Busca no site da UFMG




Nº 1445 - Ano 30 - 1.7.2004

 

Começa transferência da Farmácia para o campus

Em nova sede, professores e funcionários da Unidade
realizam sonho de 30 anos

Ana Rita Araújo


Funcionários preparam mudança: misto de expectativa e nostalgia
Foto: Elber Faioli

s novos “moradores” do campus começaram a chegar na última segunda-feira, dia 28. Entre a alegre expectativa de vida nova em instalações modernas e confortáveis e a inevitável nostalgia pelo abandono da casa que os abrigou durante 50 anos, professores e funcionários da Faculdade de Farmácia esperam terminar a mudança até 15 de agosto, para receber no novo prédio os alunos dessa que é uma das mais tradicionais unidades acadêmicas da UFMG.

O primeiro a mudar foi o diretor, professor Gerson Antônio Pianetti, cujo gabinete foi seguido por todo o setor administrativo e pelo Laboratório de Análises Clínicas e Toxicológicas. A transferência era esperada desde 1974, quando a direção da Faculdade encaminhou documento à Reitoria, pedindo providências para a integração dos farmacêuticos à comunidade acadêmica em um dos campi, Pampulha ou Saúde. Na época, discutia-se para onde a transferência deveria ocorrer, já que o curso tem estreita ligação com as áreas tecnológica e de saúde.

Agora no campus Pampulha, alunos e professores podem usufruir do contato com os institutos de Ciências Biológicas e de Ciências Exatas, além de áreas como as Ciências Humanas, importantes para o atual conceito de formação do profissional farmacêutico. “Temos assento no Conselho Diretor do Hospital das Clínicas, o que nos mantém envolvidos também com a área da saúde, mesmo não estando fisicamente lá”, comenta Pianetti.

150 anos

As novas instalações contam com o que há de mais moderno em equipamentos de ensino e pesquisa. Formado por um conjunto de quatro prédios, dispõe de 14,6 mil metros quadrados de área construída e custou R$ 14 milhões. “O novo espaço deverá ter pelo menos 150 anos de vida útil”, brinca o diretor, ao lembrar que a Faculdade ocupou, por cerca de meio século, um prédio de sete mil metros quadrados, e as novas instalações “estão bem próximas do ideal”.

Além de 46 laboratórios – muitos dos quais funcionavam agregados por falta de espaço – todos os professores terão gabinete de trabalho. “É uma grande conquista, que melhora as condições produtivas”, assegura Pianetti. As salas de aula têm capacidade para receber, simultaneamente, 800 alunos.

Mas, segundo o diretor, o maior problema enfrentado no antigo endereço não era a falta de espaço, e sim de qualidade de vida e de trabalho, devido sobretudo à poluição sonora. Todas as salas de aula estavam próximas a duas grandes avenidas. “Isso já vinha causando problemas de saúde, principalmente em professores, forçados a falar alto. Registramos até caso de surdez”, relata Gerson Pianetti.

Nostalgia

No antigo endereço, o clima de expectativa pela mudança mistura-se com um sentimento de nostalgia. Entre caixas, rolos de plástico-bolha e pilhas de papelão, enquanto embalam livros, vidros e toda espécie de material de trabalho, ainda há quem se pergunte, sem esperar resposta: “Vamos ter que ir mesmo?”

“Neste momento enfrentamos uma certa dificuldade, porque as pessoas estão mudando de ambiente, reprogramando suas vidas, depois de anos. Mas estamos tratando com carinho essa situação, e tenho certeza de que a nossa qualidade de vida compensará o esforço da mudança”, comenta Pianetti.

Ele acrescenta que a mudança não pode ser apenas de prédio, mas de comportamento. Na sua opinião é necessário refletir o que significa um investimento de R$ 14 milhões, num país que sofre com a escassez de recursos. “É dinheiro público, e quem entrar nesse prédio tem que estar pronto para devolver à sociedade aquilo que ela espera, precisa e cobra”, comenta.

Serviços

Além das salas de aula e laboratórios, o campus Pampulha receberá serviços que a Faculdade presta há décadas, como a Farmácia Universitária e o Laboratório de Análises Clínicas e Toxicológicas.
“Não atendemos apenas à Universidade. Queremos trazer a comunidade externa e mostrar a ela que temos preços e serviços atraentes”, resume o diretor. Com suporte técnico-científico de professores e de profissionais de nível superior, o Laboratório de Análises Clínicas e Toxicológicas realiza exames nas áreas de anatomia patológica, citologia, bacteriologia e micologia, bioquímica, hematologia, hormônios, imunologia, parasitologia, urinálise e toxicologia. O Laboratório mantém convênios com a Fump, Casu, Assufemg e Apubh.

Já a Farmácia Universitária, que chega ao campus na primeira quinzena de agosto, põe à disposição dos usuários um novo conceito de atendimento, a Atenção Farmacêutica. Por essa metodologia, o profissional de Farmácia, responsável pela dispensação do medicamento, orienta o paciente durante todo o período de tratamento. No caso de uso de medicamentos de uso crônico, o paciente é acompanhado ainda mais de perto .

Em recente reunião com o vice-reitor, Marcos Borato, o professor Pianetti discutiu a possibilidade de facilitar, aos funcionários da Universidade, a utilização dos serviços, com desconto em folha e preços diferenciados.

“Queremos mostrar para a sociedade o que é o profissional farmacêutico, mostrar que a farmácia é um lugar onde se trata da saúde e não um ponto que vende ração para cachorro, refrigerante e sorvete”, conclui Pianetti.