter
a situação de penúria das universidades públicas
federais e lembrou que, no governo Lula, já foram abertas 14.770
vagas para contratação de professores. “Isso é
pouco, mas significa quase o total do que foi liberado pelo governo passado”,
comparou.
Projeto de nação
Em sua exposição, Ana Lúca Gazzola disse que um dos
maiores problemas do Brasil é o pequeno alcance de seu ensino superior.
“Hoje, apenas 9% de nossos jovens cursam o terceiro grau”,
afirmou, ressaltando que a meta é atingir 30% até 2010.
“Se continuarmos na velocidade atual, dificilmente conseguiremos
alcançar esse objetivo”, advertiu. A Reitora ressaltou que
não cabe à universidade pública oferecer sozinha
todas as vagas do ensino superior. A ela cabem, de acordo com Ana Lúcia,
tarefas outras, como pesquisa, extensão e pós-graduação.
A professora foi aplaudida quando afirmou que não haverá
riqueza a distribuir se não houver investimentos em educação.
Ana Lúcia defendeu a abertura do leque de alternativas para os
jovens. “Nem todos desejam entrar para a universidade. É
preciso que existam oportunidades de escolha”, pregou.
Para Ana Lúcia, o debate no Legislativo é importante porque
é nessa instância que se criará um projeto de nação
legítimo para o país: “O Brasil nunca teve um projeto
de nação, mas de elites”. Ela reiterou que educação
é direito do cidadão e não um bem a ser comercializado:
“Assim, a educação privada deve ser uma concessão
do poder público, que deve fiscalizá-la permanentemente
para garantir qualidade”. A Reitora ressaltou, entretanto, que nem
todas as instituições privadas são precárias:
“Existem escolas que são nossas parceiras na construção
de um país desenvolvido”.
Ao final de seu discurso, Ana Lúcia Gazzola apontou os princípios
que pautam a proposta da Andifes para a reforma univesitária, termo
com o qual ela não concorda. “O correto é chamarmos
de proposta de reestruturação do ensino superior, porque
reforma é uma palavra anacrônica, que dá a idéia
de que estamos num terreno arrasado, o que não é verdade.
Também é equivocado chamá-la de universitária,
porque não considera a complexidade e diversidade do sistema, que
não é constituído apenas de instituições
de ensino universitárias”, justificou.
Internacionalização
solidária
De acordo com a Reitora, o primeiro tópico da proposta da Andifes
é a afirmação do ensino superior como política
de Estado: “A educação é um bem público,
instrumento para superação dos nossos desníveis,
uma busca pela internacionalização solidária; ela
é ética e tem valores humanistas”. O segundo ponto,
acrescentou Ana Lúcia, é a criação de um conceito
de sistema nacional de ensino superior: “Seu marco regulatório
será a qualidade da educação, que não é
mercadoria”.
Madalena Guasco, da Contee, disse que, nos últimos dez anos, o
ensino superior brasileiro expandiu-se de maneira desregulamentada e transformou-se
em mercadoria. Para Robson Matos, presidente da Apubh, a reforma universitária
deve ser discutida à luz da Constituição. Ele citou
artigos que mostram o quanto a Carta Magna preocupou-se com a universidade
e seu funcionamento. “Estou feliz com a notícia de que o
MEC não aceita a cobrança de mensalidades de alunos das
instituições públicas”, discursou. Ele defendeu
correções na carreira docente e a expansão da política
de assistência como forma de manter o estudante carente no ensino
superior.