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Nº 1529 - Ano 32
04.05.2006

Pesquisadores cubanos atuarão
no mestrado em Montes Claros

Ana Rita Araújo

m dos projetos a serem beneficiados pela parceria entre UFMG e Cuba é o curso de mestrado em Agroecologia, instalado em Montes Claros. “Temos muito a aprender com a experiência cubana nesse campo”, afirma o pró-reitor de pós-graduação da UFMG, Jaime Arturo Ramirez, ao lembrar que além de condições de clima e solo similares às de Montes Claros, Cuba tem pesquisas bem consolidadas na área. Convênio firmado com o Instituto de Ciência Animal (ICA) vai garantir a presença, no Núcleo de Ciências Agrárias (NCA), de dois pesquisadores daquele país que atuarão como professores visitantes.
Eber Faioli

Lavoura irrigada no NCA: condições de cultivo em Montes Claros são semelhantes às de Cuba

A aula inaugural do curso acontece nesta sexta-feira, 5 de maio, com a presença de Ramirez e do professor Rômulo Cerqueira Leite, da Escola de Veterinária da UFMG. Coordenador da área de Ciências Agrárias da Capes no triênio 2001/2003, Cerqueira mostra-se otimista com as perspectivas que o curso abre para a região. “Esperamos que ele acelere o desenvolvimento do Norte de Minas”, diz.

Cerqueira lembra que a região central de Minas Gerais é pouco servida de cursos de pós-graduação, especialmente em ciências agrárias. “A implantação desse mestrado no NCA foi uma ótima escolha, por ser uma área fundamental e um curso muito importante, que já nasce grande, com um corpo docente novo, mas muito competente”, afirma.

Para o diretor do NCA, professor Rogério Marcos de Souza, o maior desafio do curso será formar profissionais dentro de um modelo agrícola que permita, além da conservação ambiental, um satisfatório retorno econômico da atividade, utilizando tecnologias desenvolvidas e adaptadas às condições do semi-árido mineiro.

Jaime Arturo Ramirez ressalta que o primeiro programa de pós-graduação da UFMG em Montes Claros tem importância estratégica em duas frentes: oferecer aos alunos sólida formação científica e capacidade crítica para abordar os problemas agroecológicos da região, e possibilitar aos docentes do NCA o desenvolvimento de atividades de pesquisa. “Sem a oportunidade de realizar atividades em nível de pós-graduação, os pesquisadores, altamente qualificados, não se fixam na região”, justifica. O curso aprofunda o processo de interiorização da UFMG, constituindo-se em importante forma de inclusão social.

Pequena propriedade
Quarto mestrado do Brasil com área de concentração em Agroecologia, o curso abre sua primeira turma com nove alunos, que desenvolverão projetos em duas linhas de pesquisa: manejo ecológico da produção agrícola e uso, manejo e conservação da biodiversidade em ecossistemas naturais e agrícolas. Segundo o coordenador, professor Paulo Sérgio Nascimento Lopes, o programa vai trabalhar com demandas reais da pequena propriedade, gerando tecnologias para o desenvolvimento sustentável no Norte de Minas Gerais.

Como parte da metodologia adotada, a primeira turma de alunos, sob a orientação do professores da UFMG e o envolvimento de técnicos da Emater e das secretarias de Agricultura e de Meio Ambiente de Montes Claros, está realizando diagnóstico participativo, que envolve grupos locais na identificação dos principais problemas que afetam o meio ambiente e a comunidade. Em fase final, o diagnóstico aponta problemas associados ao uso e manejo do solo e da água, controle de pragas e doenças, extrativismo vegetal e saúde animal.

“A partir das questões levantadas no diagnóstico, algumas propostas de pesquisa estão sendo formatadas”, diz Nascimento, ao citar temas como manejo sustentável do extrativismo de frutíferas nativas; produção orgânica de olerícolas; cultivo orgânico de plantas medicinais; uso de plantas nativas do cerrado na alimentação de ruminantes e manejo do sistema de irrigação. Ele prevê que, a partir da conclusão das dissertações, várias atividades serão desenvolvidas com o objetivo de divulgar, na comunidade local, o resultado das pesquisas e a tecnologia gerada.

Os dois pesquisadores cubanos, cujos nomes ainda não estão definidos, vão ministrar disciplinas, auxiliar na orientação dos alunos, elaborar projetos de pesquisa e apresentar seminários. Com previsão de chegada em agosto, os cubanos – um especialista em nutrição animal e outro em produção orgânica – permanecerão em Montes Claros de três a cinco meses e trazem de seu país a experiência de pesquisas no melhoramento de variedades forrageiras adaptadas às condições de sequeiro, nutrição animal, controle ecológico de pragas e doenças, adubação verde e orgânica.