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Nº 1491 - Ano 31 - 07.07.2005

Tradição e modernidade sob o mesmo teto

Estudantes e arquitetos formados pela UFMG desenvolvem projetos de revitalização de prédio que abrigará sede da Orquestra Sinfônica

Andréa Hespanha

untar num mesmo ambiente dois elementos antagônicos sem prejudicar a harmonia: a tradição da arquitetura de um patrimônio construído no final do século 19 e o que há de mais moderno e inovador na arquitetura do novo século. Essa foi a proposta, apresentada por equipe de estudantes de arquitetura da UFMG e arquitetos profissionais, de readequação do prédio da Secretaria da Fazenda, na Praça da Liberdade, que será transformado na nova sede da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. O projeto, que concorreu com outras 53 propostas, venceu o Concurso Nacional de Arquitetura, promovido pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB).

A equipe é formada pelos estudantes Débora Vieira, Igor Macedo, David Mosqueira, Carlos Maia e Eduardo França, todos do 9º período de Arquitetura; pelos arquitetos Humberto Hermeto e Fernando Lara; e pelo engenheiro civil Renato Cipriano. O grupo, que ganhou R$ 20 mil de prêmio, será contratado para executar o projeto, etapa que deve começar ainda este mês. O projeto integra o Circuito Cultural Praça da Liberdade, lançado recentemente pelo governo de Minas, que transformará os prédios públicos em espaços culturais.

O prédio é constituído de três partes e o projeto deveria readequá-lo para outro uso. “A primeira e a segunda partes foram preservadas no nosso projeto, assim como a fachada externa. Nossa idéia era criar um elemento novo, mudar a cara do prédio, a face interna. Mas não queríamos que essa cara nova se chocasse com o antigo”, aponta o arquiteto Humberto Hermeto, formado pela UFMG há nove anos. Ele explica que a parte interna da frente do prédio é toda compartimentada, por isso a equipe resolveu adaptá-la com mobiliário especial, para abrigar os camarins, a bilheteria e o setor administrativo da sede. “A área que foi preservada, devido à sua importância histórica, será reservada a espaços nobres, como administração e salas de ensaios e descanso dos músicos, pois tem a vista privilegiada para a Praça da Liberdade”, salienta Eduardo França.


Simulação de ambiente do prédio que sera remodelado a partir de projeto concebido por alunos da UFMG
Foto: Divulgação


Estrutura suspensa

O elemento novo proposto pela equipe foi a construção de estrutura de madeira dentro do prédio, com uma superfície curva, sustentada por vigas metálicas e pilares de concreto presos nas laterais. Sob essa estrutura suspensa, no piso do prédio, ficará uma praça de chegada, que será o espaço de exposições da Companhia Vale do Rio Doce. “O que fizemos foi retirar o volume que existia na parte posterior do prédio, as paredes e os pisos, e criar uma estrutura moderna, com várias passarelas interligando os locais”, conta Carlos Maia. Essa estrutura, que abrigará o grande auditório, as salas de música de câmara, de ensaio de naipes e de ensaio do coral, acrescentará 600 metros quadrados ao prédio.

Segundo Humberto Hermeto, o conceito do projeto surgiu em reunião inicial com os componentes do grupo. Em seguida, partiram para o processo de desenvolvimento, que durou cerca de 45 dias. O arquiteto ressalta a preocupação do grupo em criar uma diferenciação entre o novo e o antigo, possibilitando, ao mesmo tempo, um diálogo entre essas dimensões. “Nosso projeto foi escolhido porque, além de atendermos os termos de referência, não agredimos o prédio. As mudanças não prejudicaram em nada a fachada do patrimônio”, garante Hermeto.

A equipe ainda terá muito trabalho pela frente, pois acompanhará o processo de execução do projeto e da obra, orçada em R$ 14 milhões. “Teremos que fazer muitas adaptações e conversar com os músicos da Orquestra para adequar os espaços às suas necessidades”, salienta Humberto Hermeto.