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Nº 1446 - Ano 30 - 8.7.2004


Aliado da conservação

Laboratório da EBA usa recursos da fotografia digital para preservar e restaurar bens culturais

Andréa Hespanha

fotógrafo tira fotos de um casal de amantes em um parque de Londres. Um zoom em um pequeno detalhe de uma dessas fotografias revela pistas de um assassinato. A cena do filme Blow up, de Michelângelo Antonioni, exemplifica um dos recursos que a tecnologia digital oferece e que vem sendo pesquisado e utilizado no Laboratório de Documentação Científica da Escola de Belas-Artes.

O Laboratório, coordenado pelos professores Luiz Souza, chefe do colegiado de pós-graduação em Artes, e Paulo Baptista, do departamento de Fotografia, Teatro e Cinema, é o mais bem equipado da América Latina na área de estudos de documentação fotográfica digital.

Criado em 2003, o Laboratório trabalha com armazenamento e gestão de banco de imagens, gerenciamento de cores, impressão de fotos em alta resolução e realiza pesquisas que envolvem fotografias digitais e tratamento de imagens. "Nosso objetivo é avançar na pesquisa, ensino e prestação de serviços buscando desvendar as possibilidades que essa tecnologia nos oferece", afirma Luiz Souza. Os recursos financeiros _ cerca de R$ 400 mil _ que viabilizaram o projeto vieram do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, do Ministério da Justiça, e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Restauração

Além das pesquisas, o Laboratório realiza a documentação científica das obras restauradas no Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor), como a imagem do Cristo Morto, do Palácio da Alvorada, e dos trabalhos dos alunos do curso de especialização. "Utilizamos nossos equipamentos para fotografar as obras restauradas, armazenar no banco de imagens com máxima resolução e acuidade de cores e controlar o processo de impressão para que a imagem não perca a qualidade conferida no processo de captação", explica Paulo Baptista, professor da disciplina de Fotografia no curso de especialização e restauração de bens culturais móveis. Dentre os trabalhos recentes do Laboratório, estão a impressão das fotos de Mário Seguso expostas na Reitoria da Universidade. Outro trabalho de destaque a ser realizado é a documentação digital da obra de Portinari que retrata a primeira missa celebrada no Brasil.

Inicialmente, o Laboratório foi criado para incrementar a estrutura do curso de especialização. "Em plena era digital, a questão da conservação passa pela fotografia e pelo tratamento digital: é o que chamamos de conservação preventiva", aponta Luiz Souza. "Não há mais negativos, as fotografias são gravadas em CDs e arquivos de computador, mas quem garante que esses bancos de imagens permanecerão com a mesma qualidade ao longo do tempo?", questiona o pesquisador. Para ele, a tecnologia digital é uma grande aliada no processo de conservação, pois através da fotografia e dos recursos digitais é possível ampliar e conservar a qualidade das imagens reproduzidas.

Última geração

Equipamentos de última geração garantem a excelência dos trabalhos do Laboratório de Documentação Científica da Escola de Belas-Artes. Entre eles, computadores Macintosh, câmeras fotográficas de formato médio com captura digital em alta resolução, impressora profissional para impressão em alta definição e máxima acuidade de cores, iluminação especial, flashes eletrônicos, colorímetros para controle de cor, scanners para transparências e radiografias e software de gerenciamento de cores. "A qualidade das imagens produzidas é tão alta que um zoom em um pequeno ponto da fotografia mostra riqueza de detalhes ainda com alta resolução", destaca Luiz Souza.

Fotos (legenda): Detalhe do Cristo Morto, imagem do acervo do Palácio da Alvorada, captado pelos equipamentos do Laboratório: alta definição
Fotos: Acervo Laboratório de Documentação Científica